quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

pro pulsar


O que será que me dá?
Que me bole por dentro, será que me dá?
Que brota à flor da pele, será que me dá?
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita...

O que será, que será
Que dá dentro da gente e que não devia?
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
E nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá?
Que me queima por dentro, será que será?
Que me perturba o sono, será que me dá?
Que todos os tremores me vêm agitar
Que todos os ardores me vem atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
E todos os meus nervos estão a rogar
E todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo

O que será, que será
Que andam suspirando pelas alcovas?
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza
Será, que será?
O que não tem certeza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem tamanho...

O que será, que será
Que vive nas idéias desses amantes?
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia a dia das meretrizes
No plano dos bandidos dos desvalidos
Em todos os sentidos...

Será que será?
O que não tem decência nem nunca terá
O que não tem censura nem nunca terá
O que não faz sentido...

O que será, que será
Que todos os avisos não vão evitar?
Porque todos os risos vão desafiar
Porque todos os sinos irão repicar
Porque todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo...

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

pras desculpas

me desculpa esse mal jeito?



pode ser medo, pode ser um milhão de coisas babacas que nem eu mesma conseguiria explicar em mil anos. pode ser qualquer coisa que agrade ou não.

só sei dizer agora que sinto falta do brilho que tinha os seus olhos quando me via e que agora, por culpa minha, tem se dispersado... sinto falta do seu abraço me procurando sem medo que eu exploda ou feche o tempo. está tudo complicado pra mim, bagunçado, sem saber se construo ou não fica tão esquisito...

meu bem, o meu lugar continua sendo onde você quiser que ele seja. e eu ainda não quero o que a cabeça pensa, quero o que a alma deseja.

me dá tempo de eu mostrar que é isso?

cada vez que você correr e for rodopiar de cartola, eu vou contigo. e rodopio com você no espaço por um sem-tempo como fazemos quando nos jogamos no chão. é isso que eu amo. é disso que eu tô falando. do seu desprendimento, da sua infantilidade, da nossa alegria e da nossa vida um no outro, do seu sorriso que ilumina minha vida, da sua voz de som alto que me faz a princesa mais sortuda de todos os reinos.

meu bem, me desculpe...
vamos passar por cima disso?
não solta a minha mão?

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

pro meu ascendente

quantas vidas foram precisas pra te encontrar assim?


de falar alto, de ser escândalo e nada de brisa, embora a brisa agrade aos dois.

é tempestade, e, ah, como me agrada a tempestade! que falta fazia você, mesmo que você não existisse.

de diversas coisas lindas que vieram, que houve, que li, estava você como um conto diferente, algo que não há língua capaz de traduzir.



de repensar posteridade, isso realmente não tem precedentes. é inauguração de fogo, de explosão que irrita tanto quando vai embora e que tira a calma, e quem foi que disse que eu queria calma?

eu nunca quis calma. eu tive mas algo faltava. faltava o grito, faltava o teatro, e veio você de peça de estréia, minha paz bonita. como se a paz fosse em parte dependente da tua voz cantando aqui, do teu violão louco e gritante, que me desconcerta, que me faz olhar e admirar pra sempre, porque admiração não tem tempo, como não tem tempo o seu ser em mim.




eu cuido, e você cuida, eu vejo. eu te vejo em mim e te olho pra mim, como um espelho e tanto nas boas maneiras como nas falhas - tantas falhas nós temos, e elas são lindas como são todas as imperfeições.

dizer 'eu te amo' não devia ser um problema.

pra gente não foi. foi de alto de pedra, de salto de lost, de pulso tão firme e tão grito e tão alto que, se fosse pulo, seria morte.

e medo eu não tenho - tento não ter - nenhum.

pula todas as músicas comigo, pulo todas com você segurando minha cintura. prometo a cintura, prometo pular, prometo ainda que as promessas sejam do agora e possam ser nada depois. não me importa. me importa só que sou aqui. sou agora, sou que nem você. assusta, né? você não tem medo de nada... eu tenho mas finjo que não tenho e toco com você.

me ama todo dia que eu hei de amar você cada dia, dia a dia, pratododia.