Mas os homens trabalha sob engano. O que o homem tem de melhor logo se mistura à terra para se transformar em adubo. Por um destino ilusório, geralmente chamado de necessidade, eles se dedicam, como diz um velho livro, a acumular tesouros que serão roídos pelas traças e pela ferrugem e roubados pelos ladrões. É uma vida de tolo, como vão descobrir quando chegarem ao final dela, ou talvez antes.
Na verdade, quem trabalha não tem tempo livre para uma autêntica integridade dia a dia;
As mais finas qualidades de nossa natureza, como a pele aveludada dos frutos, só podem ser preservadas com o mais delicado manuseio. E no entanto não usamos desses cuidados, nem conosco, nem com os outros.
E assim vivendo, e assim morrendo, e sendo enterrados por causa de cobre alheio; sempre prometendo pagar, prometendo pagar, amanhã, e morrendo hoje, endividados; tentando conseguir favores, arranjar clientes, de mil maneiras, exceto crimes que deem cadeia; mentindo, bajulando, agradando, contraindo-se numa casca de civilidade ou expandindo-se numa atmosfera de tênue e vaporosa generosidade, para convencer o vizinho que lhes deixe fazer seus sapatos, ou o chapéu, ou o casaco, ou o frete, ou lhe importar produtos; adoecendo para economizar alguma coisa para uma futura doença, alguma coisa para guardar num baú velho, ou num pé de meia escondido entre os vãos de massa da parede ou, em mais segurança, entre os tijolos do prédio de um banco; não importa onde, não importa se muito ou pouco.
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