quarta-feira, 24 de julho de 2013

do aprender


com uma fada, uma moça de filmes renascentistas e beleza enquadrada, como se saída duma história contada. de risada doce, de gestos certos e movimentos leves, caramba, como me ensinou sem querer só andando, só passando...

com olhares doces de países distantes, de moços com algo especial no silêncio e na tentativa, que não se vê na rua, que se encontra sem acaso e se pode extrair na doçura do sorriso, na arte de utilizar o espaço e sair dele apenas após deixá-lo alvo.

com uma sutileza de andar vagaroso, de falar macio, de carinho em tudo que diz e faz.

com o ser forte de presença, de energia solta ou concentrada, não deu pra saber ainda.

com o reencontro, com a descoberta de afinidades que vêm dum dentro tão íntimo, e pôde se mostrar, ah, que bom, que sorte ter me jogado sua corda, e que bom que ali do alto da torre, no eufemismo mais sutil que eu jamais construiria em palavras, eu também joguei as tranças de rapunzel e permitimo-nos conversas, sonhos, lembranças e risadas - sobretudo as risadas!

com alegrias de comentários puros e do saber que há homem-menino e mulher-menina, e que eles casam-se, bailarina e soldado de chumbo.

com o que incomoda, o que tolhe, o que nos faz ver aquilo que temos - afinal, fácil perceber que o que nos causa incômodo no outro nunca está no outro, mas sempre dentro de nós.

com o que destoa, a aceitar. aceitar o tempo, aceitar o equilíbrio, aceitar que muitas vezes se pode aprender pelo viés contrário.

com o outro, distinto, com a coragem de quem consegue abrir mão do que já foi e construir uma vida de andar, vida nova num momento em que a maioria de nós desistiria.

a respirar, a renunciar ao ego, à personalidade, à opinião.

com último sorriso bonito que colore a viagem de volta.


grata a cada ser ali que me pôde ensinar a viver, a ser uma família, com seus ônus e bônus. dias que são parte de mim dum jeito que jamais seria possível passar pra palavras. viver ao lado de pessoas, humanas, com tudo que se pode depreender do que é ser humano. ser humano é ser falho, passível de erros e repleto de acertos que dissolvem tudo. cada um de nós carregando nossa experiência em cada atitude - como se ver alguém cozinhar ou limpar o chão revelasse diversas histórias de seu livro e pudesse dizer muito sobre quem ele é.

se percebe o amor num lavar de pratos. se percebe o amor num café feito com cardamomo e canela. se percebe amor ao juntar comidas e fazer delas todas uma bela-outra-coisa. como se deve fazer na vida: juntar o que se tem e realizar, fazer brotar, dar cor, dar aroma, dar sabor.

no doar-se, dá pra notar que cortar um pepino ou morangos em quadradinhos, levar uma bandeja à mesa ou mexer um tacho de goiabada não são o que são, absolutamente. são oportunidades. dessa que se tem todo dia pra equilibrar nossa humanidade, deixar a essência vir à tona, essa essência que todos temos mas começamos a esquecer na hora do nascimento.

volto outra, com mais vida, com a soma de cada um de vocês, bonitos, ali na janela, desejando boa viagem, que foi boa, que está sendo boa, que não acaba. e agora pra onde for eu levo vocês no coração.

obrigada.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

just in case...

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eu amo você demais. caramba. acho que nem eu sabia o quanto.

to no interior do mundo. no meio do nada. onde to tem só eu e deus e deus e eu.

vi umas fotos nossas e pude ver claramente como tem eu em voce e como tem voce em mim.

me desculpe por qualquer idiotice minha. a qualquer tempo. é que sou humana e isso implica necessariamente em erros e babaquices. de todo modo, pra voce eu sempre fui o meu melhor. ainda que esse melhor nao pudesse corresponder a nada que você quisesse.

obrigada por ser minha princesa. por ter me visto de camiseta do nirvana, por ter pulado elástico, por ter ido comigo e com meu pai à galeria do rock, por ter me contado de fichário de frajola na mão que tinha dado o primeiro beijo lá no bloco 16 apto 42. obrigada pelas andanças e pelo vasinho na perna daquele dia de guitarra nas costas e vinho em lata.

eu amo você demais.

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minha linda

as flores todas são suas. e sempre serão.

não importa quantas coisas acontecerem nem quantos anos passarem, eu estarei sempre aqui - seja onde for o meu "aqui" - pra te ouvir, te falar, te amar de todo jeito.

você apareceu como uma cor forte e sem precedentes na minha vida, e eu te amo desde lá. obrigada por ser quem você é, com cada coisinha sua, cada trejeito que me faz ser sua fã, e te ver dançar e admirar, e te ver viver e sorrir.

cada vez que tiver dúvida, qualquer dúvida sobre quem você é, olhe pra dentro de você e seja exatamente assim como é você, minha flor, e sorria, porque está aí tua alma.

eu sei lá que raio de pessoa eu tenho sido pra te magoar, mas te peço apenas que tente entender meu jeito bobo e que saiba que te amo tanto, tanto, e que minha vida jamais seria como é se você não tivesse enfeitado todos os dias que tive desde fevereiro de 2005.

perdoa as falhas, porque elas existem e sempre vão existir. vou falhar com você ainda, eu suponho. porque a vida é tentativa: é acerto e erro, um depois do outro. sempre assim.

amo você dum tanto que nem eu e nem você imaginamos.

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você é linda cada vez que dá um sorriso sincero e diz que está feliz.

você é linda quando me acorda perplexa com a beleza toda do nascer do sol na ponte que nos leva a florianópolis.

você é linda cada vez que fotografa o mundo com seus olhos, e seus olhos, saiba, muito querem dizer para quem verdadeiramente quer te conhecer.

você é linda quando tem tanto de seu pai, mas mostra que tem mais de sua mãe. não que teu pai seja menos, mas é tua mãe que te guia, e que deve te guiar. é ela teu lado moça, menina, flor, linda que eu amo.

você é linda nas trilhas, no mar, na água, na redenção.

renda-se, minha flor de lírio. você viaja comigo mesmo quando estou cá no serrado e você está nalgum lugar aí, que eu nem sei.

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sou eu você. só tenho obrigadas...

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você chorando estragando meu vídeo de amor de índio.

você sendo meu amor de índio.

eu agradeço todo dia sem querer por você ter cruzado meu caminho. porque você sendo me ensinou muito mais que você falando. você é uma bela melodia, ainda que não seja um músico, ainda que não saiba uma nota sequer.

você andando no mato, você sentindo as pedras nos seus pés.

obrigada pelo choro na música.

obrigada pela vida, você.

ainda que eu te ache um idiota, eu te gosto. e todo amor deve vira um gostar leve, pra não tornar o mundo cruel demais.

eu nunca vou te dizer uma palavra sequer do que escrevi aqui.h

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obrigada por cada pedacinho de amor que eu consigo sentir mesmo quando só te imagino, porque nem preciso te ver. você me amou da melhor maneira que pôde, e ainda o faz, mesmo que eu agora esteja tão, tão longe. você sempre será o meu casal, o meu parceiro, minha amizade-com-amor inseparável.

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ah.. tem palavra nenhuma no mundo não. no mais, terei sempre seu amor guardado num lugar chamado OZ.

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minha alma-gêmea. lindo você, lindos nós. linda a minha juventude com você. sorte na vida te ter te reencontrado.

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não sei. só sei que foi assim... infelizmente eu me encantei babacamente por você e agradeço por saber que isso vai passar. e hoje foi o dia que escolhi pra fechar a porta.

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foi a música mais bonita.



sexta-feira, 5 de julho de 2013

do se arrepender pela metade



algumas situações nos fazem QUERER sentir arrependimento. afinal, não era pra ser assim. era pra ter tido mais NÃOS, mais força, menos entrega a algo que já se bem sabe falso e falho. 

o mais estranho é não sentir arrependimento absolutamente. 

seria bom se viesse o arrependimento, porque daí seria sinal de que sei quem sou, me conheço e continuo sendo do jeito que acho que sempre fui. mas, como já me disse uma princesa de flores, eu sou uma metamorfose que prefere ser assim do que ter aquele velha opinião...

mudança, será? de conseguir entender que nem tudo que se faz precisa dum motivo racional ou duma explicação que abarque o fato todo. 

de entendimento que não se pode não fazer algo pelo simples fato de que não se sabe o que é. porque se aprende nesses lapsos de mente. quando alguma emoção seja qual for te faz abrir mão de ser tão arredio, ou calculista, ou sério, ou certo, ou moral.

breve a loucura prum tão longo arrependimento

mentira.


quarta-feira, 3 de julho de 2013

do bom proveito


certamente parte de que há de mais complicada na vida é saber, de fato, qual o valor de cada coisa.

o valor do nosso corpo, da nossa emoção, do nosso pensamento. talvez se descobríssemos o valor, atribuiríamos alguma qualidade....

a qualidade da mente, de certa maneira, influencia diretamente a qualidade da emoção e do físico - muito embora não determine.

o tempo não existe dessa forma dividida, em minutos, anos, segundos, milênios, como um objeto, ou um objetivo. mas é inegável que vivemos, ora, e que há deslize, há eventos. tempo é vida. dar metade do dia a uma atividade mecânica é desamar a vida. desgastar-se por anos em algo que não ensina nem agrega é desrespeitar e limitar as próprias experiências. o tempo/a vida e a maneira como ele é usado determina, sim, a qualidade de nossa mente, emoção e corpo, e nos proporciona uma gama determinada de experiências. 

de certa maneira, escolhemos as experiências pelas quais vamos passar. nossa mente recebe informações, as concatena, emaranha, enraíza de tal modo que nos desencadeia uma emoção condizente com a forma como recebemos tais informações. a chuva não é o que é - embora seja. ela é, mas é revista dentro de cada um que a sente. pode-se sentir chover e blasfemar, porém pode-se sentir chover e se alegrar, encarando isso como um fato imutável e aceitando que, naquela hora, deve-se dançar na chuva pra receber o sol quando voltar. bom, o importante é a compreensão leve de que determinamos muitas das situações que nos acometem. vibramos energias, sensações, que atraem fatos naquela frequência.

daí já parece mais claro o quadro: o caminho que escolhemos nos faz restringir as experiências. claro que, se algo for realmente necessário ser vivido, o Universo dará um jeito de trazer a nós. mas, se restringirmos muito nossa vida, certamente será bem mais complicado adquirir experiência.

pensei por esses dias como é a realidade paralela em que eu ainda trabalho no banco, ou que segui como secretária de executivo babão. como sou lá? será que sou feliz? talvez seja, sim, de felicidade aparente, daquelas que finge tão bem que chega a fingir que é a dor a dor que deveras sente. talvez viva num mundo de aparência sem saber, talvez esteja com véu lá. talvez tenha percebido só um pouquinho depois... mas tem uma realidade em que eu li, escrito na estante de caneta preta, que a vida estava pra cá da internet e lá mesmo abri os olhos e passei a viver. 

e se eu tivesse feito outras escolhas? a história não é feita de 'se', ela é o que é, foi o que foi e pronto. aceito. mas não me furto a ter lapsos de de pergunta besta e de visualizar uma bruna ao longe, de chapéu de ponta, à la machado. 

se hoje trabalhasse num banco ou numa empresa, reduziria minha possibilidade de andar absurdamente. não teria as melhores viagens, as melhores andanças, o tombo na cachoeira, a noite mal dormida, o sono na praia, as praias e tantas praias, os mercadinhos, os encontros fortuitos [que de fortuitos não têm nada nunca], as pessoas mil que tornaram um dia mais bonito, uma paisagem mais festiva. pessoas que só cruzaram 10 minutos meus, contaram uma história que me lembro como se fosse a minha própria vida, de tanto que ensinou. 

ser viajante pode ser um sonho utópico, pode ser tipicamente irresponsável e inconsequentemente infantil. mas tenho notado que sou sonhadora, utópica, irresponsável, inconsequente e infantil. uma maçã e uma garrafa de água na bolsa, uma estrada nos pés: parece que isso que me basta. uma noite de sono pode ser dormida em qualquer canto, ela é uma noite, afinal. os caminhos, são tantos, eles precisam ser percorridos, e eu tenho pressa, pressa de viver! ter pressa não é passar rápido, nessa pressa que se vê de chegar n'algum lugar: é pressa no sentido de não perder segundos - embora eles não existam -, fazer as experiências virem, em outros céus, em outros solos, pra lá, sem parar, sem fim.


terça-feira, 2 de julho de 2013

do tempo


quando nos damos conta de que o tempo não existe, parece tão óbvio que dá até aquela sensação: "caramba, como não descobri isso antes?"

costuma-se olhar pro passado e ver um "eu" com outras roupas, outros amigos, outra estrada sendo percorrida. outra face, outro corpo. aquilo vira um ente, algo em si, sendo que basta observar um pé-de-planta pra se dar conta de que a semente não existe em lugar nenhum do passado: ela está ali, no presente, como planta. como o que é. porque não existe linha do tempo. existe o que existe. existe o rosto que se vê, o corpo que se tem, a luz do dia ou da lua, o que está.

talvez se há um ano eu soubesse disso não teria pedido pro mundo acabar pra eu poder sair de onde estava.  mas teve de ser da maneira como foi. pra que houvesse depois a compreensão. mas 'antes', 'depois', tem isso não!

toda e qualquer preocupação reside no 'antes' ou no 'depois'. se me perguntar: "AGORA, que problema eu tenho? que preocupação tenho?", é fácil perceber que  provavelmente não há questão nenhuma pra ser remoída no momento presente. se há, tem de agir ao invés de pensar! afinal, há só dois tipos de situações na vida: as que dependem de nós e as que não dependem de nós; estas, por não dependerem de nós, devem ser deixadas de lado a cargo de quem possa resolvê-las; já aquelas, sobre as quais devemos e podemos agir, basta agir, sem preocupações, sem gasto inútil de energia da mente.

é que temos essa impressão de que na mente se pode resolver as questões. dái vamos, voltamos, fazemos conjecturas, estabelecemos diálogos fictícios, lembramos e relembramos o que já foi. e não vai resolver nada...

não tem tempo não. 

e, pras escolhas, cada uma criaria uma realidade. e na verdade cada passo é uma escolha. poderíamos ter feito outro caminho, ter demorado um segundo a mais ou a menos pra virar à esquerda, o que determinaria se um teto desabaria na nossa cabeça ou não. sempre lembro do sorveteiro que passou embaixo do toldo da farmácia bem na hora que ele resolveu cair. era pra ser, será? de certo modo estranho, alguma escolha feita naquela manhã definiu a morte dele. será que ele levantou no exato momento que a mulher o chamou? será que ele tomou o café que ela fez com carinho pra ele ou, por estar um pouco atrasado, resolveu sair sem agradá-la (só uma mulher entende o quão prazeroso é alguém tomar nosso café! é um dos melhores presentes que se pode dar!)? o que será que o fez decidir ir vender sorvete na av. do rio pequeno? ou ali era caminho pra ele ir pra outro canto? nunca vou saber. e também não adiantaria muita coisa... cada realidade que poderíamos ter criado existe em algum canto do mundo das idéias. e, lá, talvez eu esteja morta, talvez eu tenha seguido alguma carreira glamourosa e não seja feliz. talvez eu nem exista. talvez eu seja uma borboleta...

era uma vez um sábio chinês que um dia sonhou que era uma borboleta, voando nos campos, pousando nas flores, vivendo assim um lindo sonho.
até que um dia acordou e pro resto da vida uma dúvida lhe acompanhou: se ele era um sábio chinês que sonhou que era uma borboleta, ou se era uma borboleta sonhando que era um sábio chinês.

para aquele homem que faz depender de si mesmo todas as coisas que conduzem à felicidade, ou disso se aproxima, e não fica na dependência de outros homens, cuja boa ou má fortuna forçaria também a sua própria sorte a oscilar, para ele a vida está disposta da melhor maneira possível. esse é o homem temperante, esse é o homem corajoso e prudente. esse homem, quando lhe sobrevierem riquezas e filhos e quando ele os perder, mais confiará no provérbio; e, por confiar em si mesmo, nem alegre nem aflito em demasia ele se mostrará.