quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

EU MENTI

Eu, na tentativa de me limpar de amores estranhos, tive por aí umas inventivas. O tempo foi passando, afastando o rosto, o cheiro, tudo. Criei um monstro - às vezes acho - e me foi eficaz, pois pude até mesmo me apaixonar de novo. Mas agora, depois que outra vez uma onda fortemente explosiva passou por mim e voou, eu lembro desse amor estranho sabendo que foi uma das melhores sensações da minha vida louca. O entendimento, o olhar, a entrega, nunca foi daquele jeito. Sinceramente? Quase a toda hora me bate uma sensação imensa de que era ele, de que nunca será daquela maneira com outro alguém. Não tenho mais paixão por ele, nem vontade de ver, nem porra nenhuma. Mas hoje vejo, de longe, como uma foto borrada postada aqui, que nós éramos FO-DA. Não havia tempo ruim, havia sintonia de dias perfeitos, de frio ou calor, de karaokê, de amizade já de anos, de café quentinho a manhã toda, de músicas que hoje não me fazem chorar, mas sorrir.
O mais forte de tudo era a maneira como eu sentia, nos braços dele, que ele era meu, eu era dele, sem que fosse preciso DIZER isso. Ah, sim, foi ele quem ensinou: ATITUDES VALEM MAIS DO QUE PALAVRAS. Ele se calava, ele se levantava de noite pra ir buscar licor na chuva, ele me olhava de uma maneira tão profunda que me envolvia e me arrepiava, me fazia sentir que havia na Terra alguém pra curar todas as tristezas, alguém pra ir PARA QUALQUER LUGAR NO MUNDO, alguém louco e inconsequente como eu e que me fazia completa e feliz, que enchia minha manhã de sorrisos e caras de bobo que me lançava.

Céus. Como eu pude não perceber? Eu também agi errado. Não quero nada de volta. Não é tentativa de recuperar nada, mesmo porque o que está feito, está feito... Mas agora sim me dei conta de que não era uma mula talvez, de que não foi ave de verão, não foi paixão bandida. Poderia ter sido tudo que eu precisava naquele momento, hoje e sempre. Eu errei.

Não vou mais errar e vou sempre ler as entrelinhas, por mais que haja insegurança, por mais que seja difícil acreditar que alguém gosta de mim verdadeiramente...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

lost


Minha real vontade é repetir o post das aves de verão. No entanto, escrevo linhas dignas do que eu vivo agora, do que toma conta do meu olhar, me faz só ouvir o barulhinho da chuva. Ah, mas espero que esta ave não seja de verão porque poucas coisas fazem tão bem...

E tem muito por trás do cheiro da pele. Porque, afinal, tudo é parte de um grande alinhamento de histórias, que se cruzam, se interlaçam pra constituir nossos dias bons e que parecem curtos, de fato.

Dá horas de saudade.

Gosto de pôr-do-sol.

Sem mais.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

novo, belo

No penúltimo dia do ano, encontrei no portão da minha casa um carta de baralho. Um 8 de copas. Dias depois de minha flor de maracujá também ter encontrado uma carta, um 6 de copas. Fiz como ela: em busca do significado. Li diversas coisas, filtrei algumas. No fim, o abandono.

Abandonei, então, nos dias que se passaram, qualquer coisa que não me faça bem. E talvez por isso a vida me trouxe algo de novo, algo bonito, um encanto que, ainda que efêmero, me fez deixar de lado e esquecer sentimentos fadados ao fracasso.

Eu pude ver luas na janela, estradas, verdes sem fim, ter conversas de uma harmonia que pouco existe e agora eu penso tanto, tanto nesses três dias que tive que parece até que minha casa não me abarca mais.

Por mim, não teria voltado. Se houver proposta, volto correndo, sem lenço, sem documento, pra subir morros e morar no pé da serra.