terça-feira, 26 de junho de 2012

o que lost une, o homem não separa

as primeiras conversas estão todas frescas aqui, do que era ilha, o urso polar, a beleza estonteante e absurda do sawyer, quando ainda nem sabíamos do susto que ele ia dar na gente no primeiro episódio da quinta temporada... de quem era o charles widmore. coisas que até hoje, de lembrar, meu coraçãozinho palpita de emoção, porque começava uma das amizades mais puras que tenho, colorida, cheia de piada interna e de risos de qualquer coisa. parece que ele é uma parte minha mesmo, na voz, nas conversas, nas risadas sobretudo.
é legal assistir maria do bairro, é incrivelmente foda não fazer nada, tomar caipirinha de manga verde, cantar a mesma música até cansar...
eu grito aos quatro ventos que eu amo o bru e amo mesmo, que tenho um sentimento verdadeiro por ele, desses que o tempo não destrói, nem altera, nem nada.
somos belos até de chapéu caipira e frufru colorido!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas, permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir.
Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude.

Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. Então fique comigo quando eu chorar, combinado? Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem… gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar às vezes, mesmo na sua idade.

Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não frequente muito as boates porque isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.

Me enlouqueça uma vez por mês, mas me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca... Goste de música e de sexo. Goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua família: isso a gente vê depois... se calhar. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos.

Não me conte seus segredos... me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar... experimente me amar.

Marta Medeiros

segunda-feira, 18 de junho de 2012

nossos corações quando podem ser felizes batem muito mais

sim, eu sei que podemos nos ver daqui até daqui a cem anos uma vez por semana, uma vez por mês, e será sempre igual. sim, eu sei que basta. sim, eu sei também que todas as músicas são de verdade e que hoje sabemos muito bem da sorte que foi.

engraçado, parece que pouco importa às vezes se a pessoa é igual a nós ou diferente, se ela pensa as mesmas coisas, se ela tem a mesma visão do mundo e da sociedade. não é isso que eu espero. eu espero isso:

O que de um grande amor se espera
É que tenha fogo;
Que domine o pensamento
E traga sentido novo.

Que tenha paixão, desejo,
Que tenha abraço e beijo,
E seja a melhor sensação;

E que traga paz pro coração.


e eu me vejo numa situação estranha de ter ao lado quem eu ache racionalmente adequado, mas que pela falta de algo que mova tem me feito questionar qual meu motor. acho que o motor errado. não importa, no fim das contas, quantos pensamentos em comum nós tenhamos em relação ao mundo, à vida, ao que nós buscamos. a gente vai entendendo que relação conjugal é outra coisa. não é isso que move. é o coração disparar, o sorriso iluminar, é você saber que, pro outro, pode passar o tempo que passar, pode vir o que vier, é você, é a mais bonita, a mais incrível, a mais inteligente e engraçada, embora você seja só um ser humano comum. é ver o outro como se ele reunisse todas as qualidades que uma pessoa poderia ter, pelo simples fato de que é a melhor sensação. é não ter medo de falar nada, é ser completamente espontânea, seja pro que for, é poder pedir qualquer coisa e contar com o outro, e também se oferecer ao outro na sua completude sem medo de se sentir um idiota. é ser capaz de fazer o que for preciso, e também o que não é preciso, e fazer porque quer fazer, porque gosta, porque "dá vontade de pular quando estou do seu lado". espero que todos tenham isso na vida um dia, e cuidem pra não perder, porque eu sinto falta. menos do que isso tem me feito pouco bem. não adianta. minha intensidade é maior, minha frequência é mais alta, eu sou de explosão e ando cansada de uma vida morna. pois é, você bem disse, eu que sempre falei que não me dava a nada morno, eu que te convenci que de nada vale coisas medianas, que a entrega só vale total, já que tudo pode acabar num instante, que seja intenso e que grite ao mundo a que veio. eu sou assim. eu gosto de ser assim. eu também não sei o que houve comigo que me fez me conformar com tão pouco.

certa vez um amigo me disse, quando a questão era essa mesma de sempre: "bruna, talvez ele seja o ideal, mas não é quem te faz bem". é. talvez seja isso. talvez seja o aspecto físico dominando os outros, e isso não é bom. não está compensando mais. é como se eu esperasse dias e dias por um momento ali que tudo se encaixa, e é perfeito. mas acaba. e aí volta tudo a ser como era antes, todos os desgostos e as faltas.

hoje eu gritei assim pro universo:

Socorro!
Não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir...


caramba, é tanto discurso pronto, tanta hipocrisia, essa tentativa de perfeição, essa bobagem toda de chegar a algum lugar. ande, caminhe, não queira chegar não. passe, aprenda conforme tiver de aprender, não tolha a si mesmo, se respeite, tenha SEU próprio discurso. pare de repetir como um papagaio as coisas que escuta de pessoas que você admira, pare de racionalizar o mundo em prol duma verdade que está seguindo sem saber, sem sentir. construa seu sentido, não se faça valer das palavras dos outros, deixe de ser um robô, seja alguém, pulse, vibre. me sinto às vezes do lado de um robô previsível que sempre dará o mesmo sermão diante das situações, que sempre tem uma lição de moral que escutou ontem de alguém pra se servir na hora que quiser dizer o quanto o outro é inferior. o mundo girou, mais de 330 dias se passaram e eu volto à mesma impressão que tive quando das primeiras palavras. e tá lá meu diário pra comprovar a arrogância, a prepotência, as frases prontas, a pouca criatividade, a busca por algo que sinceramente não virá enquanto não entender aquele discurso que tomou pra si sobre ação desprendida. não sou capaz de enumerar uma sequer. as ações são sempre parte dum todo que te é útil, parte dum processo de convencimento do outro de que está fazendo a coisa certa, de que é bom, nobre, doador. e não é. não é porque não sente. saia do casulo, veja fora, olhe, entenda as necessidades dos outros. não consigo nem contar as tantas vezes que ouvi falar de EGO nesses meses e, MEU DEUS, em um quarto de século de vida eu nunca vi alguém com um ego tão inflado! talvez fale tanto justamente porque SABE que quem comanda sua vida é o seu ego. no jeito, na voz, no falar, no conteúdo do falar. é puro ego, o tempo todo, é algo que realmente é difícil de entender e dá vontade de pegar no braço e dizer: "EI! Ô! PÁRA!".


paixões são lindas, são boas, são bonitas de se viver. paixões que não têm medo nenhum de dizer, de se abrir, de viver. eu gosto de simplicidade não na teoria, como tenho visto: gosto de simplicidade na vida, facilidade, ternura, meninice, esse seu jeito de achar que a vida pode ser maravilhosa. gosto de ser olhada como se fosse a única mulher do mundo. não me aprisiona estar ao lado de alguém que, pra mim, naquele momento, é o único no mundo que existe. com os defeitos que têm, é só quem me serve. não é libertador olhar pro lado, e daí descobrir que seria mais feliz ao lado de qualquer outra pessoa. é bom sentir desejo pela pessoa toda hora sim, é melhor ainda seduzir com o olhar, e não ficar receosa em ser rejeitada porque o outro nem mesmo te acha bonita e deixa claro isso sempre que pode. quem ama o feio, bonito lhe parece. e quando você está encantado, acha lindo o imperfeito, o dente da frente meio tortinho, alguma marquinha de nascença, o ossinho do nariz. caramba, como é bom sentir isso, e como eu gosto, sem me importar se vai ter fim ou não. isso não importa. o importante é enquanto existir te fazer acreditar estar no instante do pra sempre.


eu quero isso de volta.



diário de bordo - parte final

e então me preparei pra volta. vim na primeira poltrona do avião, bem na frente, na janela. indescritível ver a cidade à noite de cima. pra não ter medo, fingi que estava numa estrada, e deu certo. mas as cidades ficam lindas de cima, e quando foi chegando fui percebendo que era a luz os caminhos que formam. enfim, complicado de explicar, mas foi incrível!

me arrumei toda, me produzi, tava lá, toda bonita, e fui sutilmente broxada. e ainda estou assim, do mesmo jeito, broxadaça, na verdade, porque a situação ainda piorou. não que isso determine minha alegria ou felicidade em absoluto. estou broxada com uma situação, e não com minha vida, que é linda, colorida e foda. é que, sabe, decepção demais em bruna tanto bate até que faz ela ficar cansada e querendo bastante outras companhias.

a gente explica, explica e os outros teimam em não entender nada. ou então não entende porque não quer. todos os prazeres excessivos aniquilam. querer liberdade demais a qualquer preço, entender tudo como um ataque frontal à sua individualidade definitivamente é coisa de quem muito se julga o centro do mundo. é simples, só não vejo porque caminhar ao lado de alguém quando não se tem vontade de estar perto, ao contrário, se faz de tudo pra estar longe, pra estar com outras pessoas. claro, deve ser pior pra quem não gosta do que pra mim, porque eu só tenho a lamentar.

desde que o mundo é mundo, quando se tem alguém que gostamos, nós queremos estar bem com essa pessoa, agradá-la na medida do que no é possível, e isso não significa que seremos menos, ou que seremos anulados. é um mínimo de dedicação, de vontade. e queremos também estar perto dessa pessoa. se já não temos vontade de estar perto e preferimos SEMPRE qualquer outra coisa e qualquer outra pessoa, acho a hora perfeita pra reavaliar se é isso mesmo que a gente quer. se o meu coração não disparar mais, esteja certo, eu caio fora sem pestanejar. porque é dolorido pra quem não está sendo gostado, ficar vendo, dia após dia, cada vez menos, menos...

e, olha, pode tentar arrumar um jeito de virar a história pra mim, dada a sua perfeição e frieza diante da vida. faz como quiser. de todo modo, olha que ridículo, eu estou tentando fazê-lo não me perder. mas se não der ouvidos, coloca um raça negra no rádio e escuta: "você jogou fora o amor que eu te dei, isso não se faz. você jogou fora a louca paixão... é tarde demais".

putz... e que pena que já tá entardecendo...

sábado, 16 de junho de 2012

diário de bordo - parte V

só porque era dia livre, começou com uma chuva que só vendo... mas enfim, saí mesmo assim, dei uma pernada pelo bairro, perdi tempo até demais conversando com dois caras - um gringo e outro fazendeiro -, e prefiro que me roubem as roupas que meus preciosos minutos. enfim, eles só queriam ajudar - e apreciar um pouco, talvez, homem vai ficando velho e vai ficando bobo, é capaz de dar a senha da conta pra qualquer menininha que aparece. bom, a chuva foi se dissipando e então decidi fazer o passeio que eu já tinha em mente: fui pra praia do flamengo.
a intenção era conhecer a praia, ficar sozinha um pouco, eu e o mar, eu e o fédon, numa bela e íntima conversa sobre a imortalidade da alma. aí escutei alguém dizer que era muito tempo pra se perder, moça, eu que não perco meu tempo duas horas num ônibus enquanto poderia estar fazendo outra coisa. tolinho. quisera todos entendessem a filosofia do caminho. quando não se tem objetivo, e se o ônibus quebrar no meio da estrada, tá tranquilo, afinal, onde mesmo se queria chegar? o caminho é lindo, praias, vida, movimento na água, no céu, na chuva que vinha e ia, vinha e ia. como pra mim cada instante É a viagem, parti pra minha introspecção quase casmurra. e além disso não adianta querer que alguém entenda o quanto eu GOSTO de estar comigo. vão entender que sou introspectiva. não. ou sim. foda-se. sou qualquer coisa se eles queiram, mas por favor tenha o bom senso de entender quando eu digo que não gosto de gente em volta de mim.
no ônibus, um doce cobrador chamado diego foi me falando o nome das praias e, embora eu quisesse mesmo ficar sozinha e apreciar, não chegou propriamente a me irritar. ele era bem bonitinho e simpático, não tinha discurso do eu como a maioria das pessoas, era simples e ganhou meu coração!
chegando lá, fui ter com uma grande nuvem great gig in the sky, vinha, e eu fiquei medindo a distância que ela se aproximava nas linhas de platão. quando já bem alta, supus que ela desabaria na minha cabeça e resolvi voltar.
fui caminhando pro ponto de ônibus e me acompanhou o marcos, moço bom, inteligente, surfista desde os dez anos de idade e que tem a bahia nos olhos e no coração. muito bela a conversa, não pesou, não me irritou, e ainda me mostrou o banheiro mais próximo. fui convidada pra uma cerveja mas, casta que sou - e de coraçãozinho cheinho cheinho de um certo moço aí -, não aceitei, agradeci, e sobre meu telefone eu disse que não era afeita a modernidades e não tinha telefone. é meio arrogante dizer "putz, não rola, não sou solteira". porque às vezes, vai saber?, realmente era só uma cerveja e mais boas conversas sobre a vida, sobre salvador, sobre política e educação e o homem como indivíduo e blá. acho que ele entendeu o recado. mas era uma boa pessoa.

aí perdi o ônibus, tive que correr pra pegar lá do outro lado da avenida, lá na frente, sob uma garoinha - o céu que ladra não chove... e o caminho, mais um tempinho fazendo o caminho da borda do mar, sentindo cada energia, de olhos abertos pra dentro, lembrando do meu coração de côco que me ensinou a aquietar a mente.

e vamos à parte final...

sexta-feira, 15 de junho de 2012

diário de bordo - parte IV

ai, que dia, meu brasil!

do que vale falar, do moço na praia que teimou que eu era a moça do comercial das havaianas. pelamordedeus. sinceramente, desconfio que ele devia estar vendendo alguma coisa e pensou que eu me renderia aos seus encantos e compraria. tinha cara de vendedor de chapéu.

meu pai me liga e diz pra eu tomar cuidado com cantadas por aqui. mano, qual foi? meu pai acha o que, que eu vou ceder a um "minha rainha" qualquer, me casar com o cidadão e não sair mais de salvador? ai, papi...

minha mente ficou me pregando peças sobre o quanto as pessoas não gostam de mim, não lembram de mim e vivem muito bem sem minha presença, obrigada! mas fato é que é assim, mas eu não posso é ficar lembrando toda hora. sou bem importante pra mim. isso basta!

fiz apresentação no congresso e foi foda, no congresso eu esculacho. sabe quando você percebe que agradou? mesmo meu tema não me ajudando muito e tal, eu tenho lá minhas qualidades oratórias e recebi até elogio! tão gostoso!

as chuvas aqui duram no máximo 40 segundos, foi a mais longa até agora.

só agora de madrugada que tá caindo um pezinho d'água mais consistente, hehe.

e de resto amanhã...

quinta-feira, 14 de junho de 2012

diário de bordo - parte III

e no meio de tanta coisa, tem gente doce, tem gente risonha e incrível que enche o mundo de alegria quando sorri. tem músico bonito, tem professor simpático que parece o john locke e que me incentiva a roubar frutas, tem tanta beleza... regado a kiwi e som agradável e risos, muitos risos, eles que eu amo e que não abro mão de ter comigo!

eu me pergunto porque alguém se pode deixar enfeiar um rosto, perder uma expressão serena e terna. mas essas questões ficam prum outro momento...

agora eu só quero finalizar a noite reiterando que são lindas as pessoas que passam pela nossa vida assim, por acaso, e enchem uma noite de calor num cidade longe de alegria de criança, de inventividade, de parceira, de vontade de ficar presa no momento ali não diria pra sempre, mas pelo menos por um bom tempo a perder de vista.

faz tempo, muito tempo que eu não sentia cumplicidade e essa alegria boba de criança tonta rindo do mundo com alguém - fora minha flor de maracujá... dá uma esperança boa, sabe, de que o mundo ainda tem pessoas leves, sem aspereza, sem competir, sem esperar nada, simplesmente sendo e admirando e rindo e se deixando seduzir pela pureza que há na vida e pela simplicidade que pode ser estar vivo.

é... acabo aqui o primeiro dia de relatos e sentidos novos de ares baianos!! :)

diário de bordo - parte II

cheguei na pousada depois de errar o ponto e andar mais do que pensava. a pousada é linda, tem minhas cores preferidas e me faz feliz. aí tomei banho e fui passear, explorar o ambiente. pra perceber que é bem estranho. escutei infinitas cantadas embora estivesse vestida de otária. mas, sabe, nem dá pra mandar tomar no cu como faço em são paulo: "ô, minha linda, quanta saúde, vice?" - leia essa frase com sotaque e demorando 15 segundos pra terminar e veja se dá alguma vontade/coragem de mandar o declarante à merda? não dá. enternece.
maior e melhor que a liberdade de tomar uma cerveja na faria lima no horário de almoço e matar todas as pessoas de terno de inveja, é a liberdade de andar na orla, vendo e ouvindo o mar, de braços abertos pronta e disposta pra tudo que a cidade pode oferecer!
vi coisas lindas e a pilha da máquina não estava carregada. estão cá na memória - mas já volto lá pra fotografar!
voltei pra pousada na busca por um restaurante barato e meio sem querer eu achei, quando fui desviar de uns senhoritos meio mal encarados. me senti a bixa mais magra da bahia: comi 8,50. acho que nunca comi 8,50 num restaurante por kilo. enfim, magra. me dei o prazer de um brigadeiro caseiro magnífico que derretou meu coração.
na rádio toca umas coisas diferentes aqui. eu lá entretida com meu brócolis e de repente começa: "à noite vai ter lua cheia, tudo pode acontecer... à noite vai ter lua che-e-ia. quem eu amo vem me ver". lembrei da novela "mulheres de areia" que passava quando conheci o pedro e uma noite que ele foi me ver, noite de lua cheia, eu abri o portão de casa cantando ela olhando pra lua, porque quem eu amava tinha ido me ver. bonita lembrança!!
eu tenho vontade de escrever o tempo todo, simplesmente. palavras me fascinam. ainda que sejam uma forma fraca de linguagem, caramba, como eu gosto, e componho, e disponho e sou poema, ele disse.
a vida é um troço foda. dá pra entender a razão de a gente ter de encarnar várias vezes. como a gente aprende!!
eu queria ter menos medo, ser mais confiante... eu por vezes não faço o que queria fazer. estranho admitir isso, porque sempre trato de encorajar todos. Mas o amor na prática é sempre o contrário.
entrou no restaurante um cara ingualzinho o tio marco, de corpo, alma e sensação de que era ele. amo tanto ele, e o fael, o amor maior que eu já tive!
as pessoas estão loucas, balançando as pernas sem parar.
chegando na pousada de volta - só voltei porque não tinha um canto sequer pra eu estirar minha canga e tomar sol! -, encontrei uma moça que vai pro congresso também. vamos juntas e raxar táxi e zaz. lindo. lindo mesmo. e mais lindo ainda vai ser ela ter um amigo baiano afrodescendente pra me apresentar. adoro ser paquerada por negros estilosos, confesso. daqueles que ouvem james bronw e tocam sax numa banda de jazz. nada de pagodeiro, a moda agora é tocar trompete em banda de jam session.
caramba! completamente sem querer eu deixei 2 azeitonas pra comer por último, uma pra mim, uma pro pedro. tó, príncipe! receba esta azeitona como símbolo do meu amor.
vai, saudade... diz pra ele...

diário de bordo - parte I

bom, e lá fui eu me inscrever prum congresso na bahia há meses atrás meio sem me dar conta do que estava fazendo, pensando, no fundo, que morreria antes e não teria de vir. pois estou viva e saltitante e o dia chegou. tive de viajar.

trouxe uma cadernetinha de florzinhas coloridas pra anotar o que me fosse acontecendo de interessante, de legal, de nada-a-ver, enfim, pra depois escrever no diário. mas acontece que meu diário de 2012 é, na verdade, um caderno brochura lindo de morrê-er, mas é fininho e as páginas estão teimando em acabar... e, pô, ainda é junho! daí achei melhor escrever aqui no blog, afinal, dá na mesma, continua sendo uma maneira de gente carente falar e falar e záz.

cheguei no aeroporto de noite e parecia que nem era eu que estava lá, parecia que o Universo tinha me enviado como espiã e eu era encarregada de tomar notas. vi gente estranha, gente que grita, mulher querendo dar, homem querendo comer a mulher que quer dar, enfim, coisas assim. aí entrei naquela bagaça, mano, por que ele não pode ir andando, que nem fica na pista lá, até o lugar de chegada? os aviões deviam andar no chão. signo de terra, sabe? não gosto nadinha de me tirar do chão.

tava um céu nublado, um frio lá em guarulhos. mas perante todo o meu medo muito louco e meu pavor estampado nos olhos, o céu falou assim: "toma um presente, menina!". e meus olhos choraram a alegria de ver o sol nascer do meio do mundo, de cima das nuvens, porque passando por aquela névoa é um mar infinito de algodão doce que me enterneceu o coração e me fez ver o quanto existe amor por mim, por nós, o quão infinito é o que tem pra lá, over the rainbow. foi foda. foi catártico. foi a experiência mais linda que o mundo me deu. o céu limpo, o sol ali, raiando forte, em cima de um chão que era nuvem mas era água quando se olhava despercebido, e que era terra quando um monte bem alto tocava e transpassava a névoa, e era fogo quando um raio de sol tocava e fazia um enxame de cores.

aí chegou. e fui viver a cidade, pegar o famigerado praça da sé que, assim como em são paulo, é o centro do mundo baiano e todo mundo vai pra lá. foram kilômetros pra sempre de caminho, mas tudo bem agradável, a cidade não é bonita, mas depois do espetáculo do céu de hoje acho que tudo é bem bonito e eu que sou chata demais pra ver.
de cima do avião, enquanto eu tentava adivinhar que praia era, vi o "auto shopping itapuãn", e passei na frente dele de ônibus também! olha que divertido...
passei em frente ao 'asilo dos azulejos', pode um nome tão lindo pruma loja de azulejo antigo?
no ônibus, uma moça vestida de baiana - que frase ridícula! ela É uma baiana, ela simplesmente era ela, mas pra mim foi lindo vê-la com aquela roupa verde, característica, bela!
na orla, uma loja sei lá de que chamada 'oviedo', a cidade pra onde eu e amanda vamos um dia pra ver se o juan antonio está lá esperando a gente prum convite indiscreto que nós certamente vamos aceitar e viver a vida toda os três, pintando, bordando e rodando.
no ônibus tinha rádio, e tocou 'civil war', do guns n' roses, pra me lembrar da dani e do quanto eu amo aquela pequena!
passou na frente das casas bahia na bahia, vejam vocês!
no teatro ISBA, está em cartaz uma peça feita pra mim: 'siricotico'. siricotico pra mim são umas coisinhas que me dão na hora de dormir, uma piniqueira no rosto, uma coceira doida na perna, que me faz não conseguir dormir grudado com ninguém, a menos que meu cansaço seja tal que eu simplesmente desmaie como se não houvesse amanhã.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

para o bem-fazer

minha flor, quisera todas as pessoas pudessem entender a nossa vida, o nosso jeito de gritar quando tudo está errado e logo enternecer diante de um sorriso. quisera que ao menos os que nos rodeiam pudessem ver o valor do cuidado, do carinho, do respeito, da parceria, do entendimento. mas o mundo já parece tão apartado disso que por vezes chegamos até a quase acreditar que devemos nos contentar com tanta falta de tudo.
só que aí nós, que somos princesas, nos damos conta de que as coisas são na nossa vida da maneira como dita o nosso coração. aprendi - com você, sobretudo! - a manter por perto só aqueles para quem eu posso oferecer sinceridade, a cuidar, a amar.

eu não implico com o seu ritmo calmo: eu amo da maneira mais sutil que se pode pensar. e cada vez que você me disser que precisa de mim ou simplesmente me quer por perto por capricho, eu estarei lá. estarei sempre nas mais diversas formas, de amor, de lembrança, de futuro, do que for. porque uma relação só pode ser se for assim. sem disputa, sem competição, com muita vontade de estar perto, com risadas e entendimentos que nós bem sabemos que não há por aí.
imagino daqui a anos, as nossas conversas ao longe, como ainda serão lindas e cheinhas de cor! e ao longe a gente rodopiando com saias longas e coloridas e livres como bem gostamos e completamente entregues.
me dei conta de que quase todo pensamento meu é pra você, porque você está em mim com uma força bela, é como minha consciência mesmo, meu pensamento passa pelo seu para poder ser aqui no mundo.
minha flor de maracujá, quisera o mundo pudesse compreender que se precisa de tão pouquinho, tão pouquinho. se precisa é de amor, por mais que pareça antiquado dizer isso. acho covarde, falso quando vejo alguém dizer que busca esse amor incondicional, a todas as criaturas, mas não ama quem o acompanha. meu amor ao mundo passa pelo meu amor a você, porque é o início de tudo, o amor a nós mesmos. eu me aprendo e me aceito a cada vez que te aprendo e te aceito, e a partir daí - e só a partir daí! - é que posso começar a tentar amar o mundo. é raro, minha linda, haver ainda relações sem temor, sem disputas banais, sem a necessidade de comprovação de sua superioridade pautada na inferioridade do outro. estou cansada, e tão cansada, minha flor, de ver e de sentir coisas ruins dos outros pra mim, inveja, crítica, competição; nunca soube brigar, nunca soube competir, e continuo sem saber. lembro de você constantemente quando isso acontece e me dá vontade louca de chorar, como se um chute tivessem me dado bem na boca do estômago. lembro que você chorava em discussões, porque você é doce, bem mais doce do que eu jamais poderia ter sido. agora eu te entendo. é um choro de desespero, de coração apertado. é um choro que hoje está aqui, mas não é choro lamento: é simplesmente a desistência da tentativa, da conversa, da possibilidade. é quando de fato a gente entende que não há nada que se possa falar e a conversa se encerra em si mesma. é aí que vem o choro, minha princesa: vem quando as palavras cessam e já não cabem mais, serão inúteis se forem ditas.
imagine só se ao menos quem está na nossa vida pudesse reconhecer a beleza da amizade, do companheirismo, da parceria plena. pra que serve então o outro? pra gente discutir, implicar e reiterar o lugar dele como menor do que nós e assim podermos nos sentir maiores? será possível que é só essa língua que o mundo fala? não, minha flor mais linda, não é possível que seja assim. me nego a ver, caso seja verdade, e passo vendada pelo mundo. porque na minha casa colorida só entra quem saiba viver dum jeito pleno, feliz, leve. não quero e nem preciso de quem critique absolutamente tudo que eu sou e faço - talvez por não gostar mesmo de nada em mim, talvez por ser covarde mesmo, ou por se sentir tão inferior que precise dessas estratégias pra tentar ficar seguro, ou ainda porque esteja com um ego tão inflado e se julgue tão conhecedor da verdade universal que pensa ainda estar 'fazendo isso para o meu próprio bem'. caramba, né? não precisamos de nada disso. para o meu bem, minha princesa, bastaria que todos fossem. só. livres de querer qualquer coisa, de disputar comigo, de querer entender, de querer convencer. as coisas são tão simples pra nós, quisera o outro pudesse entender também tanta simplicidade, simplesmente o deixar fluir que é o amor maior.eu quero descansar agora. acho digníssimo olhar o mar, te ter do meu lado e simplesmente esquecer, fingir que o mundo é um palco pras nossas danças de cigana, valsando como valsa uma criança que entra na roda, a noite tá no fim... valsando só na madrugada se julgando amada. a gente teima e enfrenta o mundo se rodopiando...

minha menina, meu coração batendo em outro corpo.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

do olhar


tenho uma crença boba nas frases lugar-comum que dizem ser o olho o espelho da alma e blá. não costumo me enganar com olhares não. sei quando tem paixão, sei quando tem carinho, quando não tem nada.
gosto de olhos que me dizem algo. tem uns olhos que a gente olha e não vê nada lá dentro... parece que está meio translúcido, não gosto não. não confio. nem em olhos azuis. sei lá, me passa algo meio traiçoeiro...

está tudo lá. dá pra saber se a pessoa é egoísta, calculista, fria, sensível, doce, verdadeira. aí vida afora a gente vai aprendendo a ler esses traços do rosto todos combinados com os traços do agir, do falar, do andar, do viver.

e nos olhos dele eu vejo tanta coisa... vejo sem fim de possibilidades, e é engraçado que desde os primeiros dias eu vejo a mim mesma. eu gosto de olhar, eu ficaria olhando por dias a fio, ainda mais se fosse num lugar bem idílico, mas serve também um ônibus qualquer pra paranapiacaba, porque de todo modo vamos mesmo esquecer de todos em volta...

é bom o tempo passar e os olhos continuarem sendo o meu refúgio de amor, onde eu encontro o carinho que me apazigua.