sábado, 16 de junho de 2012

diário de bordo - parte V

só porque era dia livre, começou com uma chuva que só vendo... mas enfim, saí mesmo assim, dei uma pernada pelo bairro, perdi tempo até demais conversando com dois caras - um gringo e outro fazendeiro -, e prefiro que me roubem as roupas que meus preciosos minutos. enfim, eles só queriam ajudar - e apreciar um pouco, talvez, homem vai ficando velho e vai ficando bobo, é capaz de dar a senha da conta pra qualquer menininha que aparece. bom, a chuva foi se dissipando e então decidi fazer o passeio que eu já tinha em mente: fui pra praia do flamengo.
a intenção era conhecer a praia, ficar sozinha um pouco, eu e o mar, eu e o fédon, numa bela e íntima conversa sobre a imortalidade da alma. aí escutei alguém dizer que era muito tempo pra se perder, moça, eu que não perco meu tempo duas horas num ônibus enquanto poderia estar fazendo outra coisa. tolinho. quisera todos entendessem a filosofia do caminho. quando não se tem objetivo, e se o ônibus quebrar no meio da estrada, tá tranquilo, afinal, onde mesmo se queria chegar? o caminho é lindo, praias, vida, movimento na água, no céu, na chuva que vinha e ia, vinha e ia. como pra mim cada instante É a viagem, parti pra minha introspecção quase casmurra. e além disso não adianta querer que alguém entenda o quanto eu GOSTO de estar comigo. vão entender que sou introspectiva. não. ou sim. foda-se. sou qualquer coisa se eles queiram, mas por favor tenha o bom senso de entender quando eu digo que não gosto de gente em volta de mim.
no ônibus, um doce cobrador chamado diego foi me falando o nome das praias e, embora eu quisesse mesmo ficar sozinha e apreciar, não chegou propriamente a me irritar. ele era bem bonitinho e simpático, não tinha discurso do eu como a maioria das pessoas, era simples e ganhou meu coração!
chegando lá, fui ter com uma grande nuvem great gig in the sky, vinha, e eu fiquei medindo a distância que ela se aproximava nas linhas de platão. quando já bem alta, supus que ela desabaria na minha cabeça e resolvi voltar.
fui caminhando pro ponto de ônibus e me acompanhou o marcos, moço bom, inteligente, surfista desde os dez anos de idade e que tem a bahia nos olhos e no coração. muito bela a conversa, não pesou, não me irritou, e ainda me mostrou o banheiro mais próximo. fui convidada pra uma cerveja mas, casta que sou - e de coraçãozinho cheinho cheinho de um certo moço aí -, não aceitei, agradeci, e sobre meu telefone eu disse que não era afeita a modernidades e não tinha telefone. é meio arrogante dizer "putz, não rola, não sou solteira". porque às vezes, vai saber?, realmente era só uma cerveja e mais boas conversas sobre a vida, sobre salvador, sobre política e educação e o homem como indivíduo e blá. acho que ele entendeu o recado. mas era uma boa pessoa.

aí perdi o ônibus, tive que correr pra pegar lá do outro lado da avenida, lá na frente, sob uma garoinha - o céu que ladra não chove... e o caminho, mais um tempinho fazendo o caminho da borda do mar, sentindo cada energia, de olhos abertos pra dentro, lembrando do meu coração de côco que me ensinou a aquietar a mente.

e vamos à parte final...

Nenhum comentário:

Postar um comentário