quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A varanda...


Varanda é como possibilidade de horizonte. Na varanda, onde a lua se levanta, nossa rede se balança, serenata pra acordar. Mesmo no alto de prédio na cidade grande, mesmo assim. Varanda é a janela maior, onde dá pra debruçar. É onde começa a visão, onde termina o interior da casa, num meio termo entre a gente mesmo, o nosso lugar e o lugar todo. Estranho que eu queria tanto uma, de frente só pro verde porque de concreto já basta o dentro-de-casa. Minha vista fica tão presa dentro da minha casinha pequena que parece vazia. Na varanda a criança se debruça; na varanda, onde o ar anda depressa, vai embora na conversa nossa pressa de ficar. Só fica a vontade de uma rede, estender almofadas, tocar músicas daquelas que enchem o coração de alegria, ter ao lado uma boa companhia, conversas leves e risadas sem fim. Se eu tivesse uma varanda, daquelas grandes que cercam quase a casa toda, com chão de madeira, não sairia de lá nunca, e ainda colocaria um sofá, que é praqueles que não gostam de sentar no chão ou pra eventualmente dormir por lá mesmo.

Além de mim, sei agora que outras pessoas espalhadas por aí também querem uma varanda, também querem uma rotina que envolva uma vista verde, música, assistir a chuva, contemplar a possibilidade de horizonte que a varanda oferece. Na varanda, onde a flor se arremessa, onde o vento prega peça, nos traz festa pelo ar.

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