quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

da dor



tem decisão que dói. você toma a decisão, faz o que acredita que tem de ser feito e, logo, percebe que não ouviu sua intuição: fez erro. errou rude.

bom... da lição: que não se ouviu o tanto que devia. que nosso ser sabe bem quando se deve dizer SIM e quando se deve dizer NÃO! com isso, inúmeras outras decisões à tona:

- precisava dizer o não naquele dia?
- e aquele "eu não me importo" dias antes?

o que é realmente preciso fazer?

das decisões últimas, todas babacas. todas precipitadas. todas criança-bruna agindo.


é bom ser criança, mas...

olha... às vezes eu só preciso respirar.


respirar de novo e de novo e de novo mesmo que seja enquanto escorrem lágrimas, e mesmo que seja em público, pois vergonha deveria-se ter de outras coisas e não de chorar.

o choro  carrega consigo a tristeza, o apego, o ruim. e leva, lavando, me deixando leve...

eu, hoje, precisava demais de abraços - abraços, dessa categoria de contato de que eu não gosto, com a qual não lido muito bem. hoje eu precisava que alguém cantasse: "abre a janela" só pra um abraço e fosse embora. hoje eu queria ter essa prerrogativa pra que algum amor viesse me abraçar e me deixar chorar porque, olha, chorar sozinha às vezes dói mais. dura mais. desgasta mais.

queria chorar mas o meu escudo não me deixa.

queria pedir um abraço mas eu simplesmente não consigo.


terça-feira, 16 de dezembro de 2014

dos maiores amores



se volta quando se aceita.
mas, afinal, qual a diferença entre ser equânime e displicente?

ah, simples. a gente sente. a gente sente se é displicência ou se é aceitação; se é indiferença ou liberdade.

e, olha, como se aprende com a displicência dos outros!

de conselho, caso eu possa, fica: cuide! regue as flores todas, até aquelas cujo brotinho pareceu fraquinho, coitado... às vezes sua fraqueza é fruto do nosso pouco-regar, inclusive. apenas cuide, com amor, com amor muito, com amor todo, com amor único que pode ter.

porque inevitavelmente se ama (e obrigada pela frase, vento!)

porque o amor a gente vai aprendendo com caminhadas apressadas no centro tanto quanto com belezas na natureza. o amor não tem lugar ou hora de ser, ele é e ele é, sobretudo, construído. eu construí amores dos quais hoje eu muito me orgulho, eu olho e digo: "caramba, passeia a amar você assim depois de tanto tempo". tem o meu amigo maior, o meu consolo nesse mundo, a saudade mais bonita que eu sinto, que tá longe; tem o amor que ainda está acontecendo e às vezes se confunde com outros tipos de amor mas, no fundo, é tudo amor, né?; tem o amor do que me ama mais ainda dum amor que eu talvez nunca saiba se não gerar alguém em mim; tem amores que não se explicam e que, disse esse segundo amor aqui da lista, são os melhores de todos, são os puros.

sinto uma imensa alegria de lembrar de cada amor, de cada cidade que eu amei, de cada um que pôde fazer vibrar meu coração de amor puro, de tanto sentido e sentimento e pensamento bom que, gente, cabe não!

pra bom companheiro realmente eu não digo não e, sobretudo: se for pra correr perigo, só chamar, eu vos amarei todos a toda hora e sempre que quiserem e numa condição constante de amor pra sempre.


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

da força


fez-se forte o fraco. o que houve pra força emergir?

tenho visto alguma força que na verdade é defesa.

quando foi mesmo que uma pedra no meio do caminho me endureceu?

e se eu conseguisse entender por que raios essa pedra no meio do caminho era assim tão indestrutível, tão imponente, tão rígida, exigente e inacessível?

agora sou feito pedra mesmo. parece que nada abala. parece que nada acontece. parece tão bem que eu acredito.

e se eu voltasse naquele ponto exato? ali, onde eu tropecei, onde eu passei a acreditar que não, bobagem isso de dar-se inteiro, besteira isso de acreditar em algo que não venha de dentro de mim.

* * *

ah, é. esqueci: there's no such thing as turning back.

além disso, diz que olhar pro passado dá em nada não, nem ajuda coisa alguma. 

certo. então vejamos o que pode ser feito agora. o que posso eu me dar de presente?

presenteio-me com a chance.

chancearei o mundo todo. do mais brando ao mais intenso. do mais belo ao que mais estranho.

sei que sinto ser esfriadamente cinza. como se pouco pudesse pulsar meu coração. é constatação esquisita essa, porque de certo modo é já parte dos dias ver o mundo assim.

eu não sei cuidar. nem demonstrar. orgulho, medo, receio, descrédito no outro - e em mim, desamor.

i'll spend more time lovin'...


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

do engano da lua em água



enganamo-nos na esquina, na virada surdina em que não se disse não.

enganamos no ato impensado, no abraço semi-dado, no 'ver-se-faz' bater o coração.

e, no fim, coração não bate com força não e, aí, já fica qualquer coisa que se faz tentativa e...ah... fadiga...

fadiga de tentar porque tentar é um tanto chato.

o olhar ofuscado, já vai cansado, de luz grande lhe tampando o céu

dá pra ver ainda pra além daqui? que foi mesmo que fizemos que criou a amarra - irreal a amarra?

* * *

aconselho romper-se, tremer-se todo de paixão

aconselho ainda que pouco se negue o apelo do não

e aconselho, ademais, que não seja capaz de frear sua mão


não vejo graça em gente que acha que é mansidão

nem me comporta um mundo de portas sem satisfação

* * *
ah, aliás, pouco me importa que seja do agrado o plácido

quero plácido não

quero um grito que em nada se abranda

mas fale, fale
fale o que seu coração pede que o outro fale
fale caso ache que é um disfarce ou uma pena, mas no fundo bem sabe que é contra-mão