segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Sol de Primavera

Eu tenho insônia daquelas do mal. Nessa madrugada, vi comercial de "Constantine", assisti um filme nacional bem esquisito, traduzi Platão, pensei em diversas roupas para ir no show do Exaltasamba hoje à noite e tentei encontrar algo interessante para escrever. Encontrei meio sem querer...
Simplesmente AMO o cheiro das manhãs. O frescor de quando o sol ainda está tímido, só clareando um tiquinho... Fui lá fora, no portão, buscar um envelope, e senti esse gostinho do qual sinto tanta falta, e era tão familiar quando eu saía de manhã. Sinto falta também de sair de manhã, bem cedinho... Dá uma cara de vida à vida sentir as primeiras horas do dia!

Eu sou criatura das manhãs, segundo um sábio que me conheceu. E agora tem um passarinho lindo, lindo cantando pra mim, dizendo que meu dia vai ser bom, que no caminho só haverá sorrisos, boas revelações, sorrisos, cantorias... ah, que saudade de cantorias que eu tinha! Agora talvez ele cante justamente me alertando: "Cante, Bruna, cante! Não desanime sua voz!". Desanimar parece mais fácil às vezes, mas ele continua cantando aqui.

Um amigo me ensinou, certa vez, a ouvir os passarinhos e distinguir os cantos, e isso eu aprendi bem e agora faço sempre, toda vez que saio ao quintal, toda vez que um pássaro se debruça na minha janela pra fazer companhia a uma menina de casa pequenina.

05:59. Agora amanheceu.
Não tem sol hoje. Mas eu o faço. Isso porque, a despeito de tudo, a luz vem sempre de dentro, e mesmo com nuvens de lágrimas sobre os meus olhos o dia é iluminado: porque me preencho se sozinha, porque tenho companhias eternas, porque mesmo a um passo pequeno de me esvair eu vejo a vida com as cores de flores e sol de primavera!

Abre a janela do teu peito!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

se é pra falar de amor...

Estou solteira. absolutamente. Solteira no sentido de totalmente-solteira. Não tenho nem mesmo paixonite, não tenho em quem pensar, não tenho nem mesmo pretensão de pensar em alguém.
Pois bem: o mais engraçado disso tudo é que às vezes nem me sinto no direito de estar tão livre. Sim, porque todos que estão solteiros estão em busca de alguém, observando, esperando, enfim, a hora de dar o bote e tentar novamente se apaixonar e todos os blá-blá-blás sequenciais. Não que eu não tenha por aí possibilidades: sempre há. Mas não há necessidade alguma de se estar sempre à procura. E todos estão, é fato. Basta pensar nos amigos solteiros que tenho. A solteirice é como uma fase suspensa entre um relacionamento e outro.

Eu tenho amores no peito ainda, desses que eu não quero que voltem, mas pulsam. A solteirice, pra mim, está sendo o período de esperar passar, me curar dessas feridas ainda muito abertas - sim, abertas, e dói confessar!! -, pra que alguém possa surgir na hora que for, e me encontrar limpa de outras pessoas. Está demorando, machuca bastante ainda, me tira o sono, me faz levantar às 4 da manhã e fazer café, me faz também ter ciência de que toda decisão que tomei na vida foi errada. Mas tempo, tempo...

Eu quero amores novos com cheiro de café - porque meus últimos todos tiveram cheirinho confortável! -, quero pagodes e sertanejos e salsas e boleros e tantas outras músicas. Mas quero tanto, tanto estar bem, estar completa comigo mesma, com os dois pés firmes. Se eu pudesse, arrancava sentimentos passados de mim JÁ. Mas não dá, então o jeito é esperar, com as medidas paleativas e sempre, sempre os amigos, aqueles desde-sempre-e-para-sempre que te apresentam lugares novos só por existirem.

Se é pra falar de amor, eu sou mesmo assim
Descomplicada, uma completa exagerada do início até o fim
Se é pra falar de amor, não tenho preconceito
Apaixonada, sem limite, alucinada, eu sou desse jeito...

Às vezes o problema é justamente esse...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

viajando na estrada do interior


a vida é uma loucura boa, ainda mais quando se sabe tão finito. eu me sei mortal há alguns dias, de uma forma mais intensa do que antes. e agora eu também choro mais, sou mais fraca, mais leve, e levo tudo mais a termo.

bom, de todo modo, viajemos todos! sempre, muito, quanto for, para qualquer lugar novo! nos dias cinzas que me têm acordado, ao lado de grandes amigos eu pude conhecer tantos lugares novos, desde a 25 de Março, passando por Poá e Ferraz de Vasconcelos até Paranapiacaba e estradas pro interior que são piadas internas. nesses lugares, eu certamente deixei a minha alma em partes, eu vi pessoas tão diferentes, senti calor de graus inacabáveis, tomei banho de rio, peguei pedras, andei por entre casinhas muito antigas e tirei fotos em tanques e poços.

mas O QUE MAIS SE PODE QUERER NA VIDA? sabe, a felicidade é tão ingênua, pequenina, ela passa por mim como quem não quer nada em atos simples, e me deixa: com essa mesma leveza com que veio, se vai. se esvai, na verdade. eu não reclamo mais, mesmo porque a rigor tenho vivido bons momentos que se mesclam com notícias não tão boas. essa alegria que me rodeia durante certos instantes se perpetua na memória e a ela eu me apego, sigo e olho pra frente, pra ruas estreitas e com um quê de tédio, pra trilhas de rios bonitos, pra estradas douradas - que penso em revisitar muito, muito em breve, antes que o mundo consiga o que vem teimando comigo.

não há nada, nada no mundo que compense a visão do novo.