sábado, 27 de setembro de 2014

do que não vou falar...

mas vou passar os próximos dias todos querendo.


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

das efemeridades



perguntei eu a um amigo de céu-azul e disse ele, das brevidades do que comumente chamamos amor, que amor não é.

que há de sincero no eu-te-amo ao logo início? pode ser sincero o que não é real?

acho que sim. na sinceridade assim como na promessa se encerra uma mentira. daquelas que não serão cumpridas porque amanhã não serão verdade. são fogo, seja faísca, chama ou brasa. 

parece que na nossa vida corrida de compromissos inadiáveis não temos tempo pra olhar no olho de alguém. pra ver nuns olhos que antes se achava pequenos demais, meio tortos, uma beleza e um possível algo mais. é então que precisamos de artifícios modernos, tecnológicos. será que seria preciso um aplicativo se os olhos se cruzassem? se conseguíssemos entender que não é preciso viajar pra outro estado ou cidade pra encontrar alguém que não conhecemos... porque aqui no nosso bairro, do nosso lado, se divertindo e vivendo conosco, tem sorrisos tão bonitos... eu quis falar isso uma vez, quando ouvi que, hoje em dia, as relações viraram frutos de um catálogo de fotos e interesses, e nada mais que isso, e que isso é 'normal'...

eu não gosto disso não. busco não julgar, afinal, cada um se utiliza daquilo que bem entende e procura o tipo de relação que bem quiser. mas eu ainda confio no olhar. eu ainda vejo que amores se constroem do comum, do conjunto vivido, do companheirismo bobo de andar junto sem saber pra onde ir exatamente...

o que vai ficar quando o vento bater? quais das folhas e flores que se vão num balançar?

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

do que será que você pensa

será que você sabe que, quando te vi pela primeira vez, achei você extremamente ridículo?

será que sabe que morria de vergonha quando você abria a sua boca pra falar alguma sorte de merda com sua voz desafinada, sem jeito, sem dicção e, sobretudo, sem o dom da oratória?

será que você sabe que sempre pensei que você fosse simplesmente o mais ridículo de todos os caras que conheci? será que sabe que, a despeito disso, te achava o mais divertido?

sabe, será, que sempre foi o mais chato da minha lista? sabe que eu me perguntava "por que raios ainda insisto em ver esse idiota?" cada vez que chamava sua atenção?

será que você sabe que eu me sentia finalmente em casa quando entrava no seu carro, eu, que não gosto de carro, que sou de moto rápida e não de carro lento e contido, que sou de explosão absurda e não de cálculo e pensamento e ascendente em equilíbrio?

ah, mas deve saber, não é possível que não saiba que minha vida tinha graça e cor quando você aparecia na minha frente 10 minutos, no máximo, depois de eu dizer que estava triste por qualquer besteira pouca que me havia...

mas será que sabe, sobretudo, que tem músicas suas em mim? que tem soníferos pra dormir desde antes de ver você, e que tem músicas que ficaram por cantar, que ficaram por ser, e que eu ainda te lembro bastante?


será que você sabe que foi um grande amigo numa hora em que grandes amigos distavam kilômetros sem fim, todas aquelas montanhas que eu te disse, uma vez, que eu tinha vontade de transpor voando?

se não sabe, acho que há uma chance, das grandes, de que nunca saiba. 

ainda assim, eu digo. não a você: não leria nem ouviria. você não me receberia porque cada coisa que disse não era verdade. no ímpeto, deve ter dito, sem querer. mas sem querer dizer. eu quis dizer até mesmo o que disse de ruim, até mesmo o que disse para que olhasse pra si. eu não me arrependo de absolutamente nada, de ter dito nada, de ter sido nada. eu só agradeço que por um breve lapso de tempo eu tive um refúgio e ele foi totalmente sincero vindo de mim, embora possa ter sido, de certo modo, oportunista, de certo modo, utilitário. cada um teve seu ônus e seu bônus, certo? tive o meu e teve o seu, e agora que nada há eu te digo de todo meu coração desarmado que sou grata pelo vislumbre que tive de amizade.

amigos são poucos. amigos só os que conseguem suportar o nosso pior. sem aplaudir. mas sem vaiar.

logo em breve eu paro de me perguntar será. mas ainda pergunto. será que sabe que gostaria de dizer que, olha, desculpa qualquer coisa, qualquer mal jeito, gosto de você, vamos ser amigos de novo?