quarta-feira, 16 de julho de 2014

da criança


de pequeno, somos ensinados a não saber lidar com frustrações. sim, porque não há santo ou mãe-e-pai capazes de nos ensinar a não nos frustrarmos: frustrações haverá. haverá porque nós insistimos em criar expectativa. daí nada vem de leve. bom, de todo modo, lá vamos nós, protegidos pela sociedade protetora da criança-adolescente, quiçá do adulto que disso ficou bobo. pois bem. só que num dado momento viramos adultos de fato e continuamos na sede da expectativa. por vezes, a expectativa é de que alguém retribua nossos sentimento; outras vezes, de que se viva algo pleno ou perfeito; há, ainda, a expectativa de todas a mais egotista: de que o outro nos goste para além daquilo que nós mesmos podemos gostar e de que o outro nos jogue uma tonelada de confetes ao ego.
mas vem o não.
não, ele não vai retribuir seu sentimento. ela também não vai querer viver contigo de mãos dadas seguindo junto pelo simples fato de que com você ela não quer. quer outro, quer ninguém, quer nada. e, sobretudo e principalmente, ela não gosta de você o tanto que você queria que ela gostasse, mais do que você gosta, só pra inflar seu ego gordo.

pois é. cresçam, crianças. cresçam porque esperar é se frustrar e descontar a frustração no outro é balela. é a velha história de tacar carvão na parede, fazer até umas sujeirinhas no branco mas ficar todo cagalhado de preto, mão, rosto e coração. aceite. só aceite. abra mão. baita babaquice. 
caso se opte por não aceitar e manter o chilique, não ha problema. basta deixar pra lá, afinal, se trata de criança, e criança faz a birra, é da natureza dela. e não cabe ir atrás dela, não: deixe-a espernear pra lá, que uma hora há de passar. mas não sou mãe, não tenho paciência; então, quando passar, nem venha me contar, pois já não faz a menor diferença.
ah, o aprendizado bom de que as pessoas podem sempre ser mais babacas do que a gente poderia imaginar. ainda que saibamos o quanto alguém é, de fato, babaca, sempre achamos, por uma razão profundamente babaca, que conosco não haverá tamanha babaquice, afinal, somos especiais. ledo engano. o traidor trai qualquer um. se trai a cada passo que dá, inclusive. o leal é leal a todos, sobretudo a si mesmo. assim como o babaca é babaca em todos os âmbitos da vida e com todos que cruzarem seu caminho. mas, de todo modo, conforta a certeza de que quem mais perde com isso é o próprio babaca. é ele quem está constantemente infeliz. é ele que não consegue absolutamente nada daquilo que quer. é ele quem sorri pouco, não tem amigos reais e não constrói relações verdadeiras. ao invés de se perguntar pra onde vão as relações, por que não construí-las e valorizá-las? ora, simples. a resposta está na sua própria vida, que fora sendo embabacada por você mesmo ao longo do tempo. não, ninguém muda. somos os mesmo e vivemos como vivíamos em qualquer outra cidade, menor, maior, com mais ou menos gente.
grata à sua babaquice que me fez ver o quão fantásticos são os meus amores reais! :)

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