quarta-feira, 19 de novembro de 2014

do que se perde quando se pára de olhar


com o tempo, paramos de olhar às vezes. deixamos o olhar ofuscado, como se um véu houvesse. e, de tão perto, as letras embaralham e a gente já não vê mais. só que, embora não possamos ver, tem beleza tanta ali. tem beleza de tempo corrido, de tempo presente, de tempo por-vir. a cidade e o amontoado de gente e nós mesmos nos fazemos não ver. nos fazemos sobretudo não ser.

e daí, quando não somos, é fácil se ver no meio do mundo sem saber ao menos porque viramos à direita.

os caminhos: que eles não sejam mecânicos; as pessoas: que elas não sejam um link. 

afastemos um pouco a página do livro, senão embaralha mesmo.

que nada seja uma obrigação, que as frases sejam sempre renovadoras. 

e os ares, eles nunca se repetem. pode ser a mesma pessoa, mas não é. pode parecer o mesmo toque, mas não é. é bom parar de pensar um pouco, daí des-estranha, tenta! sim, tento. e aí então, dali pra frente, pode ser um bom afastamento. se afastar do que o passado fez parecer.

perde-se ao parar de olhar. é preciso trocar a lente, será? 

faz assim:

olha novamente pra ele.
olha mais uma vez pra ela.

só que antes...

olha mais uma vez pra ti mesmo!


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