quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A varanda...


Varanda é como possibilidade de horizonte. Na varanda, onde a lua se levanta, nossa rede se balança, serenata pra acordar. Mesmo no alto de prédio na cidade grande, mesmo assim. Varanda é a janela maior, onde dá pra debruçar. É onde começa a visão, onde termina o interior da casa, num meio termo entre a gente mesmo, o nosso lugar e o lugar todo. Estranho que eu queria tanto uma, de frente só pro verde porque de concreto já basta o dentro-de-casa. Minha vista fica tão presa dentro da minha casinha pequena que parece vazia. Na varanda a criança se debruça; na varanda, onde o ar anda depressa, vai embora na conversa nossa pressa de ficar. Só fica a vontade de uma rede, estender almofadas, tocar músicas daquelas que enchem o coração de alegria, ter ao lado uma boa companhia, conversas leves e risadas sem fim. Se eu tivesse uma varanda, daquelas grandes que cercam quase a casa toda, com chão de madeira, não sairia de lá nunca, e ainda colocaria um sofá, que é praqueles que não gostam de sentar no chão ou pra eventualmente dormir por lá mesmo.

Além de mim, sei agora que outras pessoas espalhadas por aí também querem uma varanda, também querem uma rotina que envolva uma vista verde, música, assistir a chuva, contemplar a possibilidade de horizonte que a varanda oferece. Na varanda, onde a flor se arremessa, onde o vento prega peça, nos traz festa pelo ar.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

that's all folks!


Toda sintonia acaba. Acaba porque o ser humano é tão finito na existência quanto nos sentidos. Essa história de que "se é amor, não acaba" é mentira, é balela, e na verdade todo mundo sabe disso: só serve pra gente culpar, inculpar, justificar as mentiras que contam pra gente. Mentiras necessárias. Aliás, as mentiras garantem todos os sorrisos e, depois de um tempo, todas as lágrimas. As palavras ficam mesmo ao vento, e dá uma vontade louca de lembrar do último beijo, do último abraço sincero, do último sorriso que você ofereceu e o último que o outro coração te dedicou. Mas quando um fim se põe, pega desprevenido, pra doer mais. Afinal, dor pouca é bobagem. Fins cheios de tentáculos, daqueles que vão aos poucos, até findar de vez, são sem graça. O fim inesperado tem cor cinza, não combina nada com o dia ensolarado que faz lá fora, descolore de vez a vida, tira as possibilidades, deixa os sonhos mortos e esquecidos, já que de nada adianta mantê-los na lembrança.

Eu tinha ainda planos, mesmo com tantas evidências de que estava tudo fora da ordem. Eu vou sentir falta de tudo, absolutamente tudo, do olhar de criança, sobretudo. Eu devia ter olhado mais nos olhos dele, acho. Talvez tenha me faltado coragem de olhar e ver o que eu não queria ver, porque viver de amor-e-cabana é bom demais. Mas uma hora fui obrigada a entender, de vez, que o problema não está em mim. Não há culpa desse lado, isso conforta mas também nem adianta de nada.

Agora é só me acostumar de novo com a solidão da minha casa pequena que parece vazia e aceitar uma coelhinha bonitinha de presente pra ter barulhinhos pelos cômodos...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

À MELHOR COMPANHIA


o frio nem tem sido tão intenso assim, porque eu tenho mãos e abraços dele. eu tenho a voz grave repetindo que eu sou linda - mesmo sendo ele a parte linda da gente! -, o corpo dele me rodeando sempre em demonstrações digníssimas do quanto já somos um, ajustados, harmoniosos, cúmplices. E cumplicidade é, sem dúvidas, a parte mais bela de um amor.

eu agora voltei a gostar de jogos, de café fresco com companhia, de barulhinhos bons de amor andando e vivendo pela casa, conversas de madrugada (poucas, já que sempre tem um despertador pra tocar...). o sofá em módulos - que ele vai me lembrar pra sempre de nunca mais comprar - parece ter o tamanho do mundo quando a gente passa as horas lá, esquecidos do mundo, deixando todo o resto que há pra depois...
ficar boba não embobece, na verdade: cura, alegra, colore, enche meu dia de saudades; não saudades que choram, mas saudades que esperam... esperam chegar a hora de se ver. de abraçar, carinhar, sentir o que ele sente, querer o que ele quer...

dessa vez, devo dizer: foi perfeição, justamente pra compensar os amores errados de antes. não há erro agora, não há tempo ruim, é bom humor dos dois lados, mesmo quando é necessário brigar no ônibus porque alguem que preciiiiisa de um companheiiiiiro ficou com raiva da nossa felicidade toda, que transborda, que transparece, que faz brotar sorrisos em nós e em quem está perto de nós...

por fim, o amor é a razão de eu acordar feliz, ficar nem que seja 10 minutos na estação de trem tomando café de banquinha com bolo, eu, que nunca gostei de bolo muito menos de estação de trem...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

E AGORA?


Tem uns astros dizendo que amanhã se inicia uma nova fase pra mim... tá bom. Acredito, o que mais cabe a mim? Horóscopo serve mais pra nos influenciar em determinadas direções do que pra mostrar verdades. Seja o que for, é fato que hoje eu já tinha me programado pra decidir coisas importantes. Então, já que é pra felicidade dos astros, combinado: amanhã começo uma nova fase!
Tem tanta coisa pra eu decidir... tem pessoas que eu quero trazer de volta, vozes que eu quero ouvir de novo em bares da vida, aniversários chegando que eu gostaria de comemorar. Mas tem também ares novos, com medos e receios que sim, devo dizer, me fizeram parar completamente a caminhada. É tão mais fácil se manter onde eu estava, tinha uma pitada de sofrimento mas era uma certeza de que, ainda sofrendo, era por algo já encerrado e, sendo assim, era tristeza congelada.
Agora não. Agora são receios novos, medos novos. Medo de não ser feliz quando na verdade eu já estou sendo feliz... estranho isso. Eu tenho vontade de me jogar por completo mas sei que não tenho força nenhuma pra arcar com as despesas de sermos loucos. Eu, que tanto quis alguém louco, não sei se soube pedir ... se eu não pedi direito, Senhor, me perdoe. Mas não era bem isso, talvez. Acertou na paixão, na pele, na voz, no jeito, no carinho. Só foi uma dose exagerada de insanidade e bagunça. E eu tenho medo, muito muito muito muito medo. Não sei se é insegurança, mas se for, eu que trate de tirar logo do coração essa angústia toda...

E amanhã? Começo minha nova fase COM ou SEM ele?

segunda-feira, 26 de abril de 2010

me leva pra morar na praia?


Já há alguns dias, minha vontade é largar tudo, sair correndo pra praia, pro campo, pro fim do mundo, pra dormir no chão de terra ou areia, vendo o céu, com os olhos perto, bem perto, quase uma pessoa só... Tenho pensamentos desconcertados o dia todo, penso, lembro, relembro, reconstituo as palavras, tento apreender os momentos.

Uma sintonia de voz grave e outra voz aguda, sintonia de instrumento de corda, carinhos, chocolate. Esse primeiro-sentimento é infinito, dá convicção de que se pode tudo, só porque se QUER tudo, e o desejo passa por cima de qualquer bom-senso, princípio, fato óbvio. É sentir só, é vontade de ter uma cama do tamanho de uma praia pra ficar junto explorando o espaço por horas a fio, enquanto o sol nasce, se põe, nasce, se põe...

Agora, me sentindo assim, com muito mais vida, eu me certifico de que todo o período que levo pra adquirir novamente autonomia sentimental vale a pena, afinal, só assim eu pude não ser grossa quando ele chegou, não tolher possibilidade, deixar ele mostrar que eu estava enganada quando olhei e simplesmente achei que, como todos ali, ele era só alguém.

Era alguém que em 5 dias me tiraria o chão...

terça-feira, 20 de abril de 2010

seguuuuuuuuuuuuuuura, peão!!


Com 6 anos, eu vi numa capa de disco de vinil aquele que viria a ser a grande paixão da minha vida. Inocente, nem notei que ele tinha mullets...
Aos sete, decidi o que queria ser quando crescesse: dançarina de música country! Sim, daquelas que usa bota branca. Fiz um inferno na vida do meu pai pra ganhar uma bota branca e, quando finalmente ganhei, ele não me deixava usar em lugar nenhum por julgá-la brega. Nisso, meu pé cresceu..
É, agora eu também cresci. Ninguém acreditou na Bruninha quando ela decidiu que dançaria. Pois bem: decidi de novo o que quero ser quando já cresci. Claro que agora vai demorar mais tempo, vai demandar mais tempo também, mas eu tenho a maior esperança do mundo em mim mesma.
A música country e a sertaneja têm uma influência grande demais na minha personalidade. Aprendi a tocar violão, a cantar, a rodopiar, tudo por causa dela!! No caminho da infância pra cá, tantos caminhos que mudam com o tempo, tantas prioridades vão sendo impostas... sonhos como esse, como ser professora de História de cursinho, vão se perdendo: isso assusta. Sonhos não se pode perder, ele leva tanto a ser construído, desenhado e re-desenhado na nossa cabeça... Por isso eu reavivo tudo agora, e me permito, sempre, ir adiante, aprender um novo passo, uma nova coreografia, pois definitivamente eu encontrei motivação pros dias...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

durma, medo meu!


Medo eu tenho muitos. Medo de dormir sozinha, de ficar sozinha em casa à noite, de ir beber água de madrugada, de levar um tiro na cabeça na rua, de ter uma doença grave, de nunca conseguir dirigir direito, de ficar desempregada de novo, de perder meus pais, de não poder mais andar, de não ter dinheiro pra viajar no próximo feriado (ou fim-de-semana, já que viagens são tantas e muitas!!).
Medo de aos 40 descobrir que não sou mais feliz como era (sou!) aos 23, medo de não lembrar mais dos pedacinhos da infância, de perder no tempo minhas lembranças de caixas e diários. Sobretudo, tenho medo de que ninguém nunca seja capaz de me olhar e ver exatamente o que eu sou, desde louca - já que nunca menti pra ninguém dizendo ser normal - até carinhosa no fundo, no fundo. Meus medos se inter-relacionam, fecham-se todos no medo conspirador de não conseguir apreender a vida, eu, que sou agitação, loucura, insensatez. Medo de não ter mais momentos como ontem, pulos, bexigas roubadas, amizade sincera, tecidos e palhaços, brincadeiras, anéis perdidos e achados num espaço grande de concreto que parecia ser o quintal de uma casa de campo pra nós. medo, embora eu seja capaz de mover toneladas de mundo pra que esses momentos se repitam sem fim!
Por medo, eu não deixo de fazer nada. Medo existe aqui sim, mas orgulho não: deixar de amar, viver e me entregar só por medo de parecer idiota não é costume. Ainda mais depois de ter muito perdido por conta de um orgulho que não era meu, era tentativa dos outros de me fazer racional.
O medo só não pode cegar nem impedir. Medo, ao contrário, deve levar à vontade de libertação.

Assim como a saudade ou uma frase perdida, DURMA, MEDO MEU...

terça-feira, 30 de março de 2010

i can't take my eyes off you


Droga! Fato: ainda estou apaixonada.

Mega-power-blaster. Minha cabeça não pára de pensar nele. Mas não é uma paixão que deseja, é paixão que remói. Que sente pelo que não foi, que queria só um perdão sincero e uma possibilidade de virar boas lembranças no outro também.
Eu não alimento esperanças, já que isso não seria digno. Eu não quero nada, eu acho. Eu quero que o tempo passe às vezes; outras, quero que ele volte a descer a Av. Rebouças cantando Tim Maia, quero que ele se inverta e traga os momentos de 31/07 de novo. Eu não tiro minha cabeça daquela noite, e isso tem sido meu atraso e minha alegria. Eu não olho pro lado e não é por querer, vem de dentro. Vem da não-possibilidade de algo igual, parecido ou mais.

Eu tenho paixão sincera e isso irrita, dói, dá sorrisos, dá conversas de horas com minha flor que me tem.

Paixão que não tem fim é o tipo de coisa que dá cor pra vida da gente e depois tira as cores, aí volta a ter cor, aí fica preto-e-branco novamente. É como a sequência do Mágico de Oz.

eu teria ficado com você mais uns duzentos anos, como eu cantei em 24 de setembro, às 21:19...

e mesmo sendo tarde, mesmo com todas as marcas ruins de passado que me fez mal, nenhuma palavra escrita ou dita é mentira. é tudo verdade e eu diria quantas vezes fosse necessário, mesmo sendo parte do ontem, mesmo sabendo que não seria como 14 de setembro, quando simplesmente tocar sua mão o fez dizer que deixaria tudo se eu ficasse e que eu poderia levá-lo onde eu fosse. eu levaria de novo. eu ficaria mesmo presa em 31 de julho, em 3 de agosto, em 6 de setembro. em toda a brevitude do que me faz sorrir - e lamentar - até hoje.

terça-feira, 23 de março de 2010

olviedo


Eu tenho também tristezas estranhas, tive vazios: eu olhava dentro dos olhos e não enxergava nem mesmo cumplicidade.
Isso porque cumplicidade é o início de todo amor. Mesmo sem afinidade extrema, a cumplicidade importa. Eu tenho sorte na vida, uma sorte sem preço de ter alguém, cúmplice, amiga, companheira, sincera, sorrisos-meus, pensamentos-meus. Eu também, minha flor, já acordei sem entender nada.
Eu tive manhãs de presença apenas, eu mesma já causei isso a alguém. Hoje eu sei o que errei, com quem errei, onde errei. Mas muitas pessoas que nos deixaram vazias não entenderão nunca o que fizeram. A gente sentiu, a gente ainda sente, mas temos sempre aquela possibilidade de mudar, de olhar por outro ângulo, de virar o rosto simplesmente não esquecendo nunca do que foi bom. Foi, foi, foi bom e pra sempre será...

Eu vislumbro novos ares - mesmo ainda querendo abraçar uns antigos. Eu tento, mesmo aos poucos, me esquecer. Agora ainda mais difícil quando se tem logo à frente o prédio da MAPFRE seguros...

É... eu pegaria aquele avião particular e iria pra Olviedo. Eu iria pra qualquer lugar do mundo, eu seria a Cristina, a María Elena (que somos) e tô buscando nas lembranças Juans Antónios, minhas completudes, artistas plástcos, fotógrafos, pessoas com nome em Atos dos Apóstolos 13:1...

Amores [tristezas, vazios, silêncios, dores, saudades] são coisas da vida...

sábado, 6 de março de 2010

ELE IA SER O DONO DA MINHA SINA...


Minha ansiedade é já parte de mim há tempos. E por vezes ela vira nervosismo, de tremer e tudo! Pois bem, passei por isso ontem. Fiquei tão nervosa que não conseguia respirar, pensar e enxergar ao mesmo tempo. Parecia uma criança, uma adolescente boba ou qualquer coisa imatura e irracional.
Cabe ressaltar que esse nervosismo todo foi causado por três letras: OLÁ.
Algumas pessoas de tão marcantes conseguem tirar meu chão com três letras?? Será possível? É possível, aconteceu, e eu estou há 24 horas com um sorriso idiota estampado no rosto, um misto de alegria com tristeza, com arrependimento.
Esperei tanto, tanto por um OLÁ que, quando veio, tremi tanto que nem digitar eu conseguia direito. Não sabia o que dizer, o que pensar.
Agora eu já sei o que pensar: nada. Não tem o que interpretar, não tem o que se lamentar. O que está feito, está feito. Ele é exatamente do mesmo jeito que eu sempre soube que ele é, fascinante, sim. Imprevisível de tal modo que me faz ganhar o ano por simplesmente falar OLÁ. Simplesmente existir, talvez.

Oh, minha doce paixão...

quinta-feira, 4 de março de 2010

um meteoro


Eu não tenho uma facilidade muito grande, por assim dizer, em expressar qualquer coisa que eu sinta, boa ou ruim. Escrever é bem mais fácil, muito embora eu já tenha tido provas suficientes de que não é o meio mais eficaz. Isso porque ninguém está interessado em aguardar palavras escritas, mas sim em gestos feitos e frases ditas. De todo modo, eu escrevo agora a alguém de quem eu gosto bastante, por quem tenho um carinho sincero com trilha sonora de barulho de chuva no telhado.
Ele tem cara de bravinho emburrado, olhinhos pequenos, parece um menino na maioria das vezes. Mas mesmo assim eu sempre o vi como homem, como mais inteligente, mais competente que eu. Afinal, ele sabia que na guerra do Vietnã a quantidade de vietnamitas mortos é 4 vezes maior que a de norte-americanos. Ele me surpreendia a cada instante que eu ficava perto, e sempre tinha palavras certas. Eu o olhava de baixo pra cima, como se ele me detivesse em tudo, fosse superior em todos os aspectos que eu tentasse medir. Aí uma hora eu parei de medir e admiti pra mim mesma que sim, ele já detinha tudo que podia e era infinitamente superior a mim.
O jeito que ele mexe a mão, que ele respira, que ele suspira(va), era tudo tão friamente calculado que me fazia ter até medo de olhar demais e depois não conseguir mais ficar sem. Ah, sem contar que ele reclamava de tudo e parecia ser sempre um desafio fazer ele se sentir bem. Eu gostei de cada conversa, e foram poucas, pouquíssimas, muito menos do que eu naquela época gostaria que fosse. Ele entrou na minha vida sorrateiro, dizendo que gestos valem mais que palavras e protagonizou gestos simples, gestos que eu nem sei se eram sinceros mas que hoje pouco importa saber. O ar que eu precisava respirar no início do ano era o dele, e foi, e por isso já sou grata.
É uma figura estranha esse sujeito que dormiu um dia me achando a menina mais legal do mundo e agora mal fala comigo. Isso doeu, mas agora não dói, porque gostar gratuito é assim, e eu sempre soube que era gratuito, embora ainda não tenha entendido muito bem por que raios eu o conheci. Mas pra tudo há um propósito – é?? – e eu continuo tendo o maior carinho do mundo por esse bravinho mesmo que ele seja chatinho, grosso, mal-humorado. Ele entende as piadas de Cidade de Deus, de Tropa de Elite, ele é seguramente um alguém que, se eu pudesse voltar atrás, teria sido só amiga pra que hoje nós ainda fôssemos amigos, porque ele é ótima companhia, ele ri das piadas idiotas que eu faço, e ele me faz rir também. Ele tem o mesmo senso de humor, ele bebe, ele não se importa com a minha desclassificação, ele tem uma família linda, é amável (com todos, menos comigo...), é carinhoso e me faz bem.
Em breves linhas; ele é PHO-DA². Mas ele não sabe. Ninguém conta, hein. Segredo.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

a castidade

Bruna - que gosto estranho querer comer filé de bacalhau à milanesa. Cê vai ser pai?

Fulano - logo menos...

Bruna - bom, posto que estou mais casta que a mãe de Cristo, não engravido tão cedo...

Fulano - definição de casta, por favor?


Pois bem. Esse pequeno diálogo me leva a esse post. A castidade. Bom, ela existe pra mim. Eu defini pro Fulano:

- Casta: condição atual minha, de duração indeterminada, em que eu não tenho aproximação nenhuma com nenhuma pessoa do sexo oposto pelo fato de ter sentimentos ainda por outra pessoa.

Ridículo da minha parte, mas menos ridículo que muitas coisas que eu vejo por aí. Menos patético do que se sujar pra ter alguém de volta, fazer o diabo pra separar casais felizes... eu, se perco, perco com classe no salto agulha. Passo por cima sozinha sem ter de pedir pra ninguém voltar pra mim, porque volta, assim como ida, tem de ser espontânea.

Voltando à castidade, é assim que eu resolvo meus problemas: não procuro ninguém enquanto alguém-outro ainda está na memória. Eu sei que eu poderia pelo menos não mandar todos os homens do mundo pra puta-que-o-pariu, ou não ser tão grossa sempre com qualquer um que se aproxime, mas fazer o quê se não consigo de outro jeito?? Se eu der trela, se beijar alguém, se fizer qualquer coisa eu vou me sentir tão mal, tão mal, e vai ser como passo-retrocesso. É claro que eu preferiria mil vezes sair por aí tocando o foda-se, vivendo pequenas coisas enquanto não tenho de novo algo importante. Mas não é esse meu mecanismo, eu fico casta o tempo que for necessário, pra quando encontrar alguém que me desperte interesse eu estar lá, bonitinha, tranquila, livre...

OW...
Será que algum dia esse blog vai me ver sem estar nessa situação de tentativan de esquecimento?? Que coisa chata... nem eu aguento mais essa fase

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

amores e românticos são poucos, loucos desvairados...

Eu pensava isso durante minha viagem proutro estado. Românticos querem ser o outro, pensam que o outro é o paraíso, são lindos, pirados, choram com baladas, amam sem vergonha e sem juízo, mesmo certos vão pedir perdão, passam a noite em claro, conhecem o gosto raro - que eu conheço também, na condição de nada-romântica-grossa-até-demais - de amar sem medo de outra desilusão. Espécie em extinção. Mas havia alguém romântico por mim, isso me fez ganhar o mês, o ano, a vida. Porque existem amores de diferentes espécies:

amor de ônibus, amor de moto
amor de companhia, amor de sedução
amor de olhar, amor de mão (pode ser um nos dois)
amor sincero, amor bandido
amor lindo, amor desajeitado
amor que entende a gente, amor que não faz questão e quer te amar mesmo assim
amor de dia, amor de noite
amor de vida toda, amor que dura menos que uma gripe (como esse meu último)
amor de bolero, amor de sertanejo, amor de samba (não tive)
amor que você canta 'tive sim outro grande amor antes do seu', amor que você nem canta porque não quer quebrar o encanto
amor de novela, amor de robertojustusebigbrother
amor de interioridade, amor de corpo inteiro
amor produtivo, amor re-produtivo

São tantos amores...

Tive todos, talvez. nenhum melhor que o outro.

Todos parte de um todo que hoje chamo HISTÓRIA.

Amores com gosto de café, amores sem gosto definido mas gostosos pra caramba...

Alguns eu sinto falta, outros estão nas caixas a eles designadas, outros ainda podem voltar, se quiserem.

Só que amor é complicado. droga, muito complicado. a linha mais tênue é a que separa o amor conjugal do absoluto nada.

Hoje? Tem nada não... [tenho meu violão...]

Há de ter algo.

Amor não se implora, nem se joga fora.
Amor a gente conquista, e não há quem desista se o coração chora.

Chora porque esse choro de agora, assim como os choros que esses textos já viram, viraram sorrisos de lembranças boas...

Essa noite estou fixamente lembrando da noite do dia 14 de setembro. Fui pro outro lado da cidade, de madrugada, trazer um desses amores loucos de volta. E ele disse: "me leva onde você for". Eu o levei comigo, juntinho, pertinho, pois ele era o outro lado de mim, a metade, a tampa, a alma-gêmea, enfim, qualquer lugar comum ele era, mas um lugar comum que não cabe em nada que eu possa escrever.

Foi tudo verdadeiro, de julho a outubro. Meses de frios e de chuvas, e de abraços, poucas promessas, leveza e olhares que são parte de mim ainda, que eu não esqueço, que eu procuro em outros que não chegam aos pés, que não são nada perto do que foi esse carinho puro de conhaque com chocolate numa noite fria do fim do mês de julho.


Eu apenas queria que você soubesse...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

LET THE SEASONS BEGIN!!

Ontem tive uma das melhores noites da minha vida. Assisti ao vivo ao primeiro episódio da última temporada de LOST. Parece pouco, principalmente para aqueles que não gostam ou não acompanham a série. Mas para mim, devo dizer que foi o início de uma temporada também.

Eu me comprometi a não esconder dentro de mim a tristeza mais, quando ela vier. Agora se necessário eu vou expressá-la, para que possa expulsá-la também. Fingir que não há nada e simplesmente sorrir é eficaz a curto prazo, mas tem efeitos colaterais intensos.

John Locke ensina com o sorriso largo e os olhos sinceros que nothing is irreversible. O tempo reverte, torce, desmonta mesmo nossos maiores preconceitos, preceitos, princípios. Locke era o único que sabia que fora da ilha sua vida era mesquinha. Ele quis viver a ilha, viver a mudança, viver seu milagre. Eu, na ilha, agora. Vivo também o que me está sendo mostrado, encaro de frente cada texto a ser lido, cada pessoa a ser descoberta, cada perda a ser imposta. Isso porque, no fim, dude, we are lost! E se tivermos a sabedoria de Locke, a gente volta a caminhar mesmo quando dizemos em alto e bom tom que nosso caso é irreversível.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

EU MENTI

Eu, na tentativa de me limpar de amores estranhos, tive por aí umas inventivas. O tempo foi passando, afastando o rosto, o cheiro, tudo. Criei um monstro - às vezes acho - e me foi eficaz, pois pude até mesmo me apaixonar de novo. Mas agora, depois que outra vez uma onda fortemente explosiva passou por mim e voou, eu lembro desse amor estranho sabendo que foi uma das melhores sensações da minha vida louca. O entendimento, o olhar, a entrega, nunca foi daquele jeito. Sinceramente? Quase a toda hora me bate uma sensação imensa de que era ele, de que nunca será daquela maneira com outro alguém. Não tenho mais paixão por ele, nem vontade de ver, nem porra nenhuma. Mas hoje vejo, de longe, como uma foto borrada postada aqui, que nós éramos FO-DA. Não havia tempo ruim, havia sintonia de dias perfeitos, de frio ou calor, de karaokê, de amizade já de anos, de café quentinho a manhã toda, de músicas que hoje não me fazem chorar, mas sorrir.
O mais forte de tudo era a maneira como eu sentia, nos braços dele, que ele era meu, eu era dele, sem que fosse preciso DIZER isso. Ah, sim, foi ele quem ensinou: ATITUDES VALEM MAIS DO QUE PALAVRAS. Ele se calava, ele se levantava de noite pra ir buscar licor na chuva, ele me olhava de uma maneira tão profunda que me envolvia e me arrepiava, me fazia sentir que havia na Terra alguém pra curar todas as tristezas, alguém pra ir PARA QUALQUER LUGAR NO MUNDO, alguém louco e inconsequente como eu e que me fazia completa e feliz, que enchia minha manhã de sorrisos e caras de bobo que me lançava.

Céus. Como eu pude não perceber? Eu também agi errado. Não quero nada de volta. Não é tentativa de recuperar nada, mesmo porque o que está feito, está feito... Mas agora sim me dei conta de que não era uma mula talvez, de que não foi ave de verão, não foi paixão bandida. Poderia ter sido tudo que eu precisava naquele momento, hoje e sempre. Eu errei.

Não vou mais errar e vou sempre ler as entrelinhas, por mais que haja insegurança, por mais que seja difícil acreditar que alguém gosta de mim verdadeiramente...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

lost


Minha real vontade é repetir o post das aves de verão. No entanto, escrevo linhas dignas do que eu vivo agora, do que toma conta do meu olhar, me faz só ouvir o barulhinho da chuva. Ah, mas espero que esta ave não seja de verão porque poucas coisas fazem tão bem...

E tem muito por trás do cheiro da pele. Porque, afinal, tudo é parte de um grande alinhamento de histórias, que se cruzam, se interlaçam pra constituir nossos dias bons e que parecem curtos, de fato.

Dá horas de saudade.

Gosto de pôr-do-sol.

Sem mais.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

novo, belo

No penúltimo dia do ano, encontrei no portão da minha casa um carta de baralho. Um 8 de copas. Dias depois de minha flor de maracujá também ter encontrado uma carta, um 6 de copas. Fiz como ela: em busca do significado. Li diversas coisas, filtrei algumas. No fim, o abandono.

Abandonei, então, nos dias que se passaram, qualquer coisa que não me faça bem. E talvez por isso a vida me trouxe algo de novo, algo bonito, um encanto que, ainda que efêmero, me fez deixar de lado e esquecer sentimentos fadados ao fracasso.

Eu pude ver luas na janela, estradas, verdes sem fim, ter conversas de uma harmonia que pouco existe e agora eu penso tanto, tanto nesses três dias que tive que parece até que minha casa não me abarca mais.

Por mim, não teria voltado. Se houver proposta, volto correndo, sem lenço, sem documento, pra subir morros e morar no pé da serra.