sábado, 20 de agosto de 2011

à loucura


mas se for loucura livre, se for de pés descalços. a loucura urbana é sem sentido. engraçado, se aprende no ônibus e no trem mais do que se poderia dentro do seu próprio carro. só sair de si um pouco e procurar a verdade de cada um a sua volta, cada vida espremida, omissa, reprimida, assim como você, eu, nós, que vai pro seu trabalho todo dia sem saber se é bom ou se é ruim

as pessoas estão loucas; loucas e doentes. é fácil perceber - e sinto que, quando/se caírem em si, se sentirão imensamente ridículas. o que faz alguém acreditar, de fato, que somos sortudos por estarmos em São Paulo, e que esse é o centro do Brasil no que diz respeito à cultura e a tudo o mais que há? A cultura está em tudo, qualquer produção nacional é cultura brasileira, oras! como desmerecer o frevo, o funk, o vanerão, o cordel? cultura, aqui, virou teatro e cinema e só. uma dita 'elite intelectual' dita as regras do que é som de pobre e o que é som de gente distinta. aqui tem gente presa, enclausurada numa idéia fechada de cidade que, no fim, consome o nosso tempo e toma nossa vida, fazendo-nos apertar parafusos todo dia, todo dia a gente faz tudo sempre igual e, no fim do mês, quando cai o salário, a gente tem a ilusória sensação de que valeu a pena. pagaram pelo nosso tempo, pelo tempo que podíamos estar com nossos filhos, irmãos, amigos, companheiros de jornada, olhando para céus bonitos, sentindo sons de passarinhos, ouvindo música boa pra alma, seja ela qual for. não me parece válido se contentar com a cidade porque se tem 'tudo' - leia-se: possibilidade de encontrar qualquer coisa pra fazer às 3 da manhã porque se vive imerso numa profunda solidão que nem mesmo nos deixa dormir...

quando é que a gente vai se dar conta, de fato, que a natureza é necessária e urgente pra gente saber das coisas mais bonitas e sutis? pra quando fica a consciência de que não é preciso matar a natureza pra sobreviver, nem perder o tempo-vida em prol de um meio de produção fadado ao fracasso, se não dele próprio, dos subsídios da Terra?

gente... só pensar. a conclusão é uma e única: aqui tá precisando de mudança...

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