quarta-feira, 3 de julho de 2013

do bom proveito


certamente parte de que há de mais complicada na vida é saber, de fato, qual o valor de cada coisa.

o valor do nosso corpo, da nossa emoção, do nosso pensamento. talvez se descobríssemos o valor, atribuiríamos alguma qualidade....

a qualidade da mente, de certa maneira, influencia diretamente a qualidade da emoção e do físico - muito embora não determine.

o tempo não existe dessa forma dividida, em minutos, anos, segundos, milênios, como um objeto, ou um objetivo. mas é inegável que vivemos, ora, e que há deslize, há eventos. tempo é vida. dar metade do dia a uma atividade mecânica é desamar a vida. desgastar-se por anos em algo que não ensina nem agrega é desrespeitar e limitar as próprias experiências. o tempo/a vida e a maneira como ele é usado determina, sim, a qualidade de nossa mente, emoção e corpo, e nos proporciona uma gama determinada de experiências. 

de certa maneira, escolhemos as experiências pelas quais vamos passar. nossa mente recebe informações, as concatena, emaranha, enraíza de tal modo que nos desencadeia uma emoção condizente com a forma como recebemos tais informações. a chuva não é o que é - embora seja. ela é, mas é revista dentro de cada um que a sente. pode-se sentir chover e blasfemar, porém pode-se sentir chover e se alegrar, encarando isso como um fato imutável e aceitando que, naquela hora, deve-se dançar na chuva pra receber o sol quando voltar. bom, o importante é a compreensão leve de que determinamos muitas das situações que nos acometem. vibramos energias, sensações, que atraem fatos naquela frequência.

daí já parece mais claro o quadro: o caminho que escolhemos nos faz restringir as experiências. claro que, se algo for realmente necessário ser vivido, o Universo dará um jeito de trazer a nós. mas, se restringirmos muito nossa vida, certamente será bem mais complicado adquirir experiência.

pensei por esses dias como é a realidade paralela em que eu ainda trabalho no banco, ou que segui como secretária de executivo babão. como sou lá? será que sou feliz? talvez seja, sim, de felicidade aparente, daquelas que finge tão bem que chega a fingir que é a dor a dor que deveras sente. talvez viva num mundo de aparência sem saber, talvez esteja com véu lá. talvez tenha percebido só um pouquinho depois... mas tem uma realidade em que eu li, escrito na estante de caneta preta, que a vida estava pra cá da internet e lá mesmo abri os olhos e passei a viver. 

e se eu tivesse feito outras escolhas? a história não é feita de 'se', ela é o que é, foi o que foi e pronto. aceito. mas não me furto a ter lapsos de de pergunta besta e de visualizar uma bruna ao longe, de chapéu de ponta, à la machado. 

se hoje trabalhasse num banco ou numa empresa, reduziria minha possibilidade de andar absurdamente. não teria as melhores viagens, as melhores andanças, o tombo na cachoeira, a noite mal dormida, o sono na praia, as praias e tantas praias, os mercadinhos, os encontros fortuitos [que de fortuitos não têm nada nunca], as pessoas mil que tornaram um dia mais bonito, uma paisagem mais festiva. pessoas que só cruzaram 10 minutos meus, contaram uma história que me lembro como se fosse a minha própria vida, de tanto que ensinou. 

ser viajante pode ser um sonho utópico, pode ser tipicamente irresponsável e inconsequentemente infantil. mas tenho notado que sou sonhadora, utópica, irresponsável, inconsequente e infantil. uma maçã e uma garrafa de água na bolsa, uma estrada nos pés: parece que isso que me basta. uma noite de sono pode ser dormida em qualquer canto, ela é uma noite, afinal. os caminhos, são tantos, eles precisam ser percorridos, e eu tenho pressa, pressa de viver! ter pressa não é passar rápido, nessa pressa que se vê de chegar n'algum lugar: é pressa no sentido de não perder segundos - embora eles não existam -, fazer as experiências virem, em outros céus, em outros solos, pra lá, sem parar, sem fim.


Um comentário: