terça-feira, 21 de maio de 2013

do agradecimento


obrigada por me fazer ver tanta coisa, tanta, por ter tanta cumplicidade, tanta sinceridade, tanto amor. 
obrigada por me permitir te amar, por me fazer aprender que as coisas não são como eu quero e nem por isso elas são ruins.
obrigada por me mostrar as minhas falhas assim, na lata, como deve fazer todo grande e bom amigo, sem florear, sem bater palmas pra mim quando ajo feito uma idiota.
obrigada por acreditar que eu posso melhorar, que eu procuro melhorar, inclusive, e que te ouço mais e mais a cada dia, te compreendo e te aceito do jeitinho que você é!

eu amo demais você. me desculpa :(

sábado, 18 de maio de 2013

dos bons dias

quando se sai de casa uma e volta outra. porque boas companhias nos transformam, fazem ver que toda conversa e todo sorriso tem de ser intenso, único, tem de ser o melhor. querer que o tempo não passe, que o cenário não mude, que congelem os olhares.


não tem tamanho o agradecimento, pelo abrir-mão, pela espera, pelo não-tempo, pelos carinhos, pelas amizades mais sinceras e que mais me sabem. mostrando o não tempo então. re-encontro, re-descoberta, como se fora brincadeira de roda...

não se pode saber e será sempre incalculável o que acontece quando pessoas que já se conhecem se re-conhecem. há entrelaço e entendimento que certamente não se trata de nada daqui, mesmo porque a afinidade parece já existir e, a partir dum determinado ponto, se manifesta. 

e que seja um eterno presente :)


sexta-feira, 17 de maio de 2013

walden, ou a vida nos bosques 3


Pela expressão coisa necessária à vida entendo aquilo que, entre tudo o que o homem obtém com seu esforço, desde o começo foi, ou pelo prolongado uso se tornou, tão importante para a vida humana que nunca ou raramente alguém chega, seja por selvageria, pobreza ou filosofia, a tentar viver sem ela. Nenhum animal exige qualquer coisa além de Alimento e Abrigo. (...) e foi da descoberta acidental do calor do fogo e seu consequente uso, de início um luxo, que possivelmente nasceu a atual necessidade de se sentar perto dele. (...) Não só a maioria dos luxos e muitos dos ditos confortos da vida não são indispensáveis, como são francos obstáculos à elevação da humanidade.

Atualmente existem professores de filosofia, mas não filósofos. (...) Ser filósofo não é simplesmente ter pensamentos sutis, nem mesmo fundar uma escola, mas amar a sabedoria a ponto de viver de acordo com seus ditames, uma vida de simplicidade, independência, generosidade e confiança. É resolver alguns problemas da vida, não apenas teoricamente, e sim na prática. (...) O filósofo está à frente de seu tempo também na forma exterior de sua vida. Ele não se alimenta, não se abriga, não se veste, não se aquece como seus contemporâneos. Como um homem pode ser filósofo sem manter seu calor vital com métodos melhores do que os dos outros homens?



Penso também naquela classe que na aparência é rica, mas na verdade é a mais terrivelmente pobre de todas, que acumulou um monte de trastes, mas não sabe como usá-los nem como se livrar deles, e assim forjou seus próprios grilhões de ouro ou de prata.

A qualquer tempo, a qualquer hora do dia ou da noite, eu ansiava em penetrar na cunha do tempo e também cunhá-lo em meu bordão; colocar-me no cruzamento de duas eternidades, o passado e o futuro, que é exatamente o momento presente; pôr-me ali pleno e pronto.

A vida que os homens louvam e consideram bem sucedida é apenas um tipo de vida. Por que havemos de exaltar só um tipo de vida em detrimento dos demais?

Quanto à Roupa, para chegar logo à prática da questão, talvez sejamos movidos, na hora de providenciá-la, mais pelo amor à novidade e pela preocupação com a opinião dos outros do que por uma verdadeira utilidade. (...) Pois [o homem] leva em conta não o que é realmente respeitável, e sim o que é respeitado. Conhecemos poucos homens, mas inúmeros casacos e calças. Vistam um espantalho com sua roupa mais nova , e fiquem ao lado dele com uma roupa velha: quem não vai cumprimentar primeiro o espantalho? (...) Uma questão interessante é até que ponto os homens conservariam sua posição social se tirassem suas roupas. Num caso desses, vocês saberiam dizer com toda certeza quem, num grupo de homens civilizados, pertence à classe mais respeitada?

Um homem que finalmente encontrou alguma coisa para fazer não precisará de roupas novas para fazê-la; serve-lha a velha, aquela mesma que ficou se empoeirando no sótão por tempo indefinido. Os sapatos velhos servirão a um herói por mais tempo do que serviram a seu criado - se é que um herói tem criados -; pés descalços são mais antigos do que pés calçados, e lhe servirão muito bem.

E digo: cuidado com todas as atividades que requerem roupas novas, em vez de um novo usuário de roupas. Se o homem não é um novo homem, como as roupas novas vão lhe servir? Se vocês tem alguma atividade a fazer, tentem fazê-la com suas roupas velhas. (...) Talvez nem devêssemos arranjar roupas novas, por mais sujas ou esfarrapadas que estivessem as velhas, enquanto não tivéssemos dirigido, realizado ou navegado de maneira que nos sentíssemos homens novos dentro de roupas velhas e, aí sim, continuar com elas seria como guardar vinho novo em odres velhos.

É bom que um homem se vista com tanta simplicidade que pode tocar em si mesmo no escuro, e que viva sob todos os aspectos de forma tão despojada e pronta que, se um inimigo tomar a cidade, ele pode, como o velho filósofo, sair pelo portão com as mãos vazias, sem nenhuma preocupação.

THOREAU, H. D. Walden, ou A Vida nos Bosques.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

dos bons encontros - o dia que foi salvo


em cada esquina o universo prepara um encontro novo.

de gente com bicho, de planta com gente, de coração com coração.

faz um encontro ser à toa, à primeira vista.

faz ser o que tem de ser, porque só assim poderá ser tudo natural.

como deve ser. de sinceridade, de sinceridade até demais. da pior roupa à pior piada passando pela pior postura que se pode ter.

porque tudo fora despretensioso. e na despretensão é que se constroem as bases.

só na despretensão se pode observar e conhecer. só na despretensão é que se flui.

mas... daí o universo prepara uma frase: "mas será que o amor não é justamente isso, bruna?"...

ah... pode ser... mas acredito não.

acredito sim.

thanx for saving my day :)

domingo, 12 de maio de 2013

vento de maio 12:12


de repente desperta o celular.

vento de maio, estrela cadente.

lembrando algo que, sinceramente, bem sabe o universo que nem precisa me dizer.

dizer que, ah, que gratidão. gratidão sim, ainda que maquiada por enquanto até que a ausência consiga abrandar os temores.

dizer que dos dias todos desde aquele houve apenas sorrisos, ainda que por vezes tenha lágrimas ainda, e não seja só flores, e tenha saudade, e tenha resquício, isso não importa.

chegou de repente o fim da viagem, agora já não dá mais pra voltar atrás.

importa que hoje o universo me avisou de algo que, bem sabe, nem precisa me dizer.

está em mim, me sabe, te sei.

rainha de maio, valeu o teu pique apenas para chover no meu piquenique.

não me lembro de ter colocado este lembrete, na verdade acho que nem fui eu quem anotou isso. deve ter sido o próprio dia, na sua plenitude e independência, na sua direção, que me lembrou a que veio.

veio como vem qualquer outro dia.

assim meu sapato coberto de barro apenas pra não parar nem voltar atrás.

olha, aqui o espaço vai bem. vai com tranco, barranco e olhares. vai com luz e brilho.

nisso eu escuto no rádio a nossa canção
sol, girassol e meus olhos abertos pra outra emoção

e quase que eu esqueci que o tempo não pára - nem vai esperar

ah, volta a gratidão por tudo que é, está sendo, foi, virá, será e só será pelo que foi e é. porque tempo a gente sabe que não há.

vento de maio, rainha dos raios de sol.
vá no teu pique, estrela cadente, até nunca mais

nem lembro teu nome nem sei - mentira 



sexta-feira, 10 de maio de 2013

walden, ou a vida nos bosques - II




Já é ruim ter um capataz do sul; pior é ter um do norte; mas o pior mesmo é quando você é seu próprio feitor. E falam na divindade do homem! (...) Quão divino, quão imortal ele é? Vejam como se encolhe e se esgueira, como passa o dia todo vagamente assustado, não por ser imortal ou divino, e sim escravo e prisioneiro de sua opinião sobre si mesmo, uma fama que lhe vem pelos próprios atos. A opinião pública é um fraco tirano comparada à nossa opinião sobre nós mesmos. O que um homem pensa de si, é isso o que determina ou, melhor, indica  seu destino.

Como se fosse possível matar o tempo sem ofender a eternidade.

A grande maioria dos homens leva uma vida de calado desespero. O que se chama resignação é desespero confirmado. Da cidade desesperada você vai para o campo desesperado (...). Um desespero estereotipado, mas inconsciente, se esconde mesmo sob os chamados jogos e prazeres da humanidade. Não há diversão neles, pois esta vem depois da obrigação. Mas uma característica da sabedoria é não fazer coisas desesperadas.



Quando consideramos qual é, para usar as palavras do catecismo, a principal finalidade do homem, e quais são as verdadeiras necessidades e meios de vida, parece evidente que os homens escolheram deliberadamente o modo usual de viver porque o preferiram a qualquer outro. No entanto eles acreditam honestamente que não tinham outra escolha. Mas as naturezas alertas e saudáveis lembram que o sol nasce claro. Nunca é tarde demais para abandonar nossos preconceitos. Não se pode confiar às cegas em nenhuma maneira de pensar ou agir, por mais antiga que seja. O que hoje todo mundo repete ou aceita em silêncio como verdade amanhã pode se revelar falso, mera bruma de opinião que alguns tomam por uma nuvem de chuva que fertilizaria seus campos. 

Um agricultor me diz: "Você não pode viver só de vegetais, pois eles não fornecem nada para os ossos"; e assim ele dedica religiosamente uma parte do dia a suprir seu sistema com a matéria-prima dos ossos; e, enquanto fala, vai andando atrás de seus bois que, com ossos feitos de vegetais, vão avançando e puxando aos trancos o homem e o peso do arado, passando por cima de qualquer obstáculo. Algumas coisas são realmente necessidades vitais em alguns círculos, os mais doentes e desamparados; em outros, elas não passam de meros luxos; em outros ainda, elas são totalmente desconhecidas.

A maioria das coisas que meus próximos dizem ser boas, acredito do fundo da alma que são ruins, e, se me arrependo de algo, muito provavelmente é de meu bom comportamento. Que demônio me possuiu para que eu me comportasse tão bem?

A natureza está adaptada tanto à nossa força quanto à nossa fraqueza.

Seria instrutivo levar uma vida rústica e primitiva, mesmo em plena civilização aparente, ao menos para saber quais são as coisas mais necessárias à vida e quais os métodos usados para obtê-las; (...) Pois os avanços dos tempos pouca influência tiveram sobre as leis essenciais da existência humana, visto que nossos esqueletos provavelmente continuam iguais aos de nossos ancestrais.

THOREAU, H. D. Walden, ou A Vida nos Bosques

quinta-feira, 9 de maio de 2013

do quanto aperta

a teoria anda confundindo a prática, exigindo mais do que a maturidade consegue dar.

prender é ruim, mas dar vazão também não abranda o frio.

é o que isso? saudade, apego, gosto, sentido, vontade, desejo, amor, cuidado, carinho, grito, fim, saída, começo, lágrima, sorriso, caminho, o quê?

deve ser leve ter algo que garanta respostas, mas ainda assim, com todo o engasgo novo que tem havido, eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.