segunda-feira, 29 de agosto de 2011

à palavra


hoje, particularmente, é daqueles dias em que se ensaia pra tomar uma atitude diante da vida. mas ficou no ensaio, porque tem palavra que machuca a gente e não se pode retirar. há pessoas que machucam a gente e delas a gente pode se retirar, se quiser. hoje, agora, eu ando querendo. eu ando querendo é verdadeiro sem tristeza, sem peso.

fica a dica a quem quer falar, expressar, comunicar: cuidado. cuidado porque existem princesas que com pouco se machucam, porque palavras têm sentido por si só e segunda-feira é o dia da palavra. então, esperem até terça ou então primeiro formula a questão e depois expõe. é equívoco acreditar que sair falando seja o mesmo que manter a comunicação aberta. pra tudo há que se haver destreza, preparo. a palavra só é tão irracional quanto o instinto puramente: pra bem usá-la, vale uma dose de precisão, adequação. afinal, corre-se o risco de, no caminho, se encontrar alguém que valoriza o que foi dito e demore, demore, demore, demore a digerir frases que agridem.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

fecho os olhos, mas vou


vou se for recebida, e me perco nas tramas de uns cabelos, de uns segredos. de repente, parece que me armei de esperança e de ousadia, porque não é à toa, de modo algum, que se sente tão profunda e belamente. só ouvir algo que se assemelhe a um 'venha'.

sábado, 20 de agosto de 2011

à loucura


mas se for loucura livre, se for de pés descalços. a loucura urbana é sem sentido. engraçado, se aprende no ônibus e no trem mais do que se poderia dentro do seu próprio carro. só sair de si um pouco e procurar a verdade de cada um a sua volta, cada vida espremida, omissa, reprimida, assim como você, eu, nós, que vai pro seu trabalho todo dia sem saber se é bom ou se é ruim

as pessoas estão loucas; loucas e doentes. é fácil perceber - e sinto que, quando/se caírem em si, se sentirão imensamente ridículas. o que faz alguém acreditar, de fato, que somos sortudos por estarmos em São Paulo, e que esse é o centro do Brasil no que diz respeito à cultura e a tudo o mais que há? A cultura está em tudo, qualquer produção nacional é cultura brasileira, oras! como desmerecer o frevo, o funk, o vanerão, o cordel? cultura, aqui, virou teatro e cinema e só. uma dita 'elite intelectual' dita as regras do que é som de pobre e o que é som de gente distinta. aqui tem gente presa, enclausurada numa idéia fechada de cidade que, no fim, consome o nosso tempo e toma nossa vida, fazendo-nos apertar parafusos todo dia, todo dia a gente faz tudo sempre igual e, no fim do mês, quando cai o salário, a gente tem a ilusória sensação de que valeu a pena. pagaram pelo nosso tempo, pelo tempo que podíamos estar com nossos filhos, irmãos, amigos, companheiros de jornada, olhando para céus bonitos, sentindo sons de passarinhos, ouvindo música boa pra alma, seja ela qual for. não me parece válido se contentar com a cidade porque se tem 'tudo' - leia-se: possibilidade de encontrar qualquer coisa pra fazer às 3 da manhã porque se vive imerso numa profunda solidão que nem mesmo nos deixa dormir...

quando é que a gente vai se dar conta, de fato, que a natureza é necessária e urgente pra gente saber das coisas mais bonitas e sutis? pra quando fica a consciência de que não é preciso matar a natureza pra sobreviver, nem perder o tempo-vida em prol de um meio de produção fadado ao fracasso, se não dele próprio, dos subsídios da Terra?

gente... só pensar. a conclusão é uma e única: aqui tá precisando de mudança...

terça-feira, 9 de agosto de 2011

thé à menthe - ensimesmado


Fato: é uma arte sair de dias exaustivos ilesa. Cá estou, ilesa, e profundamente em paz. Porque sei, agora, mais que ontem, infinitamente mais que mês passado, quem eu sou. Eu sou de voz alta, de muitas palavras, de muitos olhares e sobretudo eu sou de compartilhar. Ah, sou. E não hei de deixar de ser, oras, porque nada de ruim pode haver em querer compartilhar. Há pessoas que, de tão mergulhadas em si mesmas, esquecem de olhar o outro, que tá do lado, que tá perto-junto. Na tentativa de encontrar felicidade, abrigo, cura, elevação espiritual, tem gente que se tranca dentro de si, só vê o eu e pensa ainda que está de fato no caminho certo. Ver o mundo de olhos arrogantes não tem serventia não. A arrogância é um dom maldito, que a maioria tem, eu tenho, tu tens, ele tem. Mas ela cega. Ela cega, faz perder, faz minguar. Não há um só caminho pro bem ou pra felicidade ou pra "transcendência": o que existe são seres diferentes em essência e atos, e TODO SUJEITO É LIVRE PRA CONJUGAR O VERBO QUE QUISER. Por véu nenhum se é válido deixar de ser-se mesmo. Quando se deixa de ver o externo porque tudo se encontra no interno, acredite: se esgota, se fecha, deixa-se de criar. A vida tem de ser produtiva, produzir momentos, produzir presente - e pouco as pessoas sabem sobre o amor produtivo... Aprendemos sempre, a cada novo espetáculo (leia-se instante!); mas isso não significa anular-se. Eu, que sempre conjuguei da forma minha, não calo mais a Bruna, porque nem é necessário. Passada essa gripe última, volto renovada e livre!


E cá aproveito, ainda, pra lembrar que dia 10 de Agosto são 5 anos que conheci um sábio de estradas que fazia aniversário, de cores fortes, blusas vermelhas, boné amarelo e boleros bonitos. Só tenho a agradecer pelo nunca julgamento, pela sempre compreensão! A vida será sempre linda pra ele!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

re-descobrir


Tudo é sintonia, minha cara. Tudo é questão de estar subindo a mesma escada, seguindo a mesma estradinha de tijolos amarelos pra encontrar o mágico de oz.

Se sentir ligado a alguém é sentido demais, é forte demais, é o tipo de sentir-por-dentro, de querer o bem acima de todas as coisas. Tenho sabido de coisas incondicionais duns dias pra cá, tenho desacelerado o passo, segurado o freio. No fundo, porque sempre estive disposta a fazer isso. Porque sou de rio, e o menos me acalma, o sutil me alivia. Queda forte e onda é bom, faz bem, mas tenho natureza de águas calmas.

Nas tentativas dessa que se põem pra gente ser melhor, tenho tentado aproveitá-las todas, todas. Pra que eu sinta o mundo em mim, sinta as mais diferentes verdades e aplique nos atos essa anarquia que são meus pensamentos.

Eu tenho na vida belas coisas, belos dias, e belos sentimentos também. Agora eles são de mim parte mais explícita, porque por vezes a vida traz pessoas-instrumentos-de-amor que vão aos pouquinhos fazendo enxergar que existe mais, muito mais. Pessoas que têm voz gostosa de ouvir, abraço bom de dar-e-receber, conforto gostoso de dias bons!

E eu tenho lindos quês de fruta mordida...

Como se fora brincadeira de roda... na dança das mãos macias
O suor dos corpos na canção da vida

Redescobrir o sal que está na própria pele

Redescobrir o doce no lamber das línguas

Redescobrir o gosto e o sabor da festa

Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós

Somos a semente, ato, mente e voz

Tudo principia na própria pessoa

Vai como a criança que não teme o tempo

Mistério!