segunda-feira, 12 de abril de 2010

durma, medo meu!


Medo eu tenho muitos. Medo de dormir sozinha, de ficar sozinha em casa à noite, de ir beber água de madrugada, de levar um tiro na cabeça na rua, de ter uma doença grave, de nunca conseguir dirigir direito, de ficar desempregada de novo, de perder meus pais, de não poder mais andar, de não ter dinheiro pra viajar no próximo feriado (ou fim-de-semana, já que viagens são tantas e muitas!!).
Medo de aos 40 descobrir que não sou mais feliz como era (sou!) aos 23, medo de não lembrar mais dos pedacinhos da infância, de perder no tempo minhas lembranças de caixas e diários. Sobretudo, tenho medo de que ninguém nunca seja capaz de me olhar e ver exatamente o que eu sou, desde louca - já que nunca menti pra ninguém dizendo ser normal - até carinhosa no fundo, no fundo. Meus medos se inter-relacionam, fecham-se todos no medo conspirador de não conseguir apreender a vida, eu, que sou agitação, loucura, insensatez. Medo de não ter mais momentos como ontem, pulos, bexigas roubadas, amizade sincera, tecidos e palhaços, brincadeiras, anéis perdidos e achados num espaço grande de concreto que parecia ser o quintal de uma casa de campo pra nós. medo, embora eu seja capaz de mover toneladas de mundo pra que esses momentos se repitam sem fim!
Por medo, eu não deixo de fazer nada. Medo existe aqui sim, mas orgulho não: deixar de amar, viver e me entregar só por medo de parecer idiota não é costume. Ainda mais depois de ter muito perdido por conta de um orgulho que não era meu, era tentativa dos outros de me fazer racional.
O medo só não pode cegar nem impedir. Medo, ao contrário, deve levar à vontade de libertação.

Assim como a saudade ou uma frase perdida, DURMA, MEDO MEU...

Um comentário:

  1. Prenda minha

    adoro o jeito com que fala assim bonito de coisas que ninguém- jamais- conseguiriam entender. sobre deixar a alma rodopiar na platéia, ver o sol que nasce no mar mais quente que um carnaval pode ter, alugar filmes que só nós alugariamos, incorpora-lo no vocabulário com as músicas romanticas, desvairadas e heterodoxas.

    Medo é um amigo, sentimento de preservação e aperfeiçoamento. mas esqueça-o. desencana flor, que a alegria, as bexigas, as danças, os sorrisos, somos nós que fazemos!

    Texto lindo :)

    beijoteamoumdiavouescrevercomovocê

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