quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

do ar-izar-se



há momento pra tudo debaixo do céu

há momento de parar

de respirar

e de escolher ser ar

(há momento de passar horas sem nem perceber percorrendo o mundo, com a melhor companhia que o Universo poderia dar para seguir jornada)

há momento de pensar - mas pensar pouco porque pensar demais, também, tá com nada

há, debaixo do céu, momento de decidir

há, ainda, o momento de andar devagar

de andar mais devagar que alguém, tudo bem, não tem problema alguém nos passar

de desacelerar a alma e o coração porque, afinal, pra quê mesmo que se corre?

olha, escolhi o ar

a opção melhor de todas agora

daí, se der vontade de gritar, grita

se a vontade for de chorar, ora, chore

sabe, no fundo por vezes o choro profundo daqueles que tiram da gente um pedaço estranho é bom e muito bom

e tão bom quanto isso é o sorriso sem fim, que inunda, que brilha o olho seu e o de quem te vê, de quem te quer bem e de quem nem te conhece

será que a vida não fica mais interessante na explosão?

será que não se pode também aprender nos extremos?

deve ser coisa de alma nova que ainda experimenta...

sorte por não ter nada a reclamar

está tudo tão perfeito bem assim!



domingo, 25 de janeiro de 2015

do que me interessa



quando se vê um belo sol se pondo ou vindo-se inaugural, parece que todo problema ou toda questão já sentido nenhum faz.

fica clara também a paz na solidão, a voz da intuição, que só se pode ter quando só está. quando só é. só de sozinha e só de simples, simplesmente.

o salto do desejo já pouco sentido faz. o agora se misturou com o infinito, e ali, bem ali se curva o tempo.

o caos do pensamento...

o que te interessa?

vidas bonitas
risos sinceros e, agora, carinho
carinho desse que é difícil dar por não ter tido

acho que, pra agora, candura na vida
doçura na vida. pra aprender a abraçar, pra aprender a ter ao redor vidas. aprender que é preciso conviver.

aqui e agora: futuro não há.

desses apelos de início de ano, que venha ar. arizar-se, ser mais leve, talvez. 

quando eu olhar pro lado em alguns anos, quero estar por perto só do que me interessa. então melhor já me preocupar em construir belamente os meus corações.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

do retorno e da casa 1


pois lá vamos nós...

olha só. nada disso seria dito a você. sabe, contigo não tenho orgulho porque, na real, te vejo tão numa criança que não me importo. sou criança contigo então.
eu não sei mesmo o que existe por baixo dessa tua pose toda. mas conjecturo. e dizem minhas más línguas da mente que você nem sabe bem o que está fazendo e nem está sentindo nada disso. como sempre, vai-se vivendo assim como num atropelo gritante. e eu gosto disso. não sei nem como nem por que diabos, mas eu gosto.

toda vez que algo me agrada, eu me engano pensando que o que faz faz porque sabe que eu vou gostar e sorrir por dentro. mas logo volto a mim e vejo que você só está sendo.

diverte saber que ainda se perde e perde as coisas e vai seguindo a vida como se nada fosse suficientemente importante pra você deixar de sorrir.

eu lá no fundo gostaria que as coisas fossem diferentes agora, e tivessem sido diferentes no passado, só pra que eu pudesse ver de novo o brilho gigantescamente brilhante que saía de você quando me via. mas, como passado passou, fico eu com apenas lembranças boas do grito mais bonito que ouvi, quando entra na água e parece que todo seu corpo se regozija.

seja e mesmo que eu não veja.

mas pudera eu ver...

respire alto e com esse tom de quem não se importa e tem o espaço todo pra te conter mesmo que eu não participe e não possa rir.

mas quisera eu estar em cada som.

isso tudo vai passar. é novamente ferida que eu fui tocar por ser esse o ano em que tudo vai se resolver.

resolvi dentro de mim.

agora começo a resolver daqui pra fora.

sinto vontade grande de outros dias mas convivo com os de já muito bem também.

nos acordes que eu ouvi nas horas últimas, lembrei duma época tão boa, tão doce, tão pura em que eu sentia como se com quinze anos uma certeza plena de que éramos nós, ainda que não tivesse certeza alguma disso.

thanx for being, babe.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

do limite



é. fato, sei nada sobre como lidar com o não.

para mim, a vida seria um eterno sim.

sim. sim para tudo que parecesse agradar.

sim para todos os toques que simulassem alegria eterna, ainda que não significassem nada.

quem foi que disse que se pede realidade ou pé no chão? isso dá pra ter de sobra sozinha.

quando se está em meio a outros, o que me parece arianamente bom é sentir, é sentir cada textura da pele, é gritar por estar feliz e é a voz de algo que não se entende. porque, na realidade, o que será que há? boto uma fé fantástica nisso: na realidade, só se encontra o que há de corpo, espaço, tempo e algum modo de dizer não.

sabemos quando parar? quando parar de pensar? parar de lembrar? parar de estancar? parar de sangrar?

acho que ninguém sabe não. somos duma imaturidade instintiva absurda, porque quando o corpo grita parece que a cabeça nem bem existe. mas e o controle das mãos? e o controle da mente então?

tens, tu. tenho nada.

tenho apenas muita e muita e infinita vontade.

de onde é mesmo que vem vontade? vontade vem, provavelmente, dum lugar extremamente turvo daqueles em que mal podemos encostar. da próxima vez, não encosto na vontade. a vontade, se deixamos nos tomar mesmo, torna-se o limite do humano.

vontade de viver no limite do humano.

sábado, 10 de janeiro de 2015

do próximo capítulo 19 - do devaneio segundo

que quer alguém que fere?

olha, leia: você me fere. ausente-se de sua culpa caso queira, mas saiba. sabendo, siga. e suma. quero nada de ti não, nem bom nem ruim, mas não me lembre que existe. 

as feridas, elas se curam, curam-se rápido, astutas são. 
e sorte, gratidão por ter na vida com quem olhar adianta e ver horizontes belos, porque sonhos são bons e nada de mal nos fazem quando sinceros, realizem-se ou não.

já é madrugada... acorda, acorda, acorda, dá corda, a cor...

e obrigada ao Universo até pelas feridas, porque elas me crescem.

e crescem e crescem de tal modo que a cada dia que vem eu sinto-me mais feliz,

feliz por ter janeiro inaugurando. feliz por fevereiro vir também, e por março, mês de áries, que tanta falta me faz quando lembro de ir ao longe em 5 minutos e voltar na mesma velocidade porque rápidos éramos, porque queríamos e tínhamos a mesma pressa de amar, eu e você. e quisera estar em ensaios de black balloon, e com alegria de ser bem-recebida e bem amada e dum jeito tão criança que acredito não haver mais após 84. feliz por abril que abre minha vida toda vez que vem, mal começa o ano e já e final de abril onde começa meu karma-a-resolver. daí maio, o mês de maio, e fique aí, mês de maio, onde está: longe. e junho que eu não entendo e nem quero, e julho que eu passa rápido e também não me faz falta, e agosto, que eu brilho mais, que eu aprendo a lidar cada vez que saio de cena e deixo o palco pro meu amor maior. e daí setembro, obrigada, setembro, por ter-me trazido, por trazer tudo aquilo com que se tem que aprender a conviver. daí logo agradeço por outubro, que traz um ar puro e talvez sem graça alguma, mas afinal quem precisa de graça o tempo todo?

eu.

novembro me mostra, quando chega, que pode ser cuidado e não só posição de lua ruim que me tanto faz não entender e querer não só ser diferente mas também olhar diferente, viver diferente, sentir muito diferente. dezembro, venha, e liberta logo tudo, venha com harmonia e me seja fogo-brasa.

devaneios vêm sempre. venham, são bem-vindos, vida bem-vinda em mim.


domingo, 4 de janeiro de 2015

do si-mesmo



comece sorrindo. daí então simplesmente faxine cada canto. aproveite e chuva que cai lá fora e se renda a um completo limpo, novo.

cada cantinho é visto novo, todas as coisas são arrastadas e mudadas de lugar, pra se sentir um cheiro de brisa boa e nova e energias paradas são todas movimentadas.

por vezes a rotina e os dias que parecem correr iguais - não correm, dias são! - dão a falsa impressão de que, tudo bem, deixe as coisas assim até que se tenha um tempinho ali pra organizar, afinal, não faz diferença, que correria, priorize outras coisas. aí então os detalhes se morrem...

agora os viva, procure no meio de tudo aquilo que não se sabe onde está. deixe nada sumido não. encontre nem que seja para que esse 'aquilo' encontre outro lar e outros ares novos.

encontremos ares novos nós também. ande naquele trem, faça aquela viagem há anos na espera, tire os sonhos da mente, traga-os pra cá.

nessa chuva e nessa arrumação de início, acaba por encontrar o si-mesmo.