quarta-feira, 30 de maio de 2012

do querer

caramba... e não é que passamos a maior parte do dia/da vida QUERENDO alguma coisa?
enquanto andamos na rua, estamos querendo chegar em algum lugar. nunca é uma andança livre. aí chegamos. e todo o caminho ficou pra trás sem que nem olhássemos pra ele tampouco aprendêssemos com ele.
e olha que se trata dum exemplo bobo. em âmbitos maiores, é o mesmo que se dá. o querer nos tira da ação presente e projeta toda a alegria prum momento posterior.

aí tava pensando cá com meus botões. se eu plantar uma macieira, posso estar louca querendo comer uma maçã que pouco importa, a macieira não vai acelerar seu passo pra me agradar. ela vai dar os frutos no tempo dela, no tempo natural. a mesma coisa o sol: por mais que eu queira que o sol nasça logo, a madrugada só vai embora na hora que ela naturalmente vai e cede posto ao dia. e ainda assim o sol pode teimar em não aparecer, pra contrariar minha vontade. se fato é que devemos nos espelhar na natureza e estar em harmonia com ela, ora, então também nada se deve querer especificamente das situações. quando muito se quer, acabamos por não SER, nem VIVER.

o mais louco de tudo é quando se aplica às pessoas. imagina só querermos algo de alguém? querermos que alguém seja de um jeito ou de outro? ó a minha lição aí! na singularidade de cada um, cabe a nós amar, aceitar, sem querer que ele mude, faça isso ou aquilo. deixemos o outro simplesmente ser! sem projetar qualquer estereótipo do que queremos - mesmo porque nós nem sabemos bem o que é e o que não é o correto para nossas vidas. as experiências que temos são as que temos de ter. as pessoas que nos cercam e cruzam nosso caminho só são capazes de nos dar lições e ensinamentos por serem exatamente da maneira como são e assim como nós estarem em constante mudança e aprendizado. me pego às vezes querendo que fulano fosse mais calmo, ciclano fosse mais atencioso... mas, caramba, e eu? será que eu sou exatamente do jeito que cada um dos meus amados quer que eu seja? claro que não... e isso não deve frustrá-los, assim como o fato de eles serem quem são não pode me frustrar.

é difícil se dar conta, é dia após dia, é um vigiar constante. é não querer, é simplesmente respirar e fazer como eu sempre fiz com minha flor de jasmim a caminho de novos cantos do mundo que íamos conhecer: a gente se joga no início de tudo, no arrumar a mala, que é divertido demais, no não-dormir pra sair cedinho, no caminho pra rodoviária que é o passeio mais incrível do mundo, no ônibus de viagem ou no trem com tantas risadas que a gente esquece pra onde está indo.

isso também se dá quando há, pra além de encontro de corpos, encontro de almas, e que eu tenho aprendido, tão sutil, tão belamente com minha paz:

"Permaneça no presente, desfrute o encontro de dois corpos, de duas almas. Fundam-se um no outro, dissolvam-se um no outro, esqueçam-se de que vocês estão indo a algum lugar, permaneçam no momento indo a lugar nenhum, e se fundam."
Osho

segunda-feira, 28 de maio de 2012

da boa resposta e do prêmio

hoje passei por dois momentos que suscitaram bastante reflexão.

estava lá, linda e garbosa na aula de filosofia antiga. lembrei do meu ex-marido. quando o conheci, estávamos na graduação e, sabe comé, aluno de universidade pública só tem conversa 'elevada', vulgo 'papo cabeça', e nós dois éramos diferentes disso tudo: falávamos de absolutamente tudo e com alegria de criança! um dia estávamos conversando bem sobre isso mesmo, sobre as pessoas da universidade e da maneira como sempre queriam conversar sobre assuntos sérios e citar autores e fazer prevalecer a sua visão dos fatos. conversa importante é legal e engrandecedora, mas com a pessoa certa e na hora certa. ele tentava me convencer de que, sobretudo para aquelas pessoas ali mas também pra grandissíssima parte da população, toda conversa se trata de uma competição argumentativa, em que pouco importa a realidade dos fatos. e hoje o meu professor estava lá comentando que, no contexto da Grécia Clássica, lá com seus retores e sofistas discursando, toda e qualquer conversação era um ágon, ou seja, uma disputa, uma competição que pressupunha necessariamente um vencedor. e sócrates parecia não concordar muito com essa afirmação. enfim, na pós-graduação a arrogância dos alunos aumenta e eles começam a achar que podem e devem fazer comentários in-crí-veis no meio da aula, comentários esses recheados de nomes de autores alemães, pra mostrar pra todo o resto da sala que conhecem todos os ramos da filosofia... daí então me vem um cidadão que exemplifica esse modelo uspiano e pergunta se uma determinada posição de sócrates perante um rapsodo num determinado diálogo tinha relação com um autor de nome BEM esquisito do qual eu nunca ouvi falar... mas é importante notar que há duas formas de perguntar.

1) Professor, isso tem a ver com isso?
2) Professor, isso tem a ver com isso. Né?

no exemplo 1, ainda que o cidadão tenha essa arrogância toda aí, dá pra notar uma dúvida, sabe? de repente o cara lembrou de outro autor naquela circunstância e quis saber do professor se REALMENTE fazia sentido o que ele tinha pensado. ok, ainda com o nome finlandês, sueco ou eslavo do autor que ele lembrou e leu no original, tava tudo bem.
no exemplo 2, que foi o caso hoje, o rapaz deixa claro que está afirmando e só quer que o professor confirme sua SUPER sacada pós-moderna.

resposta do professor, em tom calmo, tranquilo e de boaça: "não, tem nada a ver. pode ir pro intervalo, galera."

às vezes o professor nem conhecia o autor do qual o rapaz tava falando, e como tá acostumado com aluno bocó com necessidade de exibição, já tratou de acabar com a graça dele não dando muita atenção. ou então não tinha nada a ver mesmo. voto na última opção.

* * *

aí no intervalo, rindo por dentro do aluno inteligente do autor alemão, fui tomar café. sentei num banquinho bonitinho no meio das árvores louquinha pra ficar sozinha curtindo minha própria respiração - que tenho aprendido ser o melhor a se fazer em diversos momentos - quando me vem uma duplinha de intelectuais compartilhar o mesmo banco. pensei em levantar, olhei os bancos em volta e estavam todos ocupados por pessoas tomando seus cafés. aí fiquei lá mesmo. e eles começaram a conversar. um era mais novo, pique mestrado, e o outro um pouco mais velho, pique pós-doutorado. uns 10 anos separam eles, acho. enfim... o mais novo já chegou dizendo que estava muito feliz. eu não entendi porque, mas o amigo dele entendeu e falou: "sim, muito bom você ter ganho o prêmio". já inferi então que ele havia ganho algum prêmio acadêmico, afinal, é só disso que se fala por lá. e começaram a discorrer e algumas informações ficaram claras pra mim: o rapaz mais novo estava mesmo no mestrado e se destacou por uma produção acadêmica. o mais velho era professor e membro do departamento de filosofia ou algo assim. o novinho contestou, dizendo que ganhou mas não ganhou nada. ora, a frase é redundante por si só. e o mais velho respondeu, com toda categoria - e já meio sem paciência: "oras, você ganhou o prêmio!". o mais novo então, ingênuo que é, disse: "eu digo algo material, dinheiro mesmo, sabe?". diante da imaturidade do pupilo, o professor disse: "menino... sua geração não dá valor: dá preço."
nessa hora, é CLARO que eu ri. já tinha terminado meu café, levantei e fui pra segunda parte da aula rindo por dentro.

adoro professor que desbanca aluno metido a besta!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

da família

hoje é aniversário do meu pai. o da minha irmã foi há 3 semanas e o da minha mãe, há um mês. como pode-se ver, minha família toda (que é pequena assim mesmo) comemora os outonos em datas bem próximas. só eu que tô lá deslocada no inverno - com a graça do Universo, fugi de ser taurina...

bom, nessas datas a gente aproveita pra ressaltar as qualidades, dizer que ama e coisa e tal. mas minha família sempre foi meio afetofóbica, pouco afeita a carinhos e abraços e palavras de amor. claro, como não poderia deixar de ser, eu sou exatamente assim também. não gosto que me encostem, detesto cumprimentar com beijo no rosto cada uma das almas que estão num lugar - sou adepta ao OI geral que você não precisa nem chegar perto de ninguém. às vezes é meio ruim ser assim, mas no geral eu adoro e me aceito sem grandes questões.

bom, voltando à família pra não perder o foco. já tem quase 10 anos que nós não moramos juntos, os 4. nesses 10 anos é que eu realmente me conheci, porque antes eu era só uma reprodução dos meus pais, como é toda criança.
conforme o tempo foi passando, completamente sem querer, eu me pego em atitudes que via neles no passado. hoje eu olho a chuva quando ela cai e entendo a minha mãe, que ficava na varanda do apartamento hooooooooras a fio com sorriso de boba. ela tinha um costume que eu, na minha ridiculice de criança, detestava: saía de casa carregada de sacolas, com livro, revista, blusa, toda sorte de bugiganga, e um guarda-chuva maior que eu (na época). putz, aquilo me dava um desespero, achava feio e chato. aí hoje saio eu, toda esculachada, CHEIA de sacola e com um guarda-chuva que além de ser faraônico ainda é vermelho-tomate. e simplesmente NÃO ESTOU NEM AÍ! e entendo que minha mãe deveria pensar exatamente o que eu penso hoje: "que cada um vá pra puta-que-o-pariu se achar feio". simplesmente não ligo pra estética dos meus passeios.

não tenho certeza, mas suponho, pelas fotos que vejo, que meu pai era bem parecido comigo quando era novo. viajava bastante, se jogava na vida. em algum momento - deve ter sido quando teve filho, faz sentido -, o curso mudou. mas antes parecia ser assim. e se for mesmo, ele aproveitou pouco, porque foi pai com a idade que eu tenho agora e, sinceramente, falta muitooooooo ainda pra eu correr de mundo antes de me responsabilizar por alguém. acho que veio dele essa liberdade toda, essa vontade de andar em estradas novas toda hora - porque, se pudesse, eu certamente agora estaria numa trilha desconhecida.

o importante é deixar claro que, embora não pareça e embora eu nem fale nunca, eu amo cada um deles! claro, amar de longe é fácil, e quem não gosta de coisas simples? pra amar, não precisa estar grudado. aliás, em muitos casos, estar perto é pior. o amor não está nos olhos, afinal...

quinta-feira, 24 de maio de 2012

da auto-estima e do perdão

hoje eu conclui que tenho uma auto-estima bem alta. não falo de físico, mesmo porque aí é outro departamento que muitas vezes não depende apenas de nós. falo de confiar em si em outros sentidos.
com base nisso, hoje me ocorreu algo: COMO é que alguém pode me perder?? Puta que o pariu!! ainda mais me perder só por não conseguir ser humilde e ver que errou - às vezes a pessoa até vê que errou, mas não pede desculpas. porque é orgulhosa ou porque pensa que as pessoas devem perdoá-las sem que elas precisem NEM MESMO demonstrar ou falar que estão arrependidas. fácil assim, hein? você sai errando adoidado e os oturos que te perdoem calados! é difícil de acreditar, mas tem gente que prefere perder a outra do que simplesmente dizer: "eu errei. me desculpa?". pronto.
opinião, idéia, essas coisas são efêmeras, a gente muda todo dia. mas se magoamos alguém, é a hora certinha de simplesmente pedir desculpas. se a pessoa não desculpar, ou desculpar mas não quiser mais te ter por perto, ok. o importante nem é BEM isso. é que você retirou a chateação. fez valer o que sente pelo outro ou o que o outro sente por você. é uma chance de continuar caminhando ao lado da pessoa!
mas sem nenhuma demonstração de que você quer ser perdoado ou que realmente viu que errou e quer continuar na vida do outro, na boa, não tem como o outro adivinhar! de uma forma ou de outra, o perdão brota cedo ou tarde; mas nada ficará bem enquanto você não DISSER EM ALTO E BOM SOM que se importa se o outro te perdoa ou não, que viu que errou, que quer começar de novo.
e eu vou vivendo aí percebendo que não tenho essa importância toda que às vezes penso ter - ou penso que deveria ter, por conta da alta auto-estima. nunca perdi ninguém verdadeiramente importante por falta de humildade de me ver errada e dizer isso. posso ter perdido pelo ato em si, mas não por ser orgulhosa e não reconhecer meu erro. isso não. tão curta a vida... aí quando cruzamos alguém que valha a pena, o que não é válido é ser tão cheio de si a ponto de deixar essa pessoa escapar por vaidade.
orgulho é PURA vaidade. é mentir pra si mesmo. é achar que o outro é turrão e inflexível - sendo que o outro pode ser doce e aceitar seu erro. só vamos saber ao tentar! o que não acontece - ao menos não por aqui, comigo - é alguém errar e acreditar que eu deva amá-lo tanto a ponto de compreender, perdoar pra dentro, entender o tempo dele de enxergar as coisas e blá. não, isso não existe. a esse alguém, meus pêsames.
lembro de uma vez que alguém me pediu perdão, anos depois, por ter feito algumas coisas que, na hora, não conseguiu ver que me afastaram. eu perdoei, simples. bastou pedir. neste caso específico, não senti vontade de me reaproximar, tinha passado já bastante tempo, e como eu disse tenho bastante preguiça das pessoas. mas triste é que tem alguns casos que ainda são recentes e que, mediante um simples pedido de desculpas, tudo se dissolveria. aí é que vejo REALMENTE que eu não tinha tanta importância assim pra pessoa. afinal, seguir a vida sem nem olhar pra trás é um claro sinal de frases como: "ah, se magoou comigo? foda-se!"; "sinto muito, eu sou assim e vou continuar sendo assim". prefere me perder do que se olhar de perto e tentar enxergar que errou e verbalizar isso.
caramba. realmente eu não fui importante. e hoje está tudo claro. o fato de negar ajuda, de me encaixar nos programas que faria mesmo sem minha existência ou nos dias de chuva e que não se tem nada pra fazer, é pelo simples fato de que eu não era importante mesmo. ponto. e eu que aprenda a lidar com o fato de que nem todo mundo vai me considerar tão foda quanto eu sou. e essa pessoa nunca vai me achar importante, eu posso fazer o que for, tentar mostrar, pedir; não adianta! simplesmente não tenho importância, e não por eu ser pouco, mas porque o outro é um mundo que nós nunca vamos compreender.

é uma pena. pena mesmo. meu coração é de criança ainda e não entende como alguém pode simplesmente abrir mão de algo que era legal. era bom. era raro e era bonito. mas talvez fosse só pra mim.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

dos livros da estante

Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem repete um gesto imemorialmente irremediável. No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evitar a reincidência daquela cena tantas vezes contada na história do amor, que é história do mundo. Ela o olhava com um olhar intenso, onde existia uma incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que era tudo impossível entre eles.

Viu-a assim por um lapso, em sua beleza morena, real mas já se distanciando na penumbra ambiente que era para ele como a luz da memória. Quis emprestar tom natural ao olhar que lhe dava, mas em vão, pois sentia todo o seu ser evaporar-se em direção a ela. Mais tarde lembrar-se-ia não recordar nenhuma cor naquele instante de separação, apesar da lâmpada rosa que sabia estar acesa. Lembrar-se-ia haver-se dito que a ausência de cores é completa em todos os instantes de separação.

Seus olhares fulguraram por um instante um contra o outro, depois se acariciaram ternamente e, finalmente, se disseram que não havia nada a fazer. Disse-lhe adeus com doçura, virou-se e cerrou, de golpe, a porta sobre si mesmo numa tentativa de secionar aqueles dois mundos que eram ele e ela. Mas o brusco movimento de fechar prendera-lhe entre as folhas de madeira o espesso tecido da vida, e ele ficou retido, sem se poder mover do lugar, sentindo o pranto formar-se muito longe em seu íntimo e subir em busca de espaço, como um rio que nasce.

Fechou os olhos, tentando adiantar-se à agonia do momento, mas o fato de sabê-la ali ao lado, e dele separada por imperativos categóricos de suas vidas, não lhe dava forças para desprender-se dela. Sabia que era aquela a sua amada, por quem esperara desde sempre e que por muitos anos buscara em cada mulher, na mais terrível e dolorosa busca. Sabia, também, que o primeiro passo que desse colocaria em movimento sua máquina de viver e ele teria, mesmo como um autômato, de sair, andar, fazer coisas, distanciar-se dela cada vez mais, cada vez mais. E no entanto ali estava, a poucos passos, sua forma feminina que não era nenhuma outra forma feminina, mas a dela, a mulher amada, aquela que ele abençoara com os seus beijos e agasalhara nos instantes do amor de seus corpos. Tentou imaginá-la em sua dolorosa mudez, já envolta em seu espaço próprio, perdida em suas cogitações próprias – um ser desligado dele pelo limite existente entre todas as coisas criadas.

De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, correu para a rua e pôs-se a andar sem saber para onde…

Moraes, Vinícius de. "Separação". In: Para Viver um Grande Amor, 2ª Ed., Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1962.

aos nossos capítulos

de toda situação, fica sempre uma bagagem gigantesca de aprendizado. eventualmente fica uma mágoa ou outra, mas que também se transforma em aprendizado. resumindo, boa ou ruim, toda circunstância ensina bem mais que qualquer livro.

costumo sentir bastante preguiça das pessoas. da maioria da humanidade eu sinto preguiça até que se prove o contrário. a outra minoria são meus poucos grandes amigos - e mesmo deles às vezes bate, confesso, uma vontade grande de continuar amando de longe. já simplesmente abandonei certas 'relações' - não chamo de amizade porque certamente não era isso - porque, olha, cansei. sempre sei porque, embora prefira contar por aí que broxei do nada. já abandonei quem percebi que me invejava, quem era rude sem motivo, quem não era suficientemente boa pessoa. algumas pessoas não me invejam, são doces, ótimos sujeitos mas também me broxam. são as egoístas, as que não demonstram que gostam, as que não são capazes de olhar pra fora porque estão bem concentrados em olhar pra dentro. sim, olhar pra dentro é bem importante; mas como ato isolado, se torna egocentrismo e, na boa, ignorância. abandono quem gosta pouco. talvez porque eu seja bem intensa e efusiva. talvez porque sim. é reação da ação.

e as situações ruins nos ensinam pela negação, o que é um belo mecanismo na natureza, por conta desse amor todo que ela emana por nós a cada nascer de dia! vamos vendo o que não queremos ser, a maneira como não queremos agir, super eficaz!

dá pra contar uma quantidade catastrófica de pessoas que eu realmente gostava e que no acúmulo de pequenas coisinhas passaram a ser história. meu livro vem cheio de histórias, e é bem pequeno o número de pessoas que resistiram ao tempo.

o bom mesmo disso tudo é o livro de lições que isso vai formando na nossa biblioteca mental. são tantas coisas que se aprende, que se leva, que se pode sentir e que provavelmente se vai sentir para o resto da vida! quando alguém cruza nosso caminho, nos muda dum modo que às vezes nem é tão simples perceber na hora, mas que logo percebemos - e não importa, no fim das contas, quanto tempo permanece em nós! que seja um capítulo apenas que ela ajude a compor, certamente vai ser determinante em muitas ações dos capítulos adiante.

e hoje eu agradeço ao Universo por cada um que cruzou minha vida, que me ensinou pela afirmação ou pela negação. agradeço aos dias todos que me foram dados ao lado de cada um, e hoje bem mais do que ontem eu pretendo fazer apenas meu melhor, oferecer só bons sorrisos e vida leve...

terça-feira, 22 de maio de 2012

à castidade - parte II

não economizo palavras pra dizer que não me sinto parte dessa juventude aí. devo ter uns 80, 82 anos. e adoro ser assim, sem falsa modéstia...
agora eu inicio mais um período daqueles que as pessoas encaram como entre-histórias e eu encaro como simplesmente a continuidade da vida. e nessas horas eu não sinto vontade ALGUMA de ter nada com ninguém, nem affair, nem porra nenhuma. chamo de 'castidade', mas não no mal sentido. é uma castidade de purificação, a mim mesma, que preciso - e não vem de fora, ninguém me disse que é assim nem li em canto algum: meu coração e meu corpo também sentem assim. é como se fosse um período de desintoxicação. enquanto tem alguém ainda no processo de ir-embora do meu sentimento, não traio a mim mesma tentando nada que seja menos do que era antes.
castidade pode parecer um termo forte, carregado de tradição religiosa e de interpretações martirizantes e sacrificantes. não quero dizer nada disso! não tô sofrendo, não vou sofrer, não é um martírio! é que relações vazias nunca me agradaram e não me conferem prazer nenhum, nem uma conversa vazia, nem um beijo vazio nem nada que não tenha um cerne bonito.
conforme o tempo passa, a tendência é que a gente vá aprimorando os critérios e, de certa forma, melhorando nossas escolhas, sobretudo no que diz respeito a relacionamentos. e ficar exigente não é ruim; deve-se escolher, oras! tudo: o que se ouve, o que se vê, o que se come, e por que seria diferente com as pessoas ao nosso redor? sou de poucos amigos, não tenho tempo pra conversê, gosto de fazer valer meu tempo. e, na boa? como eu amo minha companhia! acho a melhor do mundo! tenho total liberdade comigo mesma, posso agir como eu bem entendo e se eventualmente eu errar comigo, peço desculpas a mim e aprendo a lição. e como não guardo rancor, me perdoo logo e sigo seguindo!
não gosto de nada vazio. ainda mais beijo, toque. no meu pensar 'conservador' (fui forçada a usar essa palavra por falta de uma melhor, mas não entendam como 'quadrado' ou 'antiquado'...), são coisas tão, mas tão íntimas, e tão profundas, que só devem existir se há afinidade, verdade, olhares. não estou dizendo que precisa durar TEMPORALMENTE; pode existir por 24 horas, mas tem de ter sido verdadeiro e sobretudo tem de ter tido encanto. não encanto-desejo, encanto-corpo, encanto efêmero: encanto-alma!
sempre estranhei tantos comentários a respeito do quanto é bom ficar solteiro e sair por aí piriguetando e coisas assim. não sei dizer porque, mas eu não sinto desse modo. entre sair pra gandaiar e gastar minha mandíbula com alguém que não represente nada, prefiro sem pestanejar fazer algo de produtivo. estudar é produtivo. rir até cansar com um amigo de verdade é produtivo. assistir LOST é produtivo.
engraçado que talvez por isso eu sempre tenha tido sorte e encontrado ao longo do caminho ótimas pessoas pra se caminhar! dessas que mesmo depois que passa ainda têm grande lugar no coração e serão minha família sempre.
caramba, curar um amor com atos vazios tá longe de ser o que vai me fazer me limpar do que passou. só gasto 10 minutos que seja da minha atenção com algo que valha a pena tanto quanto valia estar do lado de quem eu gostava. menos que isso? putz... como eu gosto de ficar sozinha!
e as pessoas sentem - dá pra notar! - que quando você gosta de ficar sozinho ou passa muito tempo longe dos holofotes, é porque não tem nada pra oferecer e ninguém te gosta. nossa, nada poderia haver de mais errôneo! gostar da solidão é só ter aprendido que tem hora pra tudo debaixo do céu. as relações de hoje são superficiais, então bom mesmo é cultivar aqueles que passaram no teste do tempo e sobretudo cultivar a SUA própria vontade de ficar do seu lado!
nosso tempo de vida é nada menos do que a NOSSA VIDA. gastá-lo significa ir morrendo, ir matando a vida e a capacidade que nos é dada, aqui, de evoluir, de conhecer belezas, aprender, aprimorar, ser feliz, simplesmente! já que finalmente, depois de MUITAS tentativas, finalmente decidi parar de gastar minha vida com quem não me valoriza o suficiente e com gente egoísta em pele de bom-moço, óbvio que não vou perder meu tempo com coisa pouca.

domingo, 20 de maio de 2012

ao bom entendedor

todas as palavras ditas já basta. e já que todo mundo tem carência virtual nesse mundo-de-meldels, fica o recado por aqui também.

não tem nunca o que se conversar com quem sempre está certo e nunca vê que sim, errou, fez o que não devia de novo e tantas você fez que ela cansou. e mesmo que tente, não vai mudar porque é egoísta demais pra isso.

como sou fã do Universo e adepta da teoria de que nada é por acaso, entendi o que se deu nesses dias. era a demonstração de que eu não me contento com esse rumo. super bacana cada um ter auto-estima e se achar a última bolacha do pacote, o melhor que se poderia encontrar e blá: mas, na boa: é não.

até cheguei num lapso a pensar: "putz, mas ele vai achar isso e aquilo, que eu sou isso e aquilo", mas logo, bem logo mesmo, eu pensei: "mano, foda-se!". porque de fato eu não tô nem aí. se alguém não me agrada não agrada e ponto, e aí você pode dizer que é culpa minha que não me adequei a você, então beleza, a culpa é minha e vamos todos continuar felizes e serelepes!

só tenta entender que VOCÊ foi quem tirou da sua vida todas as pessoas que saíram dela.

and nature has a funny way of breaking what does note bend.

simplesmente a minha vontade acabou. ela, que nunca nem foi tanta assim.



fare thee well

eu vou e não vou olhar prá trás dessa vez.

as desilusões são sempre fatais...



sábado, 19 de maio de 2012

ao bob dylan



ah, é.
adoro essas músicas que vem da infância e de repente algumas vezes na vida fazem todo o sentido do mundo.

fato é que nós temos sim algumas idéias já formadas a respeito do que gostamos ou não. há quem agrade e quem não agrade. pode mudar e tal, mas, a rigor, é isso: a gente gosta do que faz bem e desgosta do que faz mal.

claro, tem de tomar um cuidadinho pra não acabar espantando da sua frente todo mundo que não se adequa logo de cara. mas, convenhamos: tem gente que já faz um tempo que você sacou que não é. não é, não vai rolar e acabou. quer manter, ok, mas mantenha sabendo que não é. é, minha flor, tem sim aquela hora crucial que você toma a consciência: não é! daí pra frente somos nós com nós mesmos. é seguir sabendo que a estrada já vai terminar.

aí dá vontade de ser bob dylan ou joan baez e cantar bem alto:

Go 'way from my window,
Leave at your own chosen speed.
I'm not the one you want, babe,
I'm not the one you need.
You say you're lookin' for someone
Never weak but always strong,
Someone to open each and every door,
But it ain't me, babe,
No, no, no, it ain't me, babe,
It ain't me you're lookin' for, babe.

Go lightly from the ledge, babe,
Go lightly from the ground.
I'm not the one you want, babe,
I will only let you down.

Go melt back into the night, babe,
Everything inside is made of stone.
There's nothing in here moving
An' anyway I'm not alone.
You say you're looking for someone
To gather flowers constantly
An' to come every time you call,
But it ain't me, babe,
No, no, no, it ain't me, babe,
It ain't me you're lookin' for, babe.

sábado, 12 de maio de 2012

12 de Maio

é necessário você preparar seu amor, arrumar sua cama, acender sua chama para me receber essa noite, para não pretender mais que sou, para se proteger disso tudo... ninguém vai nos fazer mal.

é importante você me saber, acolher como eu colho em você esperanças de querer... e deitar ao seu lado de noite e deixar que a paixão me domine. num abraço pretender ser mais forte do que as leis que me levam a você.

quando você cai dentro do meu coração é como se o sol e a lua se esparramassem pelo chão...

qualquer coisa que eu pudesse dizer seria pouco. não dá pra chegar nem próximo do quanto meu coração se alegra com seu sorriso, e se amansa na sua presença.


quinta-feira, 10 de maio de 2012

à escola

ontem fui passear ali na rua de cima e passei na frente duma escola no horário de saída. escola pública, claro, senão não tem graça. a construção grande, alta, aquele moooooooonte de criança e adolescente muito-louco. caramba, dá uma vontade de falar pra eles todos aproveitarem bem, porque vai passar suuuuuuuuper rápido... mas não adianta, é assim que tem que ser. eles vão perceber depois... mas atentei sobretudo pra dois aspectos: os estereótipos escolares e as mudanças que aconteceram dos meus anos 90 pra cá. os estereótipos não mudaram muito não. tem a bonita princesa que nunca, nunca vai dar bola pra nenhum dos esfarrapados da classe dela. talvez prum mais velho, com cara de cafetão - que também é esfarrapado, mas dum jeito bem heterodoxo usa isso a seu favor. tem a gostosa mas nem tão bonita assim, que se usa das protuberâncias pra sair na frente da bonita princesa. mas como homens gostam mesmo é daquilo que eles não têm - desde a infância e para sempre -, eles pegam a gostosa mas ainda cortejam mesmo a bonita princesa. bom, enfim, tem a grande maioria que é feia mesmo. feia, desconjuntada - como toda pessoa é dos 10 aos 15. tem as meninas desbocadas que andam com os meninos, tem os meninos mais sensíveis que andam com as meninas. bom, as mudanças. não tinha essa tecnologia de ponta levada à escola. todo mundo com celular, com Ipod, com essas coisas que nem sei bem o nome mas que tocam música alto pra caramba. e aí cada um tá ouvindo uma coisa, ou vendo algo naquela telinha e no fundo ninguém tá junto. vi pelo menos três grupinhos ou duplas de 'amigos' andando juntos, um do lado do outro, cada um no seu mundo. pô, pra que servem os amigos em 2012? tinha pouca conversa e muito grito, pouco olhar e muita música alta. deve ser foda ser professor dessa pirralhada, todo mundo postando no facebook no meio da aula, deve dar uma vontade de enfiar o celular goela abaixo do cidadão... e senti aquele cheiro bom de livro de biblioteca, de merenda, de uniforme passadinho... ah, se me o Universo permitisse viver algo de novo, certamente seria uma terça-feira qualquer de 1995... pra viver um dia inteiro, do início ao fim! mas sabe que, por um lado, talvez o que tenha tornado esses anos tão dourados tenha sido justamente o fato de estarmos inconscientes de que passaria, focados só naquilo ali, sem absolutamente nenhuma preocupação. aí se eu fosse hoje viver um dia de 95 com a consciência que tenho hoje, talvez não fosse tão leve. eu ia tentar, mas seria mais difícil do que era quando era natural. êta, vida boa, que traz e leva tudo na hora certa!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

do discurso do 'eu'

uma dessas lições que eu aprendi com o tio marco. tio marco é uma daquelas pessoas que você tem vontade de passar a vida inteira escutando falar, contando histórias, inventando teorias, sejam válidas ou não. afinal, a validade pouco importa! aliás, eu passaria a vida junto com toda a família do tio marco - e que chamo de 'minha' sem medo de ser feliz e com todo amor que há no coração! pelo simples fato de que todos são encantadores cada um do seu jeitinho, no seu falar limeirense que tem aquele L que dizia 'minha Linda' lá os primórdios dos anos dourados e loucura e quinta-i-breja. enfim, voltando ao referido discurso do 'eu'. isso irrita o tio marco. fato, nunca ouvi ele falar de ninguém. ah, minto, já ouvi sim: ele falava de um sobrinho da tia denise que ele gostava demais, e adorava o cara e era fã do cara. só. de resto, o assunto é sempre transcendental. atemporal. sempre enche os ouvidos e faz o coração ficar feliz e cheio de novos termos, nova vida. bom, coisas de casa do tio marco que só estando ali mesmo pra saber. ai, caramba, que saudades! novamente, voltando ao ponto: o mundo tá doido dum tanto que as pessoas não percebem seu discurso do 'eu'. é o tempo todo, como se uma disputa fosse. cada um conta de si, e enquanto o outro fala nada se escuta: afinal, é apenas a espera para que se inicie um discurso de si mesmo, repleto de competições sem fim, de quem é mais engraçado, quem teve o melhor fim de semana, quem tem a história de amor mais complicada. é bom ficar atento, afinal, todos podem cair nessa. e, mano, é CHATO pra cacete escutar alguém falando de si desmedidamente! calma, não é que não se possa falar da gente; pode, claro, compartilhar é super saudável, contar uma história, pedir uma ajuda, contar como foi sua semana só pra trazer a pessoa pra sua realidade um pouquinho e tal. mas só. chega. nada de se estender e ter sempre um comentário sobre o quanto a SUA vida é mais legal, o SEU ônibus demora mais, o SEU trabalho é mais importante e o SEU namorado é mais sensível. na carência de contar sobre o que é SEU, faça um diário. dá super certo! e tem vantagens: a memória seletiva. escreve só o que quer lembrar daqui uns anos, e pronto, da parte chata ninguém vai lembrar. fantástico! a propósito, vale ressaltar que muito pouco do que a gente diz de nós - e até do que sabemos sobre nós - é real. não se trata de quem somos realmente. trata-se, na verdade, duma máscara que é mesmo difícil de reconhecer. tudo que nos disseram, nos fizeram acreditar sem questionar, e mesmo tudo isso que se vê pelas ruas é só miragem. nada disso existe. o que existe é muito mais sutil e muito mais poderoso. e é a ausência disso tudo que permeia os discursos do 'eu' espalhados por todos os cantos, que se pode ouvir toda hora, toda hora, simplesmente toda hora... basta olhar a natureza. ela é, majestosamente. uma flor é de cores, exala perfume, colore, alegra, e não fala. não discursa, não exalta seu nascimento nem sua prole. não se orgulha: ela é! as maiores jóias vistas no planeta Terra nada dizem: são espetáculos, como o pôr-do-sol, a manhã rosada, as quedas d'água que saem lá de cima, descem as serras, escorregam nos nossos olhos que se enchem de beleza e vida. ah, como eu preciso aprender ainda a simplesmente ser, como agradeço por ter acordado e ter vivido mais um dia e andado por mais uma estrada nova e visto mais lições dessas que vi, que pude sentir enquanto o dia se estendia em belo céu azul claro. PS: olha, depois dum dia desses, fica a certeza cada vez maior de que nosso encontro foi diferente de tudo, tudo! foi reencontro - e você tentou me mostrar desde o primeiro dia. caramba... que sorte a nossa, hein? :)

quarta-feira, 2 de maio de 2012

mês de maio

azul do céu brilhou: o mês de maio enfim chegou! olhos vão se abrir pra tanta cor... é mês de maio, a vida tem seu esplendor. a luz do sol entrou pela janela e convidou pra tarde tão bela e sem calor. é mês de maio, saio e vou ver o sol se pôr! horizonte de aquarela que ninguém jamais pintou e um enxame de estrelas diz que o dia terminou... noite nem se firmou e a lua cheia já clareou. sombras podem ir, façam favor! é mês de maio, é tempo de ser sonhador. quem não se enamorou no mês de maio bem que tentou, e quem não tiver ainda amor, dos solitários o mês de maio é o protetor. pro futuro, quem nos dera que te dessem mais valor... pode trocar mês de maio pelo seu nominho. você enfim chegou pra encher de cor a vida da brunamaria!