domingo, 31 de maio de 2015

do outro


o outro pode ser um espelho bom
o outro é a medida que temos pra nos enxergarmos

mas, algumas vezes, o outro é o estranho mesmo
é o que não nos vê - só olha

e o outro também teima em não ver lado bom algum em você porque tem feridas também, feridas dessas que você não entende, que você acha que passaria por cima com resiliência, mas que o outro não conseguiu, não quis, não deu, e essa é a história

aí você já deixa de se importar, não porque não se importe, mas porque não tem mais energia

às vezes é preciso simplesmente abrir mão. faz bem e dá leveza entender que, em certos casos, seja pelas feridas passadas, seja pela circunstância atual, não adianta fazer absolutamente nada: por mais que você dê o seu melhor, e tente, e fale, e berre, o outro não vai ver e não vai e pronto!

então nessa hora é melhor mesmo você destentar - o que não significa que você não queira mais que tudo fique bem. é que às vezes, por mais que a gente queira deixar pro passado o que lhe é próprio e seguir, há os outros, na mesma avenida, no mesmo lugar, estancados, parados, teimando em lembrar só do que foi ruim

e ainda que a gente queira devolver as tristezas jogadas, acho que o digno é não devolver, não

essa escolha dói um pouco, aceitar ainda é dolorido no mundo do nosso ego

mas aceitar ainda é a melhor saída e, doendo ainda, a que dói em menor intensidade. não aceitar parece que endurece, enrijece o nosso dia

o outro é, e ao outro deixe ser. deixe-o ser como é, não tente mudar, mesmo porque só se pode agir no nosso próprio ser. então é justo também que se pare de tentar provar qualquer coisa, e deixa o tempo, o tempo bonito correr...

porque o ataque cessa

a ferida cura

os dias passam e no fim das contas só o que vai importar é o que foi sincero e o que foi feito sem rancor

[mas não esqueça que, para o outro, o outro é você

o ataque é seu

quem não enxerga o melhor do outro pode ser que sejamos nós mesmos!

pode ser que o outro também desista da gente, não por ser um fraco, mas por ver em nós as mesmas feridas que neles nós vemos]

prefiro, ainda, manter por perto só o que me faz bem :)