quarta-feira, 21 de outubro de 2015

nossa sina é se ensinar...


Sabia eu, sem ver você, o quanto seria possível me apaixonar?

Será que alguém consegue sentir assim tão puro de outra forma?

Você me fez outra quando eu ria entre as dores e forjava que aquilo passaria - e não passava -, que você chegaria - e não chegava! Eu nessa mundana pressa, e você que nem sabia dessa gente tanta e dessa pressa toda...

Minha vidinha que ali comigo estava todos os dias, você sabia que eu já amava e mais ainda te amaria quando te vi sair de mim?

Não, não há maior amor no mundo. Vi seu rosto ao chegar, e pros primeiros dias seus na Terra, nessa experiência humana, parte ao meu lado, sinto o coração explodir, irradiar uma felicidade e um amor que sinto vontade de dividir com cada ser vivente, com cada minuto.

Seus movimentos, cada e todos, seu chorinho que me alegra e me faz quase gargalhar de alegria por você ter chegado. Eu não sabia que te queria tanto, meu pequeno.

Não tem mais Bruna sem os seus resmungadinhos pela casa, sem a sua companhia, como poderia viver? Você tinha de estar aqui, me ensinando com biquinhos despretensiosos, com gestinhos que me ganham e me fazem querer e ser o melhor que há em mim, e só.

Precisamos nós de mais alguma coisa? Agora, pequeno, dá pra mãe entender cada dificuldade, cada choro engasgado, cada revolta, cada medo, cada receio que ela sentiu nesses meses passados. Era tudo pra ela, agora, te olhar e entender que, pro melhor acontecer, é preciso primeiro abandonar as velhas roupas, deixar as velhas mágoas, os velhos hábitos. Não tem mais dor que caiba num peito que tem apenas cuidado. Não tem mais lembrança ruim que sobreviva quando penso na hora que ganhei-te.

Ah, gratidão eterna, e a todo tempo, pelo maior presente e pelo meu renascimento quando você nasceu de mim.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

errado mesmo é amor menor



O que é preciso pra se viver um grande amor?
Banalizou-se o grande amor.

Aprendi esses dias despretensiosamente nos caminhos. Aprendi que, quando se faz paz no coração, quando se é amor e só, não se vê o tempo passar.

Caramba... e como será isso de não ver o tempo passar?

Imagino um sentido de cores leves, que se pode olhar a fio, sem descanso, sem cansaço nenhum. Imagino, ainda, dias que amanhecem leves, tranquilos sob o sol da manhã. E se não fizer sol também, quem liga? O sol sai do encontro, sai do sorriso, sai das palavras bonitas ditas, ou dos atos verdadeiros.

Imagino que deva ser bom ter isso, menina. E de alguma maneira só saber de poucas coisas da sua vida, parece que até a minha alegrou! E eu entendi que, na verdade, é possível sim se viver um grande amor.

E grande amor tem a ver com quê, afinal? Quem é que pode ser o nosso grande amor?

Novamente, a menina: o amor te aceita como você é.

Caramba... e como será isso de aceitar o outro como ele é e ser plenamente aceito também?

Já cheguei a pensar que isso era, na verdade, ser retrógrado: ora, como aceitar algo que está errado? O ideal não seria sempre caminharmos adiante, avante, e melhorar?

Ora... Bruna, Bruna... você sempre na virgianice de entender tudo ao pé da letra!

Nada, Bruna, acorde, abra los ojos: aceitar o outro é simplesmente entender cada momento dele, gostar da pessoa, e não querer formatá-la dentro dum molde que você construiu do outro. Tem-se que amar tudo que é do outro; tem-se que aceitar tudo o que é do outro; tem-se, ainda, defender tudo o que é do outro!

Pois tanto ouvi nos últimos tempos sobre o quanto de coisa eu deveria mudar, e nunca entendi direito... Ora, por que preciso mudar? Preciso mudar pra que se goste de mim? Cansa... cansa estar sempre errada, cansa não se ouvir nem ao menos uma palavra que faça querer continuar e sentir-se plenamente você mesmo.

Menina, obrigada! Obrigada milhares de vezes. Eu sou quem sou, e minhas mudanças serão, claro, precisas, e feitas, mas a seu tempo, em um processo natural, lindo, silencioso, verdadeiro. Mas quem me gosta, goste-me assim, como estou, como sou, pouco importa o verbo... se é estado ou estado permanente, isso tem pouca valia.

Mas daqui pra frente encanta a paz, a vontade de seguir, e só eu sei como imagino ser lindo sentir que o tempo não passa. Que a vida é uma estrada longa que pode ser traçada ao lado. Que haja então ar livre, bicicleta, poeira da terra do chão, café coado cedinho junto com a manteiga derretendo no pão fresco; que haja, ainda, amor aos baldes, e sons de criança, e fim de tarde da janela, debaixo da árvore, de pés descalços. Não quero que a gente calce os pés pra viver...

sábado, 25 de julho de 2015

das mentiras e das fatais desilusões



há que se pensar antes de agir de qualquer maneira que, ao aparecer,vá causar ferida.

há que se escolher bem as palavras. porque, quando ditas, se feitas em vão e se descobertas mentiras, não se pode mais voltar atrás.

há que se parar de culpar o outro por tudo. you'd better dig and take a look inside yourself.

as mentiras vêm à tona. uma mentira pode salvar seu presente, mas condena seu futuro. e coloca em risco todas as verdades. contudo, aprendi ao longo do tempo que procurar meias verdades ou caçar mentiras, embora num primeiro momento pareça ser uma solução mais eficaz do que entregar a vida ao tempo e esperar, tem ônus irreparáveis. é como uma indução àquilo que o Universo naturalmente faria por nós. por cada um de nós. não me convence a ideia de que o grandioso Mundo deixaria um ser que age em retidão ser cerceado e atingido por algo que verdade e pureza não seja. eis que, sem acelerar o processo e a ordem natural das coisas, tudo o que nos é dado sem plena justiça nos é posto à frente. pela exata divindade das ações: não fica algo sem encaixe aqui. isso é claro já. em mim muito foi procura até então. desde há pouco decidi simplesmente confiar, acreditar e me abster de desconfiança. isso porque é mais fácil mesmo. mais simples. deixar o rio seguir seu curso é o que melhor se pode fazer. assim deixa-se o rio-Universo fazer seu trabalho da exata maneira como tem de ser, nos conferindo, assim, nem mais nem menos do que o justo.

há que se pensar, sempre. e não fazer ao outro coisa alguma com que não queiramos esbarrar.

há que se escolher bem as palavras e os atos, e ser conduzir pela verdade do que vem de dentro de nós mesmos. a verdade não é uma entidade chata e monitoradora. é simplesmente o que é natural. o que sai e flui.

verdadeirize-mo-nos!

segunda-feira, 13 de julho de 2015

da atitude


agir é o que?

quem define o que é tomar atitude?

olha, devo dizer que atitude está vinculada à vontade.

possível certamente tudo é. todas as curvas da estrada estão no campo das possibilidades. afinal, cria-se um universo paralelo para cada coisa que poderia ter sido. 

nós poderíamos ter sido e, certa estou, em algum universo no litoral nós somos um, estamos juntos numa casa grande de mezanino, de peito aberto pra vida, de música que explode, de vida que se faz na outra vida, de amor dum tanto que, agora, eu nem mesmo vislumbro.

mas entre o possível e o impossível, prefiro o que tem menos chance de me machucar.

não culpe o outro por ele não ter vontade. não ter motor.

querer gostar não basta. querer ficar ao lado não basta. 

é preciso que a vontade tome conta de nós de tal maneira que fiquemos fortes diante de qualquer adversidade.

é preciso que tenha-se uma vazão de querer tão grande, mas tão grande, que fiquemos pequenos diante do que rubra, do que berra em nós que o dia não tem mais sentido sem o que se sente.

é preciso que não se sinta sozinho e nem se sinta saudade, porque o outro é em você.

me perdoe por querer isso. perdoe também por não querer com você. é, fato, está certo ao dizer que eu não sinto. não sinto e sinto muito pelo meu não sentir. gostaria de sentir você. 

mas acho que nosso tempo passou...

quarta-feira, 8 de julho de 2015

do machismo estrutural


para além do aborto masculino, outras verdades sejam ditas sobre o machismo estrutural que assola o mundo - e que nós, sem querer, giramos a roda a todo momento.

sem novidades sobre a concepção de um filho. é o que é, sempre foi da mesma maneira. não somos planárias ou platelmintos. é feito em conjunto. haver amor ali ou não é só um detalhe - ainda que na minha cabeça de princesa quadrada e ridícula, o amor tivesse quase que a obrigação de fazer parte disso. mas, ledo engano, querida: o amor está em algumas camas só.  não em todas. não estava na minha.

dentre milhares de baboseiras que escutei recentemente, eis a maior: mulheres solteiras que pedem pensão pro pai de seus filhos o fazem porque ainda gostam deles e querem chamar a atenção.

oi??

não. elas não gostam deles. elas podem simplesmente ser trabalhadoras pra caralho e não terem a quem recorrer pra custear a chegada de um filho, feito a dois, a propósito. 

elas podem, inclusive, ter feito isso por ser o último recurso. ora, venhamos e convenhamos: acionar a justiça é o meio mais demorado e complexo de se conseguir algo. quando uma pessoa opta por isso, garanto: há uma chance grande de ter sido essa a única escolha.

elas podem ter simplesmente visto que, de outra forma, teriam de continuar arcando sozinhas com tudo. e isso está longe de ser justo. elas podem ter percebido, logo cedo, que naturalmente o pai da criança não iria se prontificar a fazer nada que envolvesse responsabilidade. e amar é se responsabilizar. ter filho não é dar chocolate e pirulito e ensinar a andar de bicicleta. tem outras coisas importantes também.

claro que pode existir uma parcela de mulheres que, de fato, ainda gostam dos pais de seus nenéns e querem de alguma maneira fazer uma birra se o cara não quer assumir, sei lá. mas mesmo essas mulheres: caso esses homens fossem homens (e não estou falando de comer mulher pra caralho, porque isso está longe de ser hombridade), elas nem teriam COMO acionar a justiça para eles colaborarem, uma vez que eles colaborariam por pura e espontânea vontade, a despeito de estarem ou não com elas. elas nem prerrogativa teriam para isso. 

ou seja, fica claro: qualquer homem que tenha sido condenado pela justiça a pagar pensão alimentícia a um filho NÃO É UMA VÍTIMA. não é JAMAIS uma mulher que decide o valor ou as condições de um pagamento sentenciado judicialmente: quem determina é a justiça. e pronto. uma mulher que pedir um absurdo a um homem que não tiver condição de pagar simplesmente não será atendida em seu pedido. é simples. para tais análises e decisões, há toda uma estrutura. longe de mim dizer que tudo está correto no meio judicial. o ponto é que mãe que pede valores exorbitantes e irreais numa ação processual certamente, fatalmente, obviamente não terá sucesso. simples. um juiz não sai acreditando em conto de fadas. ele costuma ler o processo e sentenciar de acordo com as possibilidades de cada um.

cabe lembrar o óbvio: os 30% dos rendimentos que se convenciona sentenciar aos pais não casados com as mães de seus filhos são de extrema importância, úteis, fantásticos. mas alguém imagina uma mãe recebendo o salário e separando 70% para si mesma e 30% pro seu filho? não há essa divisão entre mãe e filho. e não deveria, em um mundo ideal, haver entre pai e filho também. 

homens bons, deles o mundo tá cheio. eu pessoalmente conheço vários. e acho, hoje em dia, que sou bem capaz de reconhecer um quando o vejo. não faz meu estilo ser moralista, feminista, e acreditar nos clichês de que homem é tudo igual, homem é tudo safado... pessoas são potenciais de tudo. de todos os lados e aspectos que se pode imaginar.

reza a lenda - e eu boto fé! - que meu pai ficou grávido com minha mãe. ele levava frutinha cortada no trabalho pra ela e a presenteou com uma meia kendall pra ela não ter varizes. depois que nasceu a minha irmã, ele lavava fraldas de pano (anos 80...) no tanque loucamente. ele não é um herói por isso. ele é pai. fez - e faz - a parte dele duma maneira que é difícil falar sem encher o olho de lágrimas. que o universo prepare a meus filhos um pai que seja ao menos um décimo do que o meu é. já fico tranquila e descansada sabendo que eles estão em boas mãos.

a grande questão nessa história é que é muito simples para um homem simplesmente abortar um filho e dar uma razão qualquer que seja. geralmente alguma razão baseada num outro machismo. fica a dica: não tá pronto pra ser pai? não gosta da mocinha? use preservativo. não coloque essa responsabilidade apenas na mão dela, pois a responsa é dos dois. no caso de uma gravidez, é fato que quem levará a maior parte da responsabiidade é a mulher, uma vez que o neném tá grudadinho, fisicamente, lindo e peixinho, nela. e tudo bem. é lindo sentir isso. apenas não me parece correto ou digno, ao ser cobrado a contribuir financeiramente, que um pai aja como vítima das circunstâncias e da maldade diabólica das mulheres, safadas que são desde os tempos mais primórdios, né?

antes de apontar o dedo na cara de uma mulher e dizer que ela pediu ajuda judicial porque é fraca, ou porque ainda gosta do cara e quer 'causar', ou porque é uma exploradora, seria bem bacana pensar... depois de pensar, seria ainda mais bacana pesquisar, entender do que se trata uma pensão alimentícia e compreender de que maneira um valor é determinado. senão caímos na baboseria machista de sempre, mais do mesmo, conversa pra boi dormir que mantém a gente no mesmo estado e na mesma frequência de inutilidade.


quarta-feira, 10 de junho de 2015

venha o que vier...



e num lugar longe, bem longe, lá no alto da colina, onde vejo a imensidão e a beleza que fascina, ali eu quero morar, ali quero construir nosso castelo de amor.

numa decisão que parece tão boba, de definir ou in-definir, re-definir, passar-longe-de-definir.

decidi não definir você. não saber das cores sociais que te podem condicionar comportamentos.

te quero livre, meu pedaço. livre de qualquer amarra a que pessoas e cidades possam te condenar. 

te vejo sem sapatos, descalços pés na terra, me ensinando o que você já deve ter, sinto, de outros lugares em que já viveu.

te vejo sem importar se é feminino ou masculino, seja seu gênero seu, seja o que você sentir vontade de ser. eu simplesmente vou te ajudar, te guiar, te dar o melhor que eu posso.

você pode vir como você quiser. eu saberei por inspiração divina e vontade ser pra você tudo que você precisar que eu seja.

não me importa a sua forma. não me importa te classificar como eu tenho virginianamente feito a vida toda com o mundo. me ajuda a desconstruir isso? 

vamos aceitar tudo o que é do outro
vamos defender tudo o que é do outro

você pode ser você. embora não esconda a satisfação lá dentro que seria ter você na terra, no mato, nas plantas, na natureza, na arte. te darei essa chance, te tiro daqui logo, e me desculpe por tanto concreto nesses meses, nós logo vamos embora pra nossa casinha de portas azuis, eu prometi.



nós vamos plantar e vamos viver de mansidão, de placidez, e você me traz o ar que eu pedi antes de você vir, me ensina a respirar.

te dar uma classificação logo agora seria, de fato, limitador. apenas venha. me deixe olhar você antes de saber maiores detalhes. deixe-me te desconstruir, deixe te pegar um serzinho humano nos braços primeiro, e depois, na maior alegria que se poderia ter nesse mundo, te dar um nome pra você viver na terra. um nome pra eu chamar enquanto você me chama de 'manhê' e eu acordo a cada dia mais feliz por o Universo ter me dado a minha companhia de vida.




domingo, 31 de maio de 2015

do outro


o outro pode ser um espelho bom
o outro é a medida que temos pra nos enxergarmos

mas, algumas vezes, o outro é o estranho mesmo
é o que não nos vê - só olha

e o outro também teima em não ver lado bom algum em você porque tem feridas também, feridas dessas que você não entende, que você acha que passaria por cima com resiliência, mas que o outro não conseguiu, não quis, não deu, e essa é a história

aí você já deixa de se importar, não porque não se importe, mas porque não tem mais energia

às vezes é preciso simplesmente abrir mão. faz bem e dá leveza entender que, em certos casos, seja pelas feridas passadas, seja pela circunstância atual, não adianta fazer absolutamente nada: por mais que você dê o seu melhor, e tente, e fale, e berre, o outro não vai ver e não vai e pronto!

então nessa hora é melhor mesmo você destentar - o que não significa que você não queira mais que tudo fique bem. é que às vezes, por mais que a gente queira deixar pro passado o que lhe é próprio e seguir, há os outros, na mesma avenida, no mesmo lugar, estancados, parados, teimando em lembrar só do que foi ruim

e ainda que a gente queira devolver as tristezas jogadas, acho que o digno é não devolver, não

essa escolha dói um pouco, aceitar ainda é dolorido no mundo do nosso ego

mas aceitar ainda é a melhor saída e, doendo ainda, a que dói em menor intensidade. não aceitar parece que endurece, enrijece o nosso dia

o outro é, e ao outro deixe ser. deixe-o ser como é, não tente mudar, mesmo porque só se pode agir no nosso próprio ser. então é justo também que se pare de tentar provar qualquer coisa, e deixa o tempo, o tempo bonito correr...

porque o ataque cessa

a ferida cura

os dias passam e no fim das contas só o que vai importar é o que foi sincero e o que foi feito sem rancor

[mas não esqueça que, para o outro, o outro é você

o ataque é seu

quem não enxerga o melhor do outro pode ser que sejamos nós mesmos!

pode ser que o outro também desista da gente, não por ser um fraco, mas por ver em nós as mesmas feridas que neles nós vemos]

prefiro, ainda, manter por perto só o que me faz bem :)

sábado, 18 de abril de 2015

das lembranças esquecidas



ao longo do tempo, as memórias vão se desfazendo, como se borrassem. e o pensamento tenta resgatar baseando-se em pedacinhos de lembrança, de bairros de casas.

não tenho das melhores memórias. lembro bem dos aniversários dos outros, dos antigos. mas dos fatos em si, do que aconteceu comigo, lembro-me bem pouco. esvazio inclusive importâncias por ser assim, pois desconstruo sentidos e é como se pedaços dos outros não tivessem sido. desculpem-me todos... mas de fato não lembro das coisas que você me falou aquele dia tampouco me lembro de quando fomos juntos àquele lugar incrível. no entanto, lembro-me bem das coisas que não fiz.

por vezes, basta uma ajuda para que eu consiga realmente lembrar de algo. mas, no geral, vivo dum modo intenso o presente. cada paixão nova é imensamente mais forte do que a antiga. cada novo dia tem a obrigação e o compromisso estreito de falar a mim mais perfeito do que o dia anterior. talvez seja sem querer essa a minha meditação. 

agora, depois de tanto não lembrar e de nem mesmo querer, tenho revivido lugares. descobri onde foi que brinquei, em 91, num quintal lindo de caquinhos e cimento, numa espécie de porão, com uma pipoqueira que acendia uma luz. e tinha uma fábrica bem grande de tijolinhos na subida logo na frente da casa, com as janelas quebradas. mas agora é um conjunto de prédios. como muitos cenários de quem nasceu nos anos 80. 

faltam certas coisas que pretendo resgatar.

aurora vai ter a vidinha construída sob meu olhar amando. daqui a 20 anos quero poder responder a ela onde mesmo foi que ela brincou aquele dia. onde foi, mãe? ah, como eu não vejo a hora de escutar um serzinho pequeno me falar: "ô manhê...". eu vou saber sempre responder, vou ser sempre a guardadora das memórias que na lembrança dela estiverem borradas. além disso, assim que ela chegar, vou automaticamente virar uma ótima cozinheira e aprenderei instantaneamente, como se um programa instalado à la matrix, a cuidar de roupas brancas.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

da aproximação do retorno


meu presentinho vai nascer bem exatamente quando o planeta vier me cobrar

e os amigos vão mudando...
(e como me apetece o novo, as novas risadas, os ventos novos e bons)

minha alegria vai começar lá na primavera

e os amigos vão indo
(talvez por nunca terem sido)

minha salvaçãozinha em formato de gente pequena aparece quando estou mais sensível

porque as relações são tão frágeis

de que forma construí meus elos?

me ensina, pedacinho meu? como faz pra não passar por nada disso de novo?

quero e me disponho a aprender, agora, a construir certinho

com bases que ficam

eu, você, meus amores verdadeiros e nossa casinha de parede branca com portas azuis

domingo, 29 de março de 2015

do presente que vem junto com você



ah, princesa, você não sabe a alegria que está sendo te conviver

por enquanto você é sentir e um imaginar, e logo em muito breve já te sinto doutro jeito mais concreto.

você tem trazido só coisas boas pra mim, parece que tudo está se encaixando dum modo harmonioso

eu todo dia sinto que consigo ser contigo exatamente o contrário do que eu tive. quero contigo o mínimo de erro e o máximo de amor, de vida, de cores e de dedicação. tudo que não pude experimentar estando em seus sapatinhos, flor, eu sou pra você. eu precisava aprender a cuidar, e vem você precisando de mim. eu preciso aprender amor desse jeito ainda nessa vida, porque deve ser lindo amar de mãe. eu sei-saberei-saberei-mais contigo

de uma maneira harmoniosa, parece que as coisas vão se ajeitando, se melhorando, cada coisa em seu lugar. você tem me feito melhor, tem me trazido só coisas boas, só sorrisos, mesmo quando vem algo que parece abalo sísmico

vida-pequena, se achegue aqui, mantenha o leito em mim enquanto já é mas ainda não vi, só sinto

se sinta em casa, se sinta amada desde já pelo meu coração

(a primeira amada do meu coração)

sexta-feira, 20 de março de 2015

vida bem vinda em mim!


chamei você e você veio.

chamei sem querer, não por não querer, mas por não tomar razão no pedido, e são assim as boas coisas que hão de ser: são pedidos da alma, mais profundos do que nosso racional consegue alcançar, querendo.

chamei nos sorrisos de vidinhas que por mim passavam, chamei nas músicas que ouvia, chamei na vontade vinda sabe-se-lá-de-onde de, finalmente, você vir.

e agora que você é comigo, ao mesmo tempo em que você sou-é eu mesma, em mim tão aconchegado, eu sinto que finalmente vou aprender amor.

sabe-se belo já, e você inclusive sabe mais de mim do que eu mesma sei. sente cada coisa que eu sinto, e sabe cada reação que tenho e se alimenta de amor meu. você é a parte mais pura que tenho, e te darei então daqui pra frente apenas nutrir feito de verdade.

me perdoe por dias de nublados sem fim, de choros e de correr. prometo agora ser branda, agora que somos nós apenas.

me perdoe também por toda e qualquer falha que, neste tempo sem-fim que passaremos juntos, eu hei de ter contigo. amor, incondicional, aprendo agora. e aprendo no presente porque será sempre aprendizado no momento do agora, a cada minuto de vida sua.

obrigada por estar aqui. obrigada por ter atendido o meu chamado. obrigada por ter vindo.

serás vida bem-vinda em mim!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

da carta


são paulo, fevereiro de 2015.

coração-selvagem-dela,

tenho observado a vida e a postura dela há tempos.

e, olha, acredite, ela tem mudado. tem visto tantas coisas que não via antes porque, sabe, as lições vêm rápido pra quem se deixa.

ela voltaria no tempo
na sua casa
nos seus braços 
no abraço de onde ela na verdade nunca quis sair porque era puro coração.

tinha nada de mente, era só coração.

mas aí isso deu medo e ela correu.

cada olhar seu ela lembra - mesmo que tenha se defendido dizendo que não. nem tente entender 'fugindo de quê?' porque nem ela sabe, pois, se soubesse, me teria dito.

ela tem você como quem mais a faz bem por existir, sem razão, como devem ser as coisas puras. que puramente são assim.

e por que você a julga tanto? claro, entendo, e longe de mim tomar partido dela, afinal, vejo o quanto ela diversas vezes magoa o mundo.

mas sinceramente será que é custoso demais olhá-la novamente? dar um pouco de crédito ao fato de que passou muito tempo, suficiente para que ela visse a ela mesma, visse você e pudesse viver de novo.

custa?

olha, não é por nada não, mas eu garanto que as coisas mudaram e que ela agora sabe bem melhor o que quer e com mais clareza ainda o que não quer. o passado pode ser aprendizado a vocês, mas não precisa ser empecilho. olha de novo. sente de novo.

sei que você sente, porque ela diz que vê nos seus olhos e sente nas suas mãos. ela também me conta que, quando você esquece, ela é a mais feliz criatura dessas todas.

andei ouvindo também que, não fosse o passado, o presente poderia ser maior. e, afinal, que é o passado mesmo? aprender é algo diferente de se armar. desarme, moço. você mesmo foi quem a convenceu a fazer isso.

eu peço, pare de culpá-la, e de temê-la, e de tratá-la assim, como se nada vocês fossem. os dois sabem o que sentem quando são um, e as vontades que invadem vocês e, mais do que as lembranças, o presente que são. os dois sabem que no mundo é difícil haver quem rodopie junto.

vai, tenta rodopiar com ela mais uma vez.

não conte a ela sobre essa carta. leia e se cale. mas faça algo porque é tempo disso.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

do ar-izar-se



há momento pra tudo debaixo do céu

há momento de parar

de respirar

e de escolher ser ar

(há momento de passar horas sem nem perceber percorrendo o mundo, com a melhor companhia que o Universo poderia dar para seguir jornada)

há momento de pensar - mas pensar pouco porque pensar demais, também, tá com nada

há, debaixo do céu, momento de decidir

há, ainda, o momento de andar devagar

de andar mais devagar que alguém, tudo bem, não tem problema alguém nos passar

de desacelerar a alma e o coração porque, afinal, pra quê mesmo que se corre?

olha, escolhi o ar

a opção melhor de todas agora

daí, se der vontade de gritar, grita

se a vontade for de chorar, ora, chore

sabe, no fundo por vezes o choro profundo daqueles que tiram da gente um pedaço estranho é bom e muito bom

e tão bom quanto isso é o sorriso sem fim, que inunda, que brilha o olho seu e o de quem te vê, de quem te quer bem e de quem nem te conhece

será que a vida não fica mais interessante na explosão?

será que não se pode também aprender nos extremos?

deve ser coisa de alma nova que ainda experimenta...

sorte por não ter nada a reclamar

está tudo tão perfeito bem assim!



domingo, 25 de janeiro de 2015

do que me interessa



quando se vê um belo sol se pondo ou vindo-se inaugural, parece que todo problema ou toda questão já sentido nenhum faz.

fica clara também a paz na solidão, a voz da intuição, que só se pode ter quando só está. quando só é. só de sozinha e só de simples, simplesmente.

o salto do desejo já pouco sentido faz. o agora se misturou com o infinito, e ali, bem ali se curva o tempo.

o caos do pensamento...

o que te interessa?

vidas bonitas
risos sinceros e, agora, carinho
carinho desse que é difícil dar por não ter tido

acho que, pra agora, candura na vida
doçura na vida. pra aprender a abraçar, pra aprender a ter ao redor vidas. aprender que é preciso conviver.

aqui e agora: futuro não há.

desses apelos de início de ano, que venha ar. arizar-se, ser mais leve, talvez. 

quando eu olhar pro lado em alguns anos, quero estar por perto só do que me interessa. então melhor já me preocupar em construir belamente os meus corações.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

do retorno e da casa 1


pois lá vamos nós...

olha só. nada disso seria dito a você. sabe, contigo não tenho orgulho porque, na real, te vejo tão numa criança que não me importo. sou criança contigo então.
eu não sei mesmo o que existe por baixo dessa tua pose toda. mas conjecturo. e dizem minhas más línguas da mente que você nem sabe bem o que está fazendo e nem está sentindo nada disso. como sempre, vai-se vivendo assim como num atropelo gritante. e eu gosto disso. não sei nem como nem por que diabos, mas eu gosto.

toda vez que algo me agrada, eu me engano pensando que o que faz faz porque sabe que eu vou gostar e sorrir por dentro. mas logo volto a mim e vejo que você só está sendo.

diverte saber que ainda se perde e perde as coisas e vai seguindo a vida como se nada fosse suficientemente importante pra você deixar de sorrir.

eu lá no fundo gostaria que as coisas fossem diferentes agora, e tivessem sido diferentes no passado, só pra que eu pudesse ver de novo o brilho gigantescamente brilhante que saía de você quando me via. mas, como passado passou, fico eu com apenas lembranças boas do grito mais bonito que ouvi, quando entra na água e parece que todo seu corpo se regozija.

seja e mesmo que eu não veja.

mas pudera eu ver...

respire alto e com esse tom de quem não se importa e tem o espaço todo pra te conter mesmo que eu não participe e não possa rir.

mas quisera eu estar em cada som.

isso tudo vai passar. é novamente ferida que eu fui tocar por ser esse o ano em que tudo vai se resolver.

resolvi dentro de mim.

agora começo a resolver daqui pra fora.

sinto vontade grande de outros dias mas convivo com os de já muito bem também.

nos acordes que eu ouvi nas horas últimas, lembrei duma época tão boa, tão doce, tão pura em que eu sentia como se com quinze anos uma certeza plena de que éramos nós, ainda que não tivesse certeza alguma disso.

thanx for being, babe.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

do limite



é. fato, sei nada sobre como lidar com o não.

para mim, a vida seria um eterno sim.

sim. sim para tudo que parecesse agradar.

sim para todos os toques que simulassem alegria eterna, ainda que não significassem nada.

quem foi que disse que se pede realidade ou pé no chão? isso dá pra ter de sobra sozinha.

quando se está em meio a outros, o que me parece arianamente bom é sentir, é sentir cada textura da pele, é gritar por estar feliz e é a voz de algo que não se entende. porque, na realidade, o que será que há? boto uma fé fantástica nisso: na realidade, só se encontra o que há de corpo, espaço, tempo e algum modo de dizer não.

sabemos quando parar? quando parar de pensar? parar de lembrar? parar de estancar? parar de sangrar?

acho que ninguém sabe não. somos duma imaturidade instintiva absurda, porque quando o corpo grita parece que a cabeça nem bem existe. mas e o controle das mãos? e o controle da mente então?

tens, tu. tenho nada.

tenho apenas muita e muita e infinita vontade.

de onde é mesmo que vem vontade? vontade vem, provavelmente, dum lugar extremamente turvo daqueles em que mal podemos encostar. da próxima vez, não encosto na vontade. a vontade, se deixamos nos tomar mesmo, torna-se o limite do humano.

vontade de viver no limite do humano.

sábado, 10 de janeiro de 2015

do próximo capítulo 19 - do devaneio segundo

que quer alguém que fere?

olha, leia: você me fere. ausente-se de sua culpa caso queira, mas saiba. sabendo, siga. e suma. quero nada de ti não, nem bom nem ruim, mas não me lembre que existe. 

as feridas, elas se curam, curam-se rápido, astutas são. 
e sorte, gratidão por ter na vida com quem olhar adianta e ver horizontes belos, porque sonhos são bons e nada de mal nos fazem quando sinceros, realizem-se ou não.

já é madrugada... acorda, acorda, acorda, dá corda, a cor...

e obrigada ao Universo até pelas feridas, porque elas me crescem.

e crescem e crescem de tal modo que a cada dia que vem eu sinto-me mais feliz,

feliz por ter janeiro inaugurando. feliz por fevereiro vir também, e por março, mês de áries, que tanta falta me faz quando lembro de ir ao longe em 5 minutos e voltar na mesma velocidade porque rápidos éramos, porque queríamos e tínhamos a mesma pressa de amar, eu e você. e quisera estar em ensaios de black balloon, e com alegria de ser bem-recebida e bem amada e dum jeito tão criança que acredito não haver mais após 84. feliz por abril que abre minha vida toda vez que vem, mal começa o ano e já e final de abril onde começa meu karma-a-resolver. daí maio, o mês de maio, e fique aí, mês de maio, onde está: longe. e junho que eu não entendo e nem quero, e julho que eu passa rápido e também não me faz falta, e agosto, que eu brilho mais, que eu aprendo a lidar cada vez que saio de cena e deixo o palco pro meu amor maior. e daí setembro, obrigada, setembro, por ter-me trazido, por trazer tudo aquilo com que se tem que aprender a conviver. daí logo agradeço por outubro, que traz um ar puro e talvez sem graça alguma, mas afinal quem precisa de graça o tempo todo?

eu.

novembro me mostra, quando chega, que pode ser cuidado e não só posição de lua ruim que me tanto faz não entender e querer não só ser diferente mas também olhar diferente, viver diferente, sentir muito diferente. dezembro, venha, e liberta logo tudo, venha com harmonia e me seja fogo-brasa.

devaneios vêm sempre. venham, são bem-vindos, vida bem-vinda em mim.


domingo, 4 de janeiro de 2015

do si-mesmo



comece sorrindo. daí então simplesmente faxine cada canto. aproveite e chuva que cai lá fora e se renda a um completo limpo, novo.

cada cantinho é visto novo, todas as coisas são arrastadas e mudadas de lugar, pra se sentir um cheiro de brisa boa e nova e energias paradas são todas movimentadas.

por vezes a rotina e os dias que parecem correr iguais - não correm, dias são! - dão a falsa impressão de que, tudo bem, deixe as coisas assim até que se tenha um tempinho ali pra organizar, afinal, não faz diferença, que correria, priorize outras coisas. aí então os detalhes se morrem...

agora os viva, procure no meio de tudo aquilo que não se sabe onde está. deixe nada sumido não. encontre nem que seja para que esse 'aquilo' encontre outro lar e outros ares novos.

encontremos ares novos nós também. ande naquele trem, faça aquela viagem há anos na espera, tire os sonhos da mente, traga-os pra cá.

nessa chuva e nessa arrumação de início, acaba por encontrar o si-mesmo.