sábado, 22 de novembro de 2014

do real - gnossienne



se desconstrua, me desconstrua, se quebre em pedaços, tudo que parece ser real. olha, a realidade eu apenas sinto. prova de que matéria menos há do que sonhos. sinto o real se fecho o olho, se deito a alma pra dentro, se deito os olhos pro que não dá pra ver com eles.

a realidade parece boba quando a gente sonha. o sonho duma consistência bem para-além de qualquer ciência e das possibilidades do corpo. e o corpo titubeia, porque se estranha em mim. porque não o sou. sou além: seja mais, seja menos, não somos o espelho. somos algo que talvez em nada se assemelhe ao ser que está na mente.

quebra os padrões, think outside the box, para de seguir assim, muda a rota, vira pro lado inesperado, nem pra esquerda nem pra direita, vira aleatório. não espera, parte agora, segue sem que seja preciso explicar, porque às vezes, quem sabe, o bom mesmo e o mais próximo do real é aquele que não se explica. 

por que só dois lados? porque 360 graus? e se eu te dissesse que há mais? há graus infinitos e nada se pode resumir num círculo apenas?

não sei se nenhuma nota do piano que eu escuto é. sei que elas todas, notas todas entram em mim numa profundidade de não-explicação que não é real.

a música duma tal linguagem i-real, su-real, para-real, para que se re-construa, se real-construa, realmente se possa ouvir as notas. deve haver música na realidade. e ela deve ser de um piano. piano deve ser o instrumento do mundo real. porque aqui, nesse não-nada real, faz ir encontrar com um algo de dentro que não se pode encontrar sem que antes alguém sente-se e componha e emparelhe notas e melodias e harmonize o som.

tudo que pede recomeço quando se dá voz pro que não fala. se dá chance ao que não pede. se renova e se concede. concede um olhar mais terno. conceda. conceda-se. conceda a si. conceda se sentir. mas só se sentir.

sinto notas tão rápidas e tão intensas vindas dos que eu sei bons mas não sei reais porque, distante dos olhos, difícil saber se existe mesmo. talvez tenha sido só minha viagem pra terra de oz. talvez seus sons que me deixaram torpes por minutos - vidas? tempo? - não sejam reais e talvez você não tenha existido a não ser por um momento em que eu precisei de você. precisei de um lunático na grama dançando ao som do que não poderia dançar.

éramos reais? porque eu sentia como se a razão da estrada de tijolos amarelos fosse mais a companhia do lunático do que o castelo de esmeraldas. e agora, em kansas, sei que fora tudo um sonho colorido das cores com as quais fez meu castelo. os sentidos se perdem no meio do tempo porque não há tempo, there's no such thing, e o sonho de que eu caminhava talvez tenha sido o mais real que eu vi. talvez a realidade seja a terra de oz e kansas seja só uma babaquice, só um jogo, só uma realidade paralela, só uma construção da mente. i wish i weren't in kansas anymore...

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