sábado, 2 de agosto de 2014

do chá com música


olha, quando meu amigo que pra-onde-vai-eu-também-vou me disse, certa vez, sobre o tomar-chá, eu entendi. mas não compreendi. ora, como poderia uma xícara de folhas e água quente ser mais interessante que qualquer vontade outra que se tenha de uma pessoa?
dei então trabalho para o tempo, encarregado que ficou de me mostrar sobre a sabedoria dessa constatação.
sim. o coração bate dum jeito completamente diferente quando se passa um tempo que não passa em minutos ao lado de alguém que faz um bem que por nada se trocaria, pra lugar nenhum se transportaria, e paixão nenhuma, por mais brusca e por mais avassaladora que seja, chega aos pés do não ter vontade de nada. do ser. do ouvir o outro, prestar atenção, sentir um som que não se sabe, sem olhar no relógio e, o mais importante: não sentindo vontade alguma de fazer absolutamente nada que não seja apenas estar ali, com aquela companhia, naquele lugar, naquela hora.
faz questionar, então: e os sentidos que pulsaram por esses tempos? foram reais? ilusão? babaquice?
bom, resposta é difícil ter. mas, vendo daqui, vendo do meu reduto, do meu lar-de-coração, prestes a sair pela manhã pra aldeia das minhas melhores lembranças, vejo que sim, foram reais. todas reais. cada vez que ascendi e explodi em teias desconhecidas, pra viver um pulsar sem precedentes, eu fui plenamente real. os passantes foram reais também. mas foram efêmeros, foram explosão que invade, machuca e passa. se é - e sendo! - fato que atraímos o que vibramos, que bom que sei que agora vibro isso, vibro bons dias e boas noites com passantes que, ainda que tenham vindo pra durar aquilo ali que duraram, me ajudaram a ver coisas que, sozinha, ficaria bem mais complicado. talvez levasse mais décadas.

agora pareço ver mais de perto que existe o válido mesmo nesse mundo louco, que tem olhos que ainda me fazem pensar, no fundo, claro, bem no fundo, porque tenho um casco enorme de rudez, acreditar

gratidão, Universo, por me trazer algo que o tempo não consegue contar.

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