segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

do jogar-se


tem aquilo que você dorme pensando e acorda vivendo.

tem medo também - durma, medo meu!

tem ansiedade que tem que controlar toda hora, tem vontade de sair gritando na rua de alegria, tem dia que é bom e pronto.

tem vista que a gente quer repetir pra ver se dessa vez olha direito e não se prende mais. isso porque se prender, se privar, tudo coisa da mente, nada é real. o momento tem de ser o que é, não tem de haver preocupação nem medo nem nada. é só rodopiar...

porque futuro, ora, que futuro? tem nada disso não. só detemos nosso agora - e de um deter esquisito, porque o presente escorre pelas mãos da gente. dum modo tão sagaz que, na boa, o melhor a fazer é só fechar os olhos e pular, se entregar pra cada passo que se escolhe dar na estrada.

e, afinal, amar é uma escolha. amar a si mesmo, ao outro, a todos. o amor é uma escolha livre, que nada deseja e muito vive, se vê pleno porque é amor e simplesmente é. sejamos. amor como o que sinto pela minha princesa perfumada, sem expectativa, sem prisão, sem cobrança, amor puro. pra aplicar pro mundo - que é difícil, mas sei que dá.

como a saudade ou uma frase perdida, durma, medo meu!

sábado, 26 de janeiro de 2013

do que pode ser...


não me cansa, nem sufoca

é como uma certeza mansa, que flui leve, como se não houvesse tempo, sem linhas contínuas

a vida soa grandiosa quando se tem encontros bons de brisa harmoniosa


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

da amputação



um membro-fantasma. o cérebro-coração-alma-apego-desejo-sentido ainda manda estímulo pra que a gente se mova, peça favor, encontre na rua pra tomar um café despretensioso, cozinhe junto, se esbarre pela casa querendo abraçar.

caramba, amputar é processo difícil. o mais fácil talvez seja arrancar o membro. ou perdê-lo. é abrupto, não há nada que se possa fazer, as circunstâncias mudam antes que a gente decida se concorda ou não. e ponto final.

mas aí sim começa a amputação, já sem a parte. agora é entender o que houve. aceitar fica pra depois, porque é duro trabalhar aceitação, é capítulo avançado da cartilha. enquanto se tenta entender, tem-se as ordens mentais, emocionais e físicas pra que se continue sendo exatamente o mesmo de antes da amputação. quero mexer a perna, dobrar, andar, pular, mas não tem mais como. não do jeito como era antes. os caminhos mudam com o tempo...

entender que se está sem a parte. com os movimentos limitados, ainda assim conseguir seguir, em movimentos novos.

aceitar.

do presente


é presente cada instante. mas, fato, alguns dias duram mais que outros, algumas noites parecem nos ensinar mais do que anos e anos de caminhada - embora, claro, esteja tudo tão interligado que, na verdade, o que nos possibilita o instante da catarse é a estrada que se vem traçando há tempos...

qualquer presente que pudesse oferecer em forma de palavra ou som não é o mesmo que estar presente. ou ter presente. tem hora que não sei  mesmo o que fazer com a vontade. mas não me desespera nada disso, é como se o tempo fosse só um detalhe, um reles detalhe facilmente contornável em vista de tudo.

não é nomear que precisa, mas dá gana de estar, dá um quase impossível-de-controlar impulso de falar toda a verdade, só que desce então a sensatez. deixe a verdade guardada para quando tiver de ser, verdades na hora inadequada por vezes mais destroem que constroem.

hoje é um daqueles dias em que se acorda com questões matutando para serem bem dispostas e esclarecidas e, caramba, que vontade de correr!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

da solidão


me agrada família grande, vozes altas, grito de truco, alegria toda transbordando...
me agrada vida a dois, me agrada muita criança espalhada pela casa como se fossem todas um corpo só de criança, sem mãe-ou-pai, sem 'dono', sem rumo...

mas também me agrada muito a solidão...

envelheci, me dei conta, nos últimos anos. de envelhecimento ranzinza e casmurro. gosto de estar só. e acredito bastante que todas as pessoas poderiam apreciar, se silenciassem, aquietassem... deve-se gostar da própria companhia, viajar só, andar só, sem saber bem para onde ir. o rumo e o caminho só liberta, tira raiz, descria conceitos fixos que pensamos ser parte de nós e que, na verdade, talvez seja imposição externa.

das pessoas que já me disseram que jamais viajariam sós, garanto que a totalidade nunca tentou. nunca se reservou para si. decida seu destino, vá, rume! errante... veja o céu, o rio, o mar que quiser, sem que ninguém esteja ali a não ser você. você e o mundo. você e você.

não nos conhecemos, caramba! conhecer-se é mais simples do que se pensa, e não consiste, como se pode achar, em responder um longo de questionário de gostos e vontades. trata-se de parar.

parar.

.

.

.

ciganear.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

da música



música é dom. vem conosco; se não vem, não vem e pronto. ao menos é assim que eu vejo. já escutei de algumas pessoas que a música simplesmente não as toca, nada causa nelas. caramba... já cheguei a pensar que isso é coisa de quem tem o coração fechado e a razão dominante, mas pode ser que eu esteja enganada; quem sabe simplesmente não é o dom de todo mundo.

mas quando é? quando se perceber claramente que alguém nasceu praquilo?

o digno certamente é dar ouvido ao que é óbvio e seguir fazendo o que se gosta. compor, interpretar, viver a música, sentir aquilo que só um som bem feito pode causar nos corações de quem está em sintonia!

a música me leva, me inebria, e sentir um ser que sente a música mais ainda me encanta! a vivência musical é impagável, é uma linguagem acima das linguagens humanas cheias de letras e palavras todas prolixas quando o que se quer falar se resume em uma melodia bem entoada. uma harmonia bem construída, de sons que tocam fundo.

tem o som da viola caipira que leva pro mato, leva pra terra, leva pro chão e pra horizontes de sol nascendo e se pondo. tem piano que consegue fazer passar a história da gente inteira como que num passe de mágica na nossa cabeça... tem violino que dispara o coração e enche os olhos de lágrima, e tem voz com ternura que constrói teias das quais é bem difícil sair.

música que casa com filme e dá um novo tom pras cenas, música nostalgia que faz reviver bons passados, instrumentos de sopro que lembram um apartamento onde amor se construiu, introduções e dedilhados que descrevem uma infância.

pra mim, a vida tem sido uma música misturada, uma fusão: tem tango daqueles bem arranhados e fortes, cantos pra minha morte de raul, tem misturado também som gravado de madrugada numa gravação ruim que insiste em me fazer rememorar.

ao meu melhor amigo, melhor amor, melhor companheiro musical e melhor parte de mim, Bruno Jardim.



segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

das mudanças e das decisões


alguns dias são mais densos que outros. alguns duram mais tempo; outros, sobretudo os que correm como rios de pequenas quedas, são velozes, findam quando ainda resta muito a se dizer.
um dos dias que te fazem olhar bem pra sua vida e pensar nas atitudes todas, nas palavras todas. aí se vê uma repetição de erros, que já foram feitos e ruminados, e que ainda assim se repetem. mas como? e onde fica a essência nossa do aprendizado? será que nada se aprendeu do que se mentiu pra si mesmo, das tentativas frustradas de se passar por cima das mudanças sem entendê-las bem?

daí então uma palavra que se ouve faz tudo se clarear... se vê a verdade ali, diante de você. que atitude deve ser tomada? continuar seguindo impulsos ilógicos - com os quais nós mesmos não concordamos! - ou tratar de respirar, se purificar, fazer aquilo que a alma grita? o ego toma conta da nossa estrada às vezes, e não nos deixa fazer nada que nos 'rebaixe' aos olhos dos outros, que nos faça demonstrar fraqueza. a fraqueza não tem de ser maquiada pelo ego: tem de ser entendida, trabalhada, revisada. como uma lição escolar, uma lição primordial pra se seguir.

no meio disso tudo, muitas mentiras. "não gaste palavras pra viver de iludir os seus sonhos tão raros com mentiras". quando se pega agindo assim, vários caminhos podem ser tomados. voltar atrás é que não dá. então, adequado me parece tratar de sanar essas 'mentiras' dentro de si: resgate-as, veja o que realmente foi sincero, no motor e na ação propriamente, e descarte tudo que não for. não por ninguém envolvido nas tramas, mas por você  mesmo! trabalho digno para que nós mesmos possamos nos amar, sem condenação, sem julgamento, e sem aversão pelas atitudes que nós mesmos tomamos, que podem parecer inadequadas agora, mas que foram exatamente aquilo que pensamos ser melhor naquele dado momento. não condene sua ação, pois de nada vale se punir: mude, simplesmente. o comportamento, as ações são o que define nosso equilíbrio, nosso aprendizado...

onde era julgamento, que seja critério e discernimento; onde era palavra rude e orgulhosa, que seja frase leve e de tom brando; onde era grosseria e dureza, que seja carinho no rosto e nas mãos.

sábado, 5 de janeiro de 2013

ao amor maior de todos


nada é maior que isso.

bora viajar? mineraiar por aí?

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

do horizonte


as horas correm noutro tempo por lá, é como se fossem calmas e serenas e sem pressa como é o sol às 8 e 40 da noite teimando em ficar ali no céu, num espetáculo de cores e harmonia de difícil explicação.


o segundo sábio que tive na vida me disse, certa vez, que eu sentiria a hora de sair e abandonar tudo, rumar prum outro lugar de pés-de-serra e amor sincero. sinto essa hora chegando cada vez mais perto, cada vez mais perto...


ali, bem no meio, tem um esboço de arco-íris. bem pequeno, um pedacinho só. são cores no meio de nuvens, belezas de dias bons, em belos lugares, vistas lindas, frutas do pé, amor transbordando! 

o meu coração já não cabe mais aqui.

na lida dos meus dias que só querem ver o vento e viajar, voar, voar no som...
por que será que o pensamento, esse eterno viajante, nos carrega a todo instante, sempre a procurar horizontes?
cortar o ar, caçar o tom, deixar a mão guiar meus sonhos nas terras do sentimento, como faz um viajante, sempre a procurar horizontes...

vislumbrando o meu horizonte...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

do feitiço


donde cê apareceu, trazendo festa em meu berço, festando em balaio meu?
mandando beijos pra chuva, chovendo beijos em mim
quero o nome do herdeiro, quero herdar teu sorrir
quando acordo primeiro é só pra te ver dormir...

ô menina do balaio, o que é que me aconteceu?
cê aparece sem pressa e depressa leva o que é meu
na boca um beijo e no abraço meu braço não sei qual é
a gente se misturando feito leite e café que faço/faz enquanto cê sonha, enquanto volta do céu
cê que veio de santa pra trazer o que é meu

traga toda tua prenda, traga tudo que for
que eu trago a poesia pra esconder nossa dor
traga toda a tua lenda, traga o teu cobertor
que eu trago a poesia pra cantar nosso amor