segunda-feira, 25 de agosto de 2014

da condição do amor


de tanto ouvir que pra ser amor deve não haver condição, acabo acreditando nisso. sim, porque faz sentido. qual a condição exata pra que se ame alguém? ou algo? há uma razão racional pra se amar dum tamanho que o limite não cabe?

tem hora que bate uma vontade louca, imensa de simplesmente não se abrir mais e desistir do outro. só que em 5 minutos ou em duas palavras o amor re-brota, como se nunca houvesse ido embora. foi? foi nada. somos fracos diante do amor. o amor nos deixa completamente entregues: amamos, e ponto. amamos e não há porquê. o amor aparece nas pequenas coisas e até no que se vislumbra raiva, porque raiva não é, é apenas amor-ao-contrário. fere mais algo inesperado de quem se ama, assim como emociona mais algo inesperado de alguém que se ama. o amor é a chave pra fazer uma palavra destruir ou colorir.

o amor pode ser gravado. pode. pra que anos depois possamos lembrar do amor que se sentiu naquela risada, naquela voz que corrigiu a sua quando você não lembrou a letra. naquele amor que quase foi amor, mas esbarrou na paixão, esbarrou no ego, mas não deixou de ser verdadeiro por isso.

o amor também pode ser considerado incondicional porque, a rigor, não precisa de recíproca. não é preciso que o outro nos ame também. as vozes se casaram num momento da vida, e, ainda que o outro nem saiba e nem se lembre, nós amamos, e continuamos sendo vaga-lumes a voar perdidos, a admirar cada uma das percussões no outro, o outro, que ainda existe mesmo desvinculado da sua história. 

as vozes se afinavam e as segundas vozes existiam. tinha um tom de rosado e de construção nas vozes nossas e, ainda que o outro esteja longe - ou perto, sem saber -, o coração ainda bate de lembrar que o amor, esse incondicional, grita aqui de carregar suas impressões.

não há condição, meu melhor amor. amor de ponte pra cidade mais incrível que conheço. amor de dias infindos de cumplicidade. 

obrigada por me fazer lembrar, eu meio a um drama e briga sem fim, que, afinal, 'essa porra de amor é incondicional'. 

domingo, 24 de agosto de 2014

da ordem natural das coisas


por vezes nos afastamos tanto da natureza, que passamos a confundir o 'natural' com o 'comum'. o curso natural não é o comumente seguido. pra perceber o que é natural, deve-se primeiro estar também sem artifícios.

o natural vai brotando aos poucos. a semente pode ser o 'oi', o olhar sincero, o tentar, o confiar, o acreditar, o deixar entrar na nossa casa sem receio porque, afinal, a gente atrai o que vibra. se vibro bem, quais as chances de vir para mim algo que assim não seja?

e dá início, então. o bem entra e ele se instala devagar. o amor não tem costume de vir avassalador, de supetão, não. assim podem vir outras coisas, boas também de se viver, mas o amor é tão calminho... calmo sem ser enjoativo; calmo sem ser chato e entendiante; calmo, simplesmente. não atropela as etapas.

vem vindo, vindo... geralmente o amor brota mesmo. ele não vem no bater de olhos. no bater de olhos pode ser que venha a afinidade. a vontade, a boa conversa, o encanto. são pequenas coisas. brota e vai crescendo, se rega com palavras doces, com visitas inesperadas quando se diz que está triste, com pequenas surpresas bobas, que às vezes até deixamos passar, sem nos dar conta de que estamos alimentando de luz e água a semente. 

há que se esperar. nada se pode fazer, não tem como o natural ser diferente. o natural é plantar a semente, e cuidar: caso contrário, ela não vai florir. e de cuidado em cuidado, de carinho em carinho, se tem de repente uma planta brotando, e há botões, tão novos, que se olha e vê que serão lindos, e já são lindos, e precisam de mais cuidado, cuidado sem fim. 

daí se cuida mais, se entrega, se deixa ir sem pressa. se inventa tempo pra cuidar. se cria dia e se troca a noite, se instala o outro nos seus olhos para poder compartilhar o que se vê e sente, todo tempo.
nisso a planta vai florir, vai agradar aos olhos e também à alma. 

para quem chega e simplesmente vê a flor? a vê ali, florida, linda. agrada, claro. mas, para esse que apenas quer ver a flor bonita dando cores ao dia, serve que seja uma flor de plástico. por vezes, esse nem mesmo sabe diferenciar, e dirá até que prefere a de plástico, afinal, não requer tanto cuidado e surte o mesmo efeito visual.

efeito visual. será essa a questão? é comum enfeitar com flores de plástico. é fácil. é cômodo. e pros olhos dos desatentos é a mesmíssima coisa. aos desatentos, a flor real e a de plástico têm o mesmo resultado, mas a real requer recursos. requer que se entregue e doe.

ao desatento, o sentido da flor real não se verifica. é custoso. é trabalhoso. pra quê?

mas, ah, àquele que a cuidou, que a amou de água e luz, o sentido está além. não é apenas uma flor bonita que enfeita a casa: é um pedaço seu também, é parte do cuidado oferecido, é a vida se abrindo em bem.

o cuidado foi pra flor aparecer? e depois que ela aparece, alguns desavisados podem se dar por satisfeitos e simplesmente olhá-la e dizer: "tarefa cumprida!". será? cumpriu-se?

o bom cultivador se mantém cuidando. a flor irá brotar diversas vezes, ano após ano, enfeitando a vista e os sentidos. cuidado e carinho não têm fim. se renovam, como se renova a flor, ela volta, setembro nos diz.

há ainda que se ficar atento à que flor fora essa escolhida pra cultivar. sim, pois cada uma delas tem sua especificidade: umas precisam de sombra pra florir, outras de claridade; umas têm necessidade de água diariamente, enquanto outras bem sobrevivem com bem menos água. é preciso conhecer o objeto do nosso cuidado, do nosso amor. amor é também conhecimento.

sem palavras e sem tempo pra quando se descobre que ainda existe quem acredite na ordem natural das coisas.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

meu paraíso é onde estou


se entende ter presente todo dia? se entende um atrás do outro, como se pra alegrar os quase-28?

presentes de ir e vir em ruas novas, ainda que escuras e nada feitas para se andar, tem árvores e pássaros e vida de natureza.

presentes de encontrar pessoas no caminho, de desencontrar do que não é pra ser, de virar esquinas novas, e de produzir.

presente de produzir. presente de ver rostos felizes pensando, questionando, descobrindo que dentro de nós mora sempre dons, talentos, gostos mil!

presente de contatos novos, carinhos novos, carinhos desses que eu não sou muito afeita mas que, já vi, preciso me abrir. abrir o coração, e simplesmente ser simples, desse jeito que é complicado mesmo.

presente de ser bem vista, bem reconhecida, por mim mas não só, e por isso ter motivo maior ainda de seguir bem-fazendo tudo aquilo em que me debruço.

presente da perspectiva, esse presente, sem precedentes, de saber que o motor está certo e que agora é seguir no trilho, com sorrir, porque já vislumbro e vivo a paz, e é preciso paz pra poder sorrir. pelo menos a paz. imprescindível.

presente de amigos novos mas que não são novos não, são olhares novos, sorrisos largos, vontade de estar perto, sons sinceros, de risadas e gargalhadas que agradam sentir.

presente de entender que quem foi deveria mesmo ter ido e quem ficou é o que importa. presente de deixar pra lá o que não interessa. presente de ser quem se é e sem medo, sem julgamento, sem "quereres" em vão.

presente de voltar - que volta? se não há coisa assim? volto não, pois vim outra. sou eu com o toque da praia que veio em mim, praia sendo o calmo, o que é brisa, o que é dentro, o que é a descoberta de que tenho o dom de viver em qualquer lugar, mesmo quando o medo vem e a noite é fria.

presente. o meu paraíso é onde estou.

sábado, 9 de agosto de 2014

dos dedos róseos da manhã e da tarde



tinge-se o céu dum tom en-roseado, desses capazes de alegrar meu mundo. 
de anúncio que dia vai e que dia vem. que tem-se horas todas pra se preencher com amor e sorrisos.
desde cedinho horas pra se viver!

belo saber que se pode construir um dia! do início ao fim, depende da gente.
belo o ir-e-vir que repete sem ser o mesmo, que nos faz senhores do tempo.

eu construo belas vistas
crio sorrisos largos

hoje pela primeira vez em tempos eu dancei.
e dancei bem dançado, que é como se dança quem quer verdadeiramente dançar. e pra isso tem passo não, tem jeito-certo não.
senti cores, senti amizades já com anos de estrada criando ainda pés-na-estrada, planejando dias bons, e sobretudo vivendo dias bons!

senti saudades também, tantas que até quis saber a distância exata entre tua cidade a minha. 1447 km. caramba, longe. a soma inclusive dá um número cabalístico. e isso me lembra ainda que há tempos não mexo nos números.

a vida vem lá de longe, e é como se fosse um rio: pra rio pequeno, canoa; pros grandes rios, navios. sinto que podia mesmo ter sido um navio, mas foco no que foi: canoinha daquela dos indiozinhos, acho que nem canoa, e sim bote. fora um bote - bote mesmo foi o que levei de mim mesma por agir com meus ascendente sem mal pensar...

pensei em mil coisas pra dizer e jeitos de aparecer também.

mas os dedos róseos da manhã e da tardinha ainda me fazem ver que nada disso importa... toda e qualquer coisa é pequena perto disso!













sábado, 2 de agosto de 2014

do chá com música


olha, quando meu amigo que pra-onde-vai-eu-também-vou me disse, certa vez, sobre o tomar-chá, eu entendi. mas não compreendi. ora, como poderia uma xícara de folhas e água quente ser mais interessante que qualquer vontade outra que se tenha de uma pessoa?
dei então trabalho para o tempo, encarregado que ficou de me mostrar sobre a sabedoria dessa constatação.
sim. o coração bate dum jeito completamente diferente quando se passa um tempo que não passa em minutos ao lado de alguém que faz um bem que por nada se trocaria, pra lugar nenhum se transportaria, e paixão nenhuma, por mais brusca e por mais avassaladora que seja, chega aos pés do não ter vontade de nada. do ser. do ouvir o outro, prestar atenção, sentir um som que não se sabe, sem olhar no relógio e, o mais importante: não sentindo vontade alguma de fazer absolutamente nada que não seja apenas estar ali, com aquela companhia, naquele lugar, naquela hora.
faz questionar, então: e os sentidos que pulsaram por esses tempos? foram reais? ilusão? babaquice?
bom, resposta é difícil ter. mas, vendo daqui, vendo do meu reduto, do meu lar-de-coração, prestes a sair pela manhã pra aldeia das minhas melhores lembranças, vejo que sim, foram reais. todas reais. cada vez que ascendi e explodi em teias desconhecidas, pra viver um pulsar sem precedentes, eu fui plenamente real. os passantes foram reais também. mas foram efêmeros, foram explosão que invade, machuca e passa. se é - e sendo! - fato que atraímos o que vibramos, que bom que sei que agora vibro isso, vibro bons dias e boas noites com passantes que, ainda que tenham vindo pra durar aquilo ali que duraram, me ajudaram a ver coisas que, sozinha, ficaria bem mais complicado. talvez levasse mais décadas.

agora pareço ver mais de perto que existe o válido mesmo nesse mundo louco, que tem olhos que ainda me fazem pensar, no fundo, claro, bem no fundo, porque tenho um casco enorme de rudez, acreditar

gratidão, Universo, por me trazer algo que o tempo não consegue contar.