quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

da amputação



um membro-fantasma. o cérebro-coração-alma-apego-desejo-sentido ainda manda estímulo pra que a gente se mova, peça favor, encontre na rua pra tomar um café despretensioso, cozinhe junto, se esbarre pela casa querendo abraçar.

caramba, amputar é processo difícil. o mais fácil talvez seja arrancar o membro. ou perdê-lo. é abrupto, não há nada que se possa fazer, as circunstâncias mudam antes que a gente decida se concorda ou não. e ponto final.

mas aí sim começa a amputação, já sem a parte. agora é entender o que houve. aceitar fica pra depois, porque é duro trabalhar aceitação, é capítulo avançado da cartilha. enquanto se tenta entender, tem-se as ordens mentais, emocionais e físicas pra que se continue sendo exatamente o mesmo de antes da amputação. quero mexer a perna, dobrar, andar, pular, mas não tem mais como. não do jeito como era antes. os caminhos mudam com o tempo...

entender que se está sem a parte. com os movimentos limitados, ainda assim conseguir seguir, em movimentos novos.

aceitar.

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