segunda-feira, 26 de abril de 2010

me leva pra morar na praia?


Já há alguns dias, minha vontade é largar tudo, sair correndo pra praia, pro campo, pro fim do mundo, pra dormir no chão de terra ou areia, vendo o céu, com os olhos perto, bem perto, quase uma pessoa só... Tenho pensamentos desconcertados o dia todo, penso, lembro, relembro, reconstituo as palavras, tento apreender os momentos.

Uma sintonia de voz grave e outra voz aguda, sintonia de instrumento de corda, carinhos, chocolate. Esse primeiro-sentimento é infinito, dá convicção de que se pode tudo, só porque se QUER tudo, e o desejo passa por cima de qualquer bom-senso, princípio, fato óbvio. É sentir só, é vontade de ter uma cama do tamanho de uma praia pra ficar junto explorando o espaço por horas a fio, enquanto o sol nasce, se põe, nasce, se põe...

Agora, me sentindo assim, com muito mais vida, eu me certifico de que todo o período que levo pra adquirir novamente autonomia sentimental vale a pena, afinal, só assim eu pude não ser grossa quando ele chegou, não tolher possibilidade, deixar ele mostrar que eu estava enganada quando olhei e simplesmente achei que, como todos ali, ele era só alguém.

Era alguém que em 5 dias me tiraria o chão...

terça-feira, 20 de abril de 2010

seguuuuuuuuuuuuuuura, peão!!


Com 6 anos, eu vi numa capa de disco de vinil aquele que viria a ser a grande paixão da minha vida. Inocente, nem notei que ele tinha mullets...
Aos sete, decidi o que queria ser quando crescesse: dançarina de música country! Sim, daquelas que usa bota branca. Fiz um inferno na vida do meu pai pra ganhar uma bota branca e, quando finalmente ganhei, ele não me deixava usar em lugar nenhum por julgá-la brega. Nisso, meu pé cresceu..
É, agora eu também cresci. Ninguém acreditou na Bruninha quando ela decidiu que dançaria. Pois bem: decidi de novo o que quero ser quando já cresci. Claro que agora vai demorar mais tempo, vai demandar mais tempo também, mas eu tenho a maior esperança do mundo em mim mesma.
A música country e a sertaneja têm uma influência grande demais na minha personalidade. Aprendi a tocar violão, a cantar, a rodopiar, tudo por causa dela!! No caminho da infância pra cá, tantos caminhos que mudam com o tempo, tantas prioridades vão sendo impostas... sonhos como esse, como ser professora de História de cursinho, vão se perdendo: isso assusta. Sonhos não se pode perder, ele leva tanto a ser construído, desenhado e re-desenhado na nossa cabeça... Por isso eu reavivo tudo agora, e me permito, sempre, ir adiante, aprender um novo passo, uma nova coreografia, pois definitivamente eu encontrei motivação pros dias...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

durma, medo meu!


Medo eu tenho muitos. Medo de dormir sozinha, de ficar sozinha em casa à noite, de ir beber água de madrugada, de levar um tiro na cabeça na rua, de ter uma doença grave, de nunca conseguir dirigir direito, de ficar desempregada de novo, de perder meus pais, de não poder mais andar, de não ter dinheiro pra viajar no próximo feriado (ou fim-de-semana, já que viagens são tantas e muitas!!).
Medo de aos 40 descobrir que não sou mais feliz como era (sou!) aos 23, medo de não lembrar mais dos pedacinhos da infância, de perder no tempo minhas lembranças de caixas e diários. Sobretudo, tenho medo de que ninguém nunca seja capaz de me olhar e ver exatamente o que eu sou, desde louca - já que nunca menti pra ninguém dizendo ser normal - até carinhosa no fundo, no fundo. Meus medos se inter-relacionam, fecham-se todos no medo conspirador de não conseguir apreender a vida, eu, que sou agitação, loucura, insensatez. Medo de não ter mais momentos como ontem, pulos, bexigas roubadas, amizade sincera, tecidos e palhaços, brincadeiras, anéis perdidos e achados num espaço grande de concreto que parecia ser o quintal de uma casa de campo pra nós. medo, embora eu seja capaz de mover toneladas de mundo pra que esses momentos se repitam sem fim!
Por medo, eu não deixo de fazer nada. Medo existe aqui sim, mas orgulho não: deixar de amar, viver e me entregar só por medo de parecer idiota não é costume. Ainda mais depois de ter muito perdido por conta de um orgulho que não era meu, era tentativa dos outros de me fazer racional.
O medo só não pode cegar nem impedir. Medo, ao contrário, deve levar à vontade de libertação.

Assim como a saudade ou uma frase perdida, DURMA, MEDO MEU...