quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

da dor



tem decisão que dói. você toma a decisão, faz o que acredita que tem de ser feito e, logo, percebe que não ouviu sua intuição: fez erro. errou rude.

bom... da lição: que não se ouviu o tanto que devia. que nosso ser sabe bem quando se deve dizer SIM e quando se deve dizer NÃO! com isso, inúmeras outras decisões à tona:

- precisava dizer o não naquele dia?
- e aquele "eu não me importo" dias antes?

o que é realmente preciso fazer?

das decisões últimas, todas babacas. todas precipitadas. todas criança-bruna agindo.


é bom ser criança, mas...

olha... às vezes eu só preciso respirar.


respirar de novo e de novo e de novo mesmo que seja enquanto escorrem lágrimas, e mesmo que seja em público, pois vergonha deveria-se ter de outras coisas e não de chorar.

o choro  carrega consigo a tristeza, o apego, o ruim. e leva, lavando, me deixando leve...

eu, hoje, precisava demais de abraços - abraços, dessa categoria de contato de que eu não gosto, com a qual não lido muito bem. hoje eu precisava que alguém cantasse: "abre a janela" só pra um abraço e fosse embora. hoje eu queria ter essa prerrogativa pra que algum amor viesse me abraçar e me deixar chorar porque, olha, chorar sozinha às vezes dói mais. dura mais. desgasta mais.

queria chorar mas o meu escudo não me deixa.

queria pedir um abraço mas eu simplesmente não consigo.


terça-feira, 16 de dezembro de 2014

dos maiores amores



se volta quando se aceita.
mas, afinal, qual a diferença entre ser equânime e displicente?

ah, simples. a gente sente. a gente sente se é displicência ou se é aceitação; se é indiferença ou liberdade.

e, olha, como se aprende com a displicência dos outros!

de conselho, caso eu possa, fica: cuide! regue as flores todas, até aquelas cujo brotinho pareceu fraquinho, coitado... às vezes sua fraqueza é fruto do nosso pouco-regar, inclusive. apenas cuide, com amor, com amor muito, com amor todo, com amor único que pode ter.

porque inevitavelmente se ama (e obrigada pela frase, vento!)

porque o amor a gente vai aprendendo com caminhadas apressadas no centro tanto quanto com belezas na natureza. o amor não tem lugar ou hora de ser, ele é e ele é, sobretudo, construído. eu construí amores dos quais hoje eu muito me orgulho, eu olho e digo: "caramba, passeia a amar você assim depois de tanto tempo". tem o meu amigo maior, o meu consolo nesse mundo, a saudade mais bonita que eu sinto, que tá longe; tem o amor que ainda está acontecendo e às vezes se confunde com outros tipos de amor mas, no fundo, é tudo amor, né?; tem o amor do que me ama mais ainda dum amor que eu talvez nunca saiba se não gerar alguém em mim; tem amores que não se explicam e que, disse esse segundo amor aqui da lista, são os melhores de todos, são os puros.

sinto uma imensa alegria de lembrar de cada amor, de cada cidade que eu amei, de cada um que pôde fazer vibrar meu coração de amor puro, de tanto sentido e sentimento e pensamento bom que, gente, cabe não!

pra bom companheiro realmente eu não digo não e, sobretudo: se for pra correr perigo, só chamar, eu vos amarei todos a toda hora e sempre que quiserem e numa condição constante de amor pra sempre.


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

da força


fez-se forte o fraco. o que houve pra força emergir?

tenho visto alguma força que na verdade é defesa.

quando foi mesmo que uma pedra no meio do caminho me endureceu?

e se eu conseguisse entender por que raios essa pedra no meio do caminho era assim tão indestrutível, tão imponente, tão rígida, exigente e inacessível?

agora sou feito pedra mesmo. parece que nada abala. parece que nada acontece. parece tão bem que eu acredito.

e se eu voltasse naquele ponto exato? ali, onde eu tropecei, onde eu passei a acreditar que não, bobagem isso de dar-se inteiro, besteira isso de acreditar em algo que não venha de dentro de mim.

* * *

ah, é. esqueci: there's no such thing as turning back.

além disso, diz que olhar pro passado dá em nada não, nem ajuda coisa alguma. 

certo. então vejamos o que pode ser feito agora. o que posso eu me dar de presente?

presenteio-me com a chance.

chancearei o mundo todo. do mais brando ao mais intenso. do mais belo ao que mais estranho.

sei que sinto ser esfriadamente cinza. como se pouco pudesse pulsar meu coração. é constatação esquisita essa, porque de certo modo é já parte dos dias ver o mundo assim.

eu não sei cuidar. nem demonstrar. orgulho, medo, receio, descrédito no outro - e em mim, desamor.

i'll spend more time lovin'...


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

do engano da lua em água



enganamo-nos na esquina, na virada surdina em que não se disse não.

enganamos no ato impensado, no abraço semi-dado, no 'ver-se-faz' bater o coração.

e, no fim, coração não bate com força não e, aí, já fica qualquer coisa que se faz tentativa e...ah... fadiga...

fadiga de tentar porque tentar é um tanto chato.

o olhar ofuscado, já vai cansado, de luz grande lhe tampando o céu

dá pra ver ainda pra além daqui? que foi mesmo que fizemos que criou a amarra - irreal a amarra?

* * *

aconselho romper-se, tremer-se todo de paixão

aconselho ainda que pouco se negue o apelo do não

e aconselho, ademais, que não seja capaz de frear sua mão


não vejo graça em gente que acha que é mansidão

nem me comporta um mundo de portas sem satisfação

* * *
ah, aliás, pouco me importa que seja do agrado o plácido

quero plácido não

quero um grito que em nada se abranda

mas fale, fale
fale o que seu coração pede que o outro fale
fale caso ache que é um disfarce ou uma pena, mas no fundo bem sabe que é contra-mão

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

dos afastamentos saturninos



o que nos faz querer estar ao lado? creio ser apenas o momento presente. toda e qualquer companhia que existe por conta de algo passado ou de conjecturas futuras se perde.

pergunte-se: por quê? se for por algo que passou, desvincule-se. se foi por algo que quer, nem mesmo vá. 

agora, e entender isso? e deixar-se livre disso?

fácil, não, quem disse? há de ser de ensinamentos que só se pode ter na casa dos 28, porque antes talvez doesse.

agora já não dói. agora os transeuntes vêm e vão sem que eu nada faça.

qualquer situação que não faça bem deve ser simplesmente retirada de nosso convívio. deixa a cargo do tempo, ele trata de tudo, trata de deixar longe ou de retornar pra perto se assim tiver de ser.

os sentidos têm de ser agora. a construção deve ser do que se tem à mão. sejamos grato, mas sem desrespeitarmos a nós mesmos, mantendo ao lado aquilo que, agora, já não tem sentido algum que se possa achar no já. sentido passado não existe. 

que nada seja obrigação.

que nada esteja numa ocasião que já não é, que não haja apego ao passado e que possamos simplesmente sair das amarras que nós mesmos criamos e sair andando, descalços, na rua...

que nada esteja num tempo que ainda não foi construído.

que tudo seja agora.

e embora eu tenha me afastado de você, eu sinto que você me ouve quando eu ouço o que você me indicou pra dormir quando eu não estava em kansas e me sentia profundamente e visceralmente sozinha, sozinha de solidão funda. porque mesmo longe e sem apego algum ou sem nem mesmo querer o contrário, cada um dos living room songs parece que me fazem bem, agora, e não antes. não é passado. é o que você foi bom em mim e agora é resultado e carinho.

words of wisdom: let it be. there will be an answer...

sábado, 22 de novembro de 2014

do real - gnossienne



se desconstrua, me desconstrua, se quebre em pedaços, tudo que parece ser real. olha, a realidade eu apenas sinto. prova de que matéria menos há do que sonhos. sinto o real se fecho o olho, se deito a alma pra dentro, se deito os olhos pro que não dá pra ver com eles.

a realidade parece boba quando a gente sonha. o sonho duma consistência bem para-além de qualquer ciência e das possibilidades do corpo. e o corpo titubeia, porque se estranha em mim. porque não o sou. sou além: seja mais, seja menos, não somos o espelho. somos algo que talvez em nada se assemelhe ao ser que está na mente.

quebra os padrões, think outside the box, para de seguir assim, muda a rota, vira pro lado inesperado, nem pra esquerda nem pra direita, vira aleatório. não espera, parte agora, segue sem que seja preciso explicar, porque às vezes, quem sabe, o bom mesmo e o mais próximo do real é aquele que não se explica. 

por que só dois lados? porque 360 graus? e se eu te dissesse que há mais? há graus infinitos e nada se pode resumir num círculo apenas?

não sei se nenhuma nota do piano que eu escuto é. sei que elas todas, notas todas entram em mim numa profundidade de não-explicação que não é real.

a música duma tal linguagem i-real, su-real, para-real, para que se re-construa, se real-construa, realmente se possa ouvir as notas. deve haver música na realidade. e ela deve ser de um piano. piano deve ser o instrumento do mundo real. porque aqui, nesse não-nada real, faz ir encontrar com um algo de dentro que não se pode encontrar sem que antes alguém sente-se e componha e emparelhe notas e melodias e harmonize o som.

tudo que pede recomeço quando se dá voz pro que não fala. se dá chance ao que não pede. se renova e se concede. concede um olhar mais terno. conceda. conceda-se. conceda a si. conceda se sentir. mas só se sentir.

sinto notas tão rápidas e tão intensas vindas dos que eu sei bons mas não sei reais porque, distante dos olhos, difícil saber se existe mesmo. talvez tenha sido só minha viagem pra terra de oz. talvez seus sons que me deixaram torpes por minutos - vidas? tempo? - não sejam reais e talvez você não tenha existido a não ser por um momento em que eu precisei de você. precisei de um lunático na grama dançando ao som do que não poderia dançar.

éramos reais? porque eu sentia como se a razão da estrada de tijolos amarelos fosse mais a companhia do lunático do que o castelo de esmeraldas. e agora, em kansas, sei que fora tudo um sonho colorido das cores com as quais fez meu castelo. os sentidos se perdem no meio do tempo porque não há tempo, there's no such thing, e o sonho de que eu caminhava talvez tenha sido o mais real que eu vi. talvez a realidade seja a terra de oz e kansas seja só uma babaquice, só um jogo, só uma realidade paralela, só uma construção da mente. i wish i weren't in kansas anymore...

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

do que se perde quando se pára de olhar


com o tempo, paramos de olhar às vezes. deixamos o olhar ofuscado, como se um véu houvesse. e, de tão perto, as letras embaralham e a gente já não vê mais. só que, embora não possamos ver, tem beleza tanta ali. tem beleza de tempo corrido, de tempo presente, de tempo por-vir. a cidade e o amontoado de gente e nós mesmos nos fazemos não ver. nos fazemos sobretudo não ser.

e daí, quando não somos, é fácil se ver no meio do mundo sem saber ao menos porque viramos à direita.

os caminhos: que eles não sejam mecânicos; as pessoas: que elas não sejam um link. 

afastemos um pouco a página do livro, senão embaralha mesmo.

que nada seja uma obrigação, que as frases sejam sempre renovadoras. 

e os ares, eles nunca se repetem. pode ser a mesma pessoa, mas não é. pode parecer o mesmo toque, mas não é. é bom parar de pensar um pouco, daí des-estranha, tenta! sim, tento. e aí então, dali pra frente, pode ser um bom afastamento. se afastar do que o passado fez parecer.

perde-se ao parar de olhar. é preciso trocar a lente, será? 

faz assim:

olha novamente pra ele.
olha mais uma vez pra ela.

só que antes...

olha mais uma vez pra ti mesmo!


segunda-feira, 17 de novembro de 2014

do que controla você


será que é o horário do ônibus que é sempre o mesmo? ou o caminho à esquerda que é percorrido todo dia e deixa de lado o que está à direita, mais longo? será a mesma roupa que é passado e já nem nos serve mais mas ainda ali guardada prum dia, quem sabe, ou será então o passo que cala e segue sem pensar?

será o quanto tem na carteira, na conta, na mente, será o escape de estar no meio de gente? será que pode ser o apego ao que não é num tempo outro ou então aquele sonho que pouco se assemelha ao nosso ser presente? o que controla você?

será o açúcar no nosso café? o pão, o queijo, o desvio, o vício? será o livro que não se lê? o amor que se busca só pra amar sem consciência de que amor - ah, amor - amor é trabalho? ou a energia que não se gasta e se economiza para... para quê mesmo? 

será o pensamento que mina, que discrimina, que paralisa nossa ação? será então a chance que se desperdiça e a crença que se enraíza - e delimita - no coração? o que controla você? 

será que é a mão que não se põe onde quer, a ideia que não é liberta, o olhar que tem véu, a palavra, fel? ou será a alma irascível sem querer, o desespero e a pressa, o não-entendimento da espera? 

e s p e r a...

será então, se não é nada disso, a ideia que se tem de si mesmo? seremos os algozes de nós mesmos num tempo em que tanto se fala de transpor-se inteiro? será a vaidade, o ego, o encaixe, o nível que se tem na sociedade? será a sociedade? e ela, vem de onde, o que controla a sociedade? nós... ?


o que controla você?

terça-feira, 14 de outubro de 2014

de quando se fecham portas - e as janelas coloridas abrem-se!



o fim é belo e incerto: depende de como você vê...

é belo fechar portas! é duma espetacular gama de cores vivas deixar pra trás, renovar, deixar as histórias passadas todas como só parte de você, nada externo. olhamos, por vezes, o passado como se lá residisse, tivesse havido alguém-nós que não é mais, que está lá, com menos idade, em algum Universo extinto... pois é: não. não se trata disso, parece. trata-se, em verdade, simplesmente de nós, de hoje, de agora. por isso numa visão tragicômica dos fatos o passado não existe e o que existe mesmo somos nós e só. e sós, inclusive.

o inaugurar é parte dum processo longo, esse de deixar para trás. diluir e simplesmente se transmutar. o passado tem a chance de se aproximar de nós: passa a ser parte, e não vida distante. não longínquo tempo, mas o tornar-se de cada nova decisão, de cada passo pequeno à esquerda ou direita.

daí se pode notar que qualquer coisa externa ao nosso próprio coração e a nossas próprias células vivas é, na verdade, balela: o passado não precisa estar contido em matéria, pois ele é matéria em nós. no aprendizado que fez e faz, no que nos faz passar a ser a cada dia.

que se bote fogo, ou que simplesmente se rasgue, se esqueça, se deixe ir. it's time to let it go.

time to let it fly.

é agora, e, ora... quem diria? quem diria que seria bem aos 28.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

to sunset



If it weren't for your maturity none of this would have happened
If you weren't so wise beyond your years I would've been able to control myself
If it weren't for my attention you wouldn't have been successful and
If it weren't for me you would never have amounted to very much


This could be messy
But you don't seem to mind
Don't go telling everybody
And overlook this supposed crime



We'll fast forward to a few years later
And no one knows except the both of us
And I have honored your request for silence
And you've washed your hands clean of this



You're essentially an employee and I like you having to depend on me
You're a kind of my protégé and one day you'll say you learned all you know from me
I know you depend on me like a young thing would to a guardian
I know you sexualize me like a young thing would and I think I like it



This could get messy
But you don't seem to mind
Don't go telling everybody
And overlook this supposed crime



We'll fast forward to a few years later
And no one knows except the both of us
I've more than honored your request for silence
And you've washed your hands clean of this



What part of our history's reinvented and under rug swept?
What part of your memory is selective and tends to forget?
What with this distance it seems so obvious?



Just make sure you don't tell on me especially to members of your family
We best keep this to ourselves and not tell any members of our inner posse
I wish I could tell the world cause you're such a pretty thing when you're done up properly
I might want to marry you one day if you watch that weight and keep your firm body





sábado, 27 de setembro de 2014

do que não vou falar...

mas vou passar os próximos dias todos querendo.


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

das efemeridades



perguntei eu a um amigo de céu-azul e disse ele, das brevidades do que comumente chamamos amor, que amor não é.

que há de sincero no eu-te-amo ao logo início? pode ser sincero o que não é real?

acho que sim. na sinceridade assim como na promessa se encerra uma mentira. daquelas que não serão cumpridas porque amanhã não serão verdade. são fogo, seja faísca, chama ou brasa. 

parece que na nossa vida corrida de compromissos inadiáveis não temos tempo pra olhar no olho de alguém. pra ver nuns olhos que antes se achava pequenos demais, meio tortos, uma beleza e um possível algo mais. é então que precisamos de artifícios modernos, tecnológicos. será que seria preciso um aplicativo se os olhos se cruzassem? se conseguíssemos entender que não é preciso viajar pra outro estado ou cidade pra encontrar alguém que não conhecemos... porque aqui no nosso bairro, do nosso lado, se divertindo e vivendo conosco, tem sorrisos tão bonitos... eu quis falar isso uma vez, quando ouvi que, hoje em dia, as relações viraram frutos de um catálogo de fotos e interesses, e nada mais que isso, e que isso é 'normal'...

eu não gosto disso não. busco não julgar, afinal, cada um se utiliza daquilo que bem entende e procura o tipo de relação que bem quiser. mas eu ainda confio no olhar. eu ainda vejo que amores se constroem do comum, do conjunto vivido, do companheirismo bobo de andar junto sem saber pra onde ir exatamente...

o que vai ficar quando o vento bater? quais das folhas e flores que se vão num balançar?

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

do que será que você pensa

será que você sabe que, quando te vi pela primeira vez, achei você extremamente ridículo?

será que sabe que morria de vergonha quando você abria a sua boca pra falar alguma sorte de merda com sua voz desafinada, sem jeito, sem dicção e, sobretudo, sem o dom da oratória?

será que você sabe que sempre pensei que você fosse simplesmente o mais ridículo de todos os caras que conheci? será que sabe que, a despeito disso, te achava o mais divertido?

sabe, será, que sempre foi o mais chato da minha lista? sabe que eu me perguntava "por que raios ainda insisto em ver esse idiota?" cada vez que chamava sua atenção?

será que você sabe que eu me sentia finalmente em casa quando entrava no seu carro, eu, que não gosto de carro, que sou de moto rápida e não de carro lento e contido, que sou de explosão absurda e não de cálculo e pensamento e ascendente em equilíbrio?

ah, mas deve saber, não é possível que não saiba que minha vida tinha graça e cor quando você aparecia na minha frente 10 minutos, no máximo, depois de eu dizer que estava triste por qualquer besteira pouca que me havia...

mas será que sabe, sobretudo, que tem músicas suas em mim? que tem soníferos pra dormir desde antes de ver você, e que tem músicas que ficaram por cantar, que ficaram por ser, e que eu ainda te lembro bastante?


será que você sabe que foi um grande amigo numa hora em que grandes amigos distavam kilômetros sem fim, todas aquelas montanhas que eu te disse, uma vez, que eu tinha vontade de transpor voando?

se não sabe, acho que há uma chance, das grandes, de que nunca saiba. 

ainda assim, eu digo. não a você: não leria nem ouviria. você não me receberia porque cada coisa que disse não era verdade. no ímpeto, deve ter dito, sem querer. mas sem querer dizer. eu quis dizer até mesmo o que disse de ruim, até mesmo o que disse para que olhasse pra si. eu não me arrependo de absolutamente nada, de ter dito nada, de ter sido nada. eu só agradeço que por um breve lapso de tempo eu tive um refúgio e ele foi totalmente sincero vindo de mim, embora possa ter sido, de certo modo, oportunista, de certo modo, utilitário. cada um teve seu ônus e seu bônus, certo? tive o meu e teve o seu, e agora que nada há eu te digo de todo meu coração desarmado que sou grata pelo vislumbre que tive de amizade.

amigos são poucos. amigos só os que conseguem suportar o nosso pior. sem aplaudir. mas sem vaiar.

logo em breve eu paro de me perguntar será. mas ainda pergunto. será que sabe que gostaria de dizer que, olha, desculpa qualquer coisa, qualquer mal jeito, gosto de você, vamos ser amigos de novo?

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

da condição do amor


de tanto ouvir que pra ser amor deve não haver condição, acabo acreditando nisso. sim, porque faz sentido. qual a condição exata pra que se ame alguém? ou algo? há uma razão racional pra se amar dum tamanho que o limite não cabe?

tem hora que bate uma vontade louca, imensa de simplesmente não se abrir mais e desistir do outro. só que em 5 minutos ou em duas palavras o amor re-brota, como se nunca houvesse ido embora. foi? foi nada. somos fracos diante do amor. o amor nos deixa completamente entregues: amamos, e ponto. amamos e não há porquê. o amor aparece nas pequenas coisas e até no que se vislumbra raiva, porque raiva não é, é apenas amor-ao-contrário. fere mais algo inesperado de quem se ama, assim como emociona mais algo inesperado de alguém que se ama. o amor é a chave pra fazer uma palavra destruir ou colorir.

o amor pode ser gravado. pode. pra que anos depois possamos lembrar do amor que se sentiu naquela risada, naquela voz que corrigiu a sua quando você não lembrou a letra. naquele amor que quase foi amor, mas esbarrou na paixão, esbarrou no ego, mas não deixou de ser verdadeiro por isso.

o amor também pode ser considerado incondicional porque, a rigor, não precisa de recíproca. não é preciso que o outro nos ame também. as vozes se casaram num momento da vida, e, ainda que o outro nem saiba e nem se lembre, nós amamos, e continuamos sendo vaga-lumes a voar perdidos, a admirar cada uma das percussões no outro, o outro, que ainda existe mesmo desvinculado da sua história. 

as vozes se afinavam e as segundas vozes existiam. tinha um tom de rosado e de construção nas vozes nossas e, ainda que o outro esteja longe - ou perto, sem saber -, o coração ainda bate de lembrar que o amor, esse incondicional, grita aqui de carregar suas impressões.

não há condição, meu melhor amor. amor de ponte pra cidade mais incrível que conheço. amor de dias infindos de cumplicidade. 

obrigada por me fazer lembrar, eu meio a um drama e briga sem fim, que, afinal, 'essa porra de amor é incondicional'. 

domingo, 24 de agosto de 2014

da ordem natural das coisas


por vezes nos afastamos tanto da natureza, que passamos a confundir o 'natural' com o 'comum'. o curso natural não é o comumente seguido. pra perceber o que é natural, deve-se primeiro estar também sem artifícios.

o natural vai brotando aos poucos. a semente pode ser o 'oi', o olhar sincero, o tentar, o confiar, o acreditar, o deixar entrar na nossa casa sem receio porque, afinal, a gente atrai o que vibra. se vibro bem, quais as chances de vir para mim algo que assim não seja?

e dá início, então. o bem entra e ele se instala devagar. o amor não tem costume de vir avassalador, de supetão, não. assim podem vir outras coisas, boas também de se viver, mas o amor é tão calminho... calmo sem ser enjoativo; calmo sem ser chato e entendiante; calmo, simplesmente. não atropela as etapas.

vem vindo, vindo... geralmente o amor brota mesmo. ele não vem no bater de olhos. no bater de olhos pode ser que venha a afinidade. a vontade, a boa conversa, o encanto. são pequenas coisas. brota e vai crescendo, se rega com palavras doces, com visitas inesperadas quando se diz que está triste, com pequenas surpresas bobas, que às vezes até deixamos passar, sem nos dar conta de que estamos alimentando de luz e água a semente. 

há que se esperar. nada se pode fazer, não tem como o natural ser diferente. o natural é plantar a semente, e cuidar: caso contrário, ela não vai florir. e de cuidado em cuidado, de carinho em carinho, se tem de repente uma planta brotando, e há botões, tão novos, que se olha e vê que serão lindos, e já são lindos, e precisam de mais cuidado, cuidado sem fim. 

daí se cuida mais, se entrega, se deixa ir sem pressa. se inventa tempo pra cuidar. se cria dia e se troca a noite, se instala o outro nos seus olhos para poder compartilhar o que se vê e sente, todo tempo.
nisso a planta vai florir, vai agradar aos olhos e também à alma. 

para quem chega e simplesmente vê a flor? a vê ali, florida, linda. agrada, claro. mas, para esse que apenas quer ver a flor bonita dando cores ao dia, serve que seja uma flor de plástico. por vezes, esse nem mesmo sabe diferenciar, e dirá até que prefere a de plástico, afinal, não requer tanto cuidado e surte o mesmo efeito visual.

efeito visual. será essa a questão? é comum enfeitar com flores de plástico. é fácil. é cômodo. e pros olhos dos desatentos é a mesmíssima coisa. aos desatentos, a flor real e a de plástico têm o mesmo resultado, mas a real requer recursos. requer que se entregue e doe.

ao desatento, o sentido da flor real não se verifica. é custoso. é trabalhoso. pra quê?

mas, ah, àquele que a cuidou, que a amou de água e luz, o sentido está além. não é apenas uma flor bonita que enfeita a casa: é um pedaço seu também, é parte do cuidado oferecido, é a vida se abrindo em bem.

o cuidado foi pra flor aparecer? e depois que ela aparece, alguns desavisados podem se dar por satisfeitos e simplesmente olhá-la e dizer: "tarefa cumprida!". será? cumpriu-se?

o bom cultivador se mantém cuidando. a flor irá brotar diversas vezes, ano após ano, enfeitando a vista e os sentidos. cuidado e carinho não têm fim. se renovam, como se renova a flor, ela volta, setembro nos diz.

há ainda que se ficar atento à que flor fora essa escolhida pra cultivar. sim, pois cada uma delas tem sua especificidade: umas precisam de sombra pra florir, outras de claridade; umas têm necessidade de água diariamente, enquanto outras bem sobrevivem com bem menos água. é preciso conhecer o objeto do nosso cuidado, do nosso amor. amor é também conhecimento.

sem palavras e sem tempo pra quando se descobre que ainda existe quem acredite na ordem natural das coisas.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

meu paraíso é onde estou


se entende ter presente todo dia? se entende um atrás do outro, como se pra alegrar os quase-28?

presentes de ir e vir em ruas novas, ainda que escuras e nada feitas para se andar, tem árvores e pássaros e vida de natureza.

presentes de encontrar pessoas no caminho, de desencontrar do que não é pra ser, de virar esquinas novas, e de produzir.

presente de produzir. presente de ver rostos felizes pensando, questionando, descobrindo que dentro de nós mora sempre dons, talentos, gostos mil!

presente de contatos novos, carinhos novos, carinhos desses que eu não sou muito afeita mas que, já vi, preciso me abrir. abrir o coração, e simplesmente ser simples, desse jeito que é complicado mesmo.

presente de ser bem vista, bem reconhecida, por mim mas não só, e por isso ter motivo maior ainda de seguir bem-fazendo tudo aquilo em que me debruço.

presente da perspectiva, esse presente, sem precedentes, de saber que o motor está certo e que agora é seguir no trilho, com sorrir, porque já vislumbro e vivo a paz, e é preciso paz pra poder sorrir. pelo menos a paz. imprescindível.

presente de amigos novos mas que não são novos não, são olhares novos, sorrisos largos, vontade de estar perto, sons sinceros, de risadas e gargalhadas que agradam sentir.

presente de entender que quem foi deveria mesmo ter ido e quem ficou é o que importa. presente de deixar pra lá o que não interessa. presente de ser quem se é e sem medo, sem julgamento, sem "quereres" em vão.

presente de voltar - que volta? se não há coisa assim? volto não, pois vim outra. sou eu com o toque da praia que veio em mim, praia sendo o calmo, o que é brisa, o que é dentro, o que é a descoberta de que tenho o dom de viver em qualquer lugar, mesmo quando o medo vem e a noite é fria.

presente. o meu paraíso é onde estou.

sábado, 9 de agosto de 2014

dos dedos róseos da manhã e da tarde



tinge-se o céu dum tom en-roseado, desses capazes de alegrar meu mundo. 
de anúncio que dia vai e que dia vem. que tem-se horas todas pra se preencher com amor e sorrisos.
desde cedinho horas pra se viver!

belo saber que se pode construir um dia! do início ao fim, depende da gente.
belo o ir-e-vir que repete sem ser o mesmo, que nos faz senhores do tempo.

eu construo belas vistas
crio sorrisos largos

hoje pela primeira vez em tempos eu dancei.
e dancei bem dançado, que é como se dança quem quer verdadeiramente dançar. e pra isso tem passo não, tem jeito-certo não.
senti cores, senti amizades já com anos de estrada criando ainda pés-na-estrada, planejando dias bons, e sobretudo vivendo dias bons!

senti saudades também, tantas que até quis saber a distância exata entre tua cidade a minha. 1447 km. caramba, longe. a soma inclusive dá um número cabalístico. e isso me lembra ainda que há tempos não mexo nos números.

a vida vem lá de longe, e é como se fosse um rio: pra rio pequeno, canoa; pros grandes rios, navios. sinto que podia mesmo ter sido um navio, mas foco no que foi: canoinha daquela dos indiozinhos, acho que nem canoa, e sim bote. fora um bote - bote mesmo foi o que levei de mim mesma por agir com meus ascendente sem mal pensar...

pensei em mil coisas pra dizer e jeitos de aparecer também.

mas os dedos róseos da manhã e da tardinha ainda me fazem ver que nada disso importa... toda e qualquer coisa é pequena perto disso!













sábado, 2 de agosto de 2014

do chá com música


olha, quando meu amigo que pra-onde-vai-eu-também-vou me disse, certa vez, sobre o tomar-chá, eu entendi. mas não compreendi. ora, como poderia uma xícara de folhas e água quente ser mais interessante que qualquer vontade outra que se tenha de uma pessoa?
dei então trabalho para o tempo, encarregado que ficou de me mostrar sobre a sabedoria dessa constatação.
sim. o coração bate dum jeito completamente diferente quando se passa um tempo que não passa em minutos ao lado de alguém que faz um bem que por nada se trocaria, pra lugar nenhum se transportaria, e paixão nenhuma, por mais brusca e por mais avassaladora que seja, chega aos pés do não ter vontade de nada. do ser. do ouvir o outro, prestar atenção, sentir um som que não se sabe, sem olhar no relógio e, o mais importante: não sentindo vontade alguma de fazer absolutamente nada que não seja apenas estar ali, com aquela companhia, naquele lugar, naquela hora.
faz questionar, então: e os sentidos que pulsaram por esses tempos? foram reais? ilusão? babaquice?
bom, resposta é difícil ter. mas, vendo daqui, vendo do meu reduto, do meu lar-de-coração, prestes a sair pela manhã pra aldeia das minhas melhores lembranças, vejo que sim, foram reais. todas reais. cada vez que ascendi e explodi em teias desconhecidas, pra viver um pulsar sem precedentes, eu fui plenamente real. os passantes foram reais também. mas foram efêmeros, foram explosão que invade, machuca e passa. se é - e sendo! - fato que atraímos o que vibramos, que bom que sei que agora vibro isso, vibro bons dias e boas noites com passantes que, ainda que tenham vindo pra durar aquilo ali que duraram, me ajudaram a ver coisas que, sozinha, ficaria bem mais complicado. talvez levasse mais décadas.

agora pareço ver mais de perto que existe o válido mesmo nesse mundo louco, que tem olhos que ainda me fazem pensar, no fundo, claro, bem no fundo, porque tenho um casco enorme de rudez, acreditar

gratidão, Universo, por me trazer algo que o tempo não consegue contar.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

da afeição da vida


no mínimo surpreendente a maneira como a vida assim nos afeiçoa.
nos roteiros de todo-dia, nos sorrisos que damos sem querer ao ver uma cena boba na rua.

felizes os capazes de rir de bobos, de encantar a própria alma por coisas que, a rigor, se olhadas com olhos-automáticos - esse mal de que padecemos! -, nada são e nada nos mudam também.

nas tramas que o tempo vai tecendo, cabe aprender, sorrir, desaprender só pra aprender de novo só que agora com mais dor - e dor não é, na verdade, amor? -, pra ter mais graça, pra consolidar melhor, pra fazer a gente sentir pulsar mesmo as decisões.

ouvindo histórias, caminhando em rios outros, tenho tido a bela chance de crescer. crescer pro coração abrir, pra ver que se pode ser diferente porque não somos limitados, tampouco somos nomeados senão por nós mesmos, próprios algozes da nossa liberdade.

hoje é dia de inaugurar silêncio lá, e de aqui, entrar também, prum dentro bom, pruma vida menos agoniada. agonia está em pressa não: está em ausência de paz. pressa, por vezes, tem paz. pressa de viver, de contar jabuticabas, porque eu também não sinto que as tenho incontáveis, e por isso dedico meus instantes à belezas e boas palavras, leves, doces.

sentir saturno retornar é infinitamente bom. gratifica. assusta, sim; às vezes chega a doer quando cobra. mas é duma sorte tão infinda ter essa chance de se rever, de se buscar, que pouco importa, porque a dor passa, e ela existe: opta-se por sofrer com ela ou tirar dela o melhor que há, que é a lição e o sorriso. 



Mas horas há que marcam fundo...
Feitas, em cada um de nós,
De eternidades de segundo,
Cuja saudade extingue a voz.

(...)

E a vida vai tecendo laços
Quase impossíveis de romper:
Tudo o que amamos são pedaços
Vivos do nosso próprio ser.

A vida assim nos afeiçoa,
Prende. Antes fosse toda fel!
Que ao se mostrar às vezes boa,
Ela requinta em ser cruel...

quinta-feira, 24 de julho de 2014

pra você não ler


Lembrei de você hoje. Lembrei que contigo eu vi os céus mais lindos da minha lembrança. Sabe o que parecia? Que as nuvens mais bonitas esperaram eu estar junto de você.
Lembrei também hoje que as risadas mais gostosas foram suas. Lembrei que havia uma verdade antes, havia um olhar que eu não sabia bem o que queria dizer e que, infelizmente, provou-se nada, não tem sentido, não disse nada.
Lembrei hoje que certa vez eu te olhei dum jeito outro e não gostei.
Lembrei, ainda, que a sua presença ficou tão familiar pra mim em tão pouco tempo que parecia que eu estava sim no Kansas. Mas eu não estava, Espantalho. Isso, era bem isso que eu sentia por você. Sabe o que a Dorothy diz pro Espantalho lá na Cidade das Esmeraldas, quando está prestes a voltar pra casa? Ela diz: “É de você que eu vou sentir mais saudades”.
Lembrei que eu teria parado o tempo diversas vezes.
Lembrei que eu nunca quis fazer mal pra ninguém. Mas ando me dando conta de algumas constâncias em mim, de aversões que desperto, geralmente em pessoas que mais me gostaram. Não entendo ainda porquê. Talvez eu nunca entenda, mas hoje eu lembrei de você e de como sempre foi perfeitamente e magnificamente bom poder estar contigo.

Por muitas vezes algo assim aconteceu. Por muitas vezes eu, que te disse pra nunca criar expectativa, criei tantas, que fiquei tempos sem fim esperando um som, um barulho, um sentido, algo que me fizesse saber que, de algum modo, alguém ainda se importa. Mas isso nunca veio, justamente porque eu esperei. E, embora eu saiba que no fundo eu ainda provavelmente vou passar tempos imaginando uma palavra, me convenci de que não espero, então não espero. Simples. Mas pode aparecer. Ou pode me esquecer, se você quiser. Eu já esqueci que te lembrei hoje porque já é quase amanhã, por 20 minutos, já é quase a hora em que eu quase sempre de algum modo eu... (não continua)

segunda-feira, 21 de julho de 2014

da falta

tem estratégia pra enganar a gente mesmo. os olhos mentem dia e noite a dor da gente. eu minto porque acho mais fácil assim: minha razão se convence de tal maneira que em pouco tempo passo a acreditar e pronto, tá resolvido.

mas no fundo, num fundo que prefiro não tocar, eu sinto falta. eu sei a falta. eu quase a consigo tocar com os o olhos, sei a cor, sei até mesmo em que cantinho eu a guardei. coloquei numa caixa colorida, encapada com papel de presente, e deixei ali. passo os olhos por ela, rearranjo, endireito pra não destoar das outras caixas todas, arranjadas e endireitadas. olho bem pra ela e sinto uma vontade de abrir. mas uma vontade das que a mão quase treme. não, não, deixa pra depois. deixa pra abrir essa caixa quando de algum modo ela puder esboçar sorrisos. por ora, ela esboçaria só falta.

de todo modo, quando passo os olhos pela caixa bonita, é como se eu pudesse dizer exatamente tudo que há dentro dela. sei, quase sinto de tão real. tem vezes infinitas de risos, tem conversas boas, tão boas, mas tão boas, das que não se encontra toda hora. tem risos sinceros, tem contação de histórias daqui e daí, tem caminhos percorridos juntos, separados, mas sempre compartilhado. tem música, tem bastante música que não tinha sentido e agora tem, só que agora? pô, agora não dá, agora é melhor mesmo eu re-significar, de novo, de novo. eu não sei se aguento isso mais uma vez... é, agora lembrei do que tem na caixa também: tem precipitação. tem medo. tem fim.

e o fim é belo e incerto, depende de como você vê!

deixa a caixa lá. volto em alguns meses pra tirar poeira dela e quem sabe eu já consigo abrir e sorrir ou, melhor, já consigo simplesmente passar o olho e deixá-la quieta no lugar sem que ela me lembre, gritando, que eu sinto falta.

domingo, 20 de julho de 2014

da inteireza

sentir-se pleno vai pra além de sentir-se feliz.

plenitude é mais que abundância. é mais que perfeição ou completude: aliás, está bastante longe de ser a perfeição, dessa dual, que se contrasta com o imperfeito.

plenitude é o que sinto estando com meus amores todos. é tendo vozes bonitas pra ouvir, é montar estantes e separar brincos por cores, colocando os que não têm par numa caixinha específica. plenitude é ter conversas cheias de assalto-ao-turno, discussões sobre moralidade e risos bobos ao tornar toda e qualquer palavra uma sílaba engraçada pela simples alegria de ser.

retomando o passado ou conjecturando futuro, sei por bem que meu melhor momento é já. é a próxima viagem de trem a só, é a próxima música mineira cantada no bar das baratinhas, é a vida que se encerra ali mas se abre aqui, é a porta nova, é a não-lembrança, o jogo na dança das mãos, o olhar bruto e bom do lugar de onde se é.



às minhas preciosidades, obrigada, gratidão sem fim por tornarem qualquer, qualquer, qualquer lugar e momento o melhor da minha vida para sempre.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

da criança


de pequeno, somos ensinados a não saber lidar com frustrações. sim, porque não há santo ou mãe-e-pai capazes de nos ensinar a não nos frustrarmos: frustrações haverá. haverá porque nós insistimos em criar expectativa. daí nada vem de leve. bom, de todo modo, lá vamos nós, protegidos pela sociedade protetora da criança-adolescente, quiçá do adulto que disso ficou bobo. pois bem. só que num dado momento viramos adultos de fato e continuamos na sede da expectativa. por vezes, a expectativa é de que alguém retribua nossos sentimento; outras vezes, de que se viva algo pleno ou perfeito; há, ainda, a expectativa de todas a mais egotista: de que o outro nos goste para além daquilo que nós mesmos podemos gostar e de que o outro nos jogue uma tonelada de confetes ao ego.
mas vem o não.
não, ele não vai retribuir seu sentimento. ela também não vai querer viver contigo de mãos dadas seguindo junto pelo simples fato de que com você ela não quer. quer outro, quer ninguém, quer nada. e, sobretudo e principalmente, ela não gosta de você o tanto que você queria que ela gostasse, mais do que você gosta, só pra inflar seu ego gordo.

pois é. cresçam, crianças. cresçam porque esperar é se frustrar e descontar a frustração no outro é balela. é a velha história de tacar carvão na parede, fazer até umas sujeirinhas no branco mas ficar todo cagalhado de preto, mão, rosto e coração. aceite. só aceite. abra mão. baita babaquice. 
caso se opte por não aceitar e manter o chilique, não ha problema. basta deixar pra lá, afinal, se trata de criança, e criança faz a birra, é da natureza dela. e não cabe ir atrás dela, não: deixe-a espernear pra lá, que uma hora há de passar. mas não sou mãe, não tenho paciência; então, quando passar, nem venha me contar, pois já não faz a menor diferença.
ah, o aprendizado bom de que as pessoas podem sempre ser mais babacas do que a gente poderia imaginar. ainda que saibamos o quanto alguém é, de fato, babaca, sempre achamos, por uma razão profundamente babaca, que conosco não haverá tamanha babaquice, afinal, somos especiais. ledo engano. o traidor trai qualquer um. se trai a cada passo que dá, inclusive. o leal é leal a todos, sobretudo a si mesmo. assim como o babaca é babaca em todos os âmbitos da vida e com todos que cruzarem seu caminho. mas, de todo modo, conforta a certeza de que quem mais perde com isso é o próprio babaca. é ele quem está constantemente infeliz. é ele que não consegue absolutamente nada daquilo que quer. é ele quem sorri pouco, não tem amigos reais e não constrói relações verdadeiras. ao invés de se perguntar pra onde vão as relações, por que não construí-las e valorizá-las? ora, simples. a resposta está na sua própria vida, que fora sendo embabacada por você mesmo ao longo do tempo. não, ninguém muda. somos os mesmo e vivemos como vivíamos em qualquer outra cidade, menor, maior, com mais ou menos gente.
grata à sua babaquice que me fez ver o quão fantásticos são os meus amores reais! :)

segunda-feira, 14 de julho de 2014

dos roteiros

não há caminho errado. se há, eu o ando, pela simples alegria de ser...

os anos passam, o tempo, se anda ou corre, se simplesmente é. tem respostas que nem precisam ser dadas, afinal, de nada ajudariam e, na real, a única maravilha é poder andar por ele, pela linha que se cria.

das últimas cenas, tem nem o que ser dito. não há palavras que mostrem. o sorriso mostra mais. 



sorte, ah, que sorte, ter no coração e na história outros corações e outras histórias que pulsam, que vivem, que colorem, que são desenhos bons.



de estar em beira de estrada, de caronear, de ver pôr-do-sol e vinda-de-lua das mais incríveis que sentiram meus olhos, de companhia sincera.

a conclusão que vem de que não há nada que dê certo ou dê errado. há só o que há. simples. aceitemos. é bom aceitar o que vem. dá brilho. faz ter sol, faz ter lua, faz ter sorriso, faz ter, sobretudo, verdade.



a vida vai tecendo laços, poeta. não é mesmo toda fel. fel eu nem vi. se vi, já esqueci. o que me fica são belezas e saudade da boa, de quem bem viveu! é um carinho guardado no cofre de um coração que voou, e um afeto guardado nas veias de um coração que ficou...

grata por ter decidido ir, por não ter dado asas à nenhuma inércia boba que por vezes insiste em nos prender os pés na terra. lançar a alma no espaço que me tem sido o ar.

o ar, grata por entrar no meu mapa.



à cidade que me recebeu com meu espantalho e meu homem de lata ao lado, me rindo e me garantindo incertezas de que a vida é isso mesmo, de que o coração é esse bobo que bate lá tanto quanto bate aqui, que sente por todos no fim o mesmo amor, embora repouse bem aqui a minha verdade e meu sonho feliz de cidade que já bem chamo de realidade!

there's no place like home!

domingo, 13 de julho de 2014

do seu silêncio

Quando você vem ou não?
O que você quer de mim?
Deixo por aí...

O que você tem?
De onde você é?
Pode me esquecer se você quiser
Ou se deixar chover, se você vier

Eu vou te acompanhar de fitas
Te ajudo a decorar os dias
Te empresto minha neblina
Vamos nos espalhar sem linhas
Ver o mundo girar de cima
No tempo da preguiça

Mas tudo bem
O dia vai raiar pra gente se inventar de novo

O que você é, enfim?
Onde você tem paixão?
Segue por aí...

Eu não sou ninguém de mais
E você também não é
É só rodopiar em busca do que é belo e vulgar

Vamos onde ventar, menina
Foi bom te encontrar lá em cima
Odeio despedidas

Mas tudo bem
O dia vai raiar pra gente se inventar de novo

E o mundo vai nascer de novo!

quinta-feira, 10 de julho de 2014

das mentiras que se conta sem querer

mentir é sempre sofrido. sempre machuca na hora que se formula, na hora que se conta, na hora em que se acredita. mas pior de tudo é contar mentira sem querer. porque no fundo quase nunca se quer ferir o outro, mas sem querer deve-se ter machucado.

olhar tudo de fora, agora, é tão simples. caramba, muito simples. a confusão é fruto de carência, de ausência de quem se gosta verdadeiramente.

da abolição das chatices, mas também da vergonha de se ter pensado que sentia quando não se sentia nada. por isso, fica a dica pra minha próxima confusão: se amanhã não for nada disso, caberá só a mim esquecer. simplesmente devia ter ficado calada.

perdão.

terça-feira, 8 de julho de 2014

do meu canto em que eu sou eu


apesar da tristeza de deixar amores, de deixar diversos pequenos pedaços de vida pelas quais o coração bate, a sensação, a velha sensação de estar em casa é daquelas inigualáveis.

que eu fui fazer? estava procurando o quê?

acho que não haverá resposta cedo, mas me importo pouco, já que aqui tem tanto a se viver no meu coração.

eu fico agora aqui e eu, lá num canto bem dentro de mim, sem desejo ou expectativa, espero (de esperança) que o coração dentro do qual o meu ficou fique também e seja lembrança boa, e me encontre em outro momento, porque distância não há, nem pressa, nem tempo. foi bom ter-me sentido inteira.

obrigada, minhas princesas lindas de vida nova em tudo.
obrigada, cada um que cruzou as ruas de cidade de flores e belas vistas
obrigada, amigo, que me emprestou não só sua vida pra eu passear, errando, correndo, mas sobretudo por me dar um lado-seu.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

do pular de pedra

grata ao existir seu

grata à bela-mão

grata sobretudo aos seus olhos pequenos nos quais vejo apenas doçura e nada que me afaste

grata pelo seu agradar

grata pelo espaço que tem dado

grata pelas vistas e pelas horas todas

grata por ter-me feito vir pra cá pra descobrir

quinta-feira, 26 de junho de 2014

da inconstância

passa tempo, tempo passa...

de dez em dez passos, passa tanto em mim; vem decisão, re-decisão... vem cisão, repetição, toda sorte de ação que se possa pensar.

as estratégias e a tentativa tola de calcular todos os riscos de falar, todos os riscos de ser, de se jogar, de se manter aqui, de se arriscar pra lá.

eu não sei mais nada, absolutamente nada. saber parece parco também, saber pra quê? quero saber de nada não... quero? ah, acho que quero, e hoje eu só gostaria de ter sabido se por alguma cabeça passa algo semelhante ao que passa na minha.

hoje me pareceu que vai fazer falta os ônibus de cor azul clara sutil, branda, bela, de caminho lindo e montanhas na vista.

na hora de ir, na hora de ser ausência novamente, parece que o coração começa a bater. passo a entender às vezes em que tomamos uma decisão de fim e logo em seguida voltamos atrás. romper dói. dói muito. dor daquelas que são sem fim, parecem. mas um dia ela termina. e, aliviada, eu digo-direi: caramba... que foi aquilo mesmo? teve dor? nem lembro...

não tenho o dom de esperar.

terça-feira, 24 de junho de 2014

da maior lição da menina


You spend most time trying to figure out why you can never figure out just what you're trying to figure out
Spend more time living

You spend most time searching for the love that'll be searching for your love
You love to save your love for love
Spend more time loving

You spend most time talking 'bout yourself and how it matters to yourself more than to anybody else
Spend more time listening

You spend most time judging everything as if you ever knew a thing
There's more to things than just one thing
Spend more time respecting

You spend most time worried 'bout what's to say about your silly little ways
Isn't that silly, anyway?
Spend more time flowing

You spend most time fussing, bluffing, hating all times bleeding

segunda-feira, 23 de junho de 2014

da queda

nunca reparei em você. até o dia em que reparei. nunca fiquei perto até porque, sabe, não sou disso, não gosto disso e acho a distância um trem seguro. não quis nunca, até o dia em que eu quis muito e é claro que na verdade isso é tudo mentira e eu não quis nada.
por que foi mesmo que te deixei entrar no meu riso?
só preciso de cachoeira,
de estrada de terra,
de voltar pro meu lugar.

é tanta coisa guardada que conforme os dias passam dá sensação de explosão.

já nem dá pra saber como vai ser pra mim e de-mim-prá-lá quando eu realmente explodir...

segunda-feira, 5 de maio de 2014

the lunatic is in my head...


é como uma dança em que palavras vão sendo reinterpretadas num vazio de quem, na verdade, não quer dizer nada.

basta tentar encontrar sentido no não-colorido, na não-expressão. eu procuro, procuro, mas eu não acho.

o leão de fogo tenta me dizer, vai, respeita as diferenças, entenda os amigos, entenda o amor, tente não se afobar, não se afobe não que nada é pra já, o amor não tem pressa, ele pode esperar. mas eu não busco amor não, acho que busco uma mão na cintura e só, ou uma mão no pescoço pra andar na calçada, uma risada pra ser dada no meio do nada, leão. não me entenda mal, eu só não entendo essa toda despretensão.

in a sentimental mood, será? será que uma cigarra que canta na chuva, que é forte e enfrenta frio de cuzco pode estar assim?

de saudade de rio eu ando, eu rio, eu no rio qualquer que seja mas que seja bem longe daqui. como se já tivesse enjaulado todas as expectativas porque, diabos!, há cá um poço gigante de intenção e intensão, intensidade, seria melhor.

olha, você, não me leva a mal, mas, na boa? não seria melhor simplesmente o ser sincero? traz o não. tem cansado dar dica, tem cansado ter de fingir que não quando é sim. tem cansado demais olhar e não ver, e desviar, e ficar tecendo teias que se desdizem e se repetem e são repetitivas. eu repito tantas vezes a mesma história, não é, leão? eu transmuto vontade de fusão em paixão, porque eu sou louca e fora nascida no dia da situação difícil. complico o fácil porque é fácil fazer isso, é como se o meu pensamento não tivesse mais ritmo e ficasse indo pra você o tempo todo, mas que diabo!

i'd rather be lonely than happy with somebody else. mesmo porque, pasme, não parece haver nesse espaço-tempo nada que me agrade mais. meus meninos avisaram, disseram, distância daquilo que te agrada, distância de espontaneidade e distância de risos largos. aí a gente teima e inventa de tinhosidades brandas, no início, mas que agora fazem minha viagem ter a droga do gosto da falta.

ah, como é bom não gostar...

só preciso sair daqui pra ver de longe, do meu melhor ângulo, que na verdade isso aqui não representa nada e é só babaquice, criação duma mente vazia, dum coração que não tem, dum pé machucado há muitos dias, dias suficientes pra afetar a mente vazia e o coração que não tinha.