quinta-feira, 22 de outubro de 2009

blue nails

Quando se encerra uma etapa na vida, a primeira vontade da mulher muitas vezes é cortar o cabelo. Ou tingir, ou pintar as unhas de uma cor divertida e inédita, ou qualquer coisa na aparência que denote essa inauguração.

Eu cortei meu cabelo poucas semanas atrás; logo, não vou gastar dinheiro de novo. Já comprei todas as cores divertidas de esmalte que há no mundo e tem me feito bem desfilar com as unhas azuis, cor-de-rosa, amarelas, verdes... Mas ainda me parece pouco, eu quero gritar, comprar biquínis novos - não que eu já não tenha feito isso -, mudar de endereço e de nome...

A simbologia é funcional muitas vezes: o simples fato de se olhar no espelho e se ver outra, mudar as rotinas, os horários, mudar a linha de ônibus e ver novas árvores (ou viadutos, pra quem mora em são paulo). E isso tudo eu aconselho: se encerrou algo ou alguém na vida, expressões simbólicas dessa mudança encorajam a dar ênfase a novos trilhos. É que mudar é complicado, mesmo porque parece bem mais simples, por vezes, manter as coisas como estão, sem mobilizar recursos.

Na verdade, a pior situação mesmo me parece ser quando as coisas mudam sem que você queira, sem que você espere e, diante de um novo contexto, nada se pode fazer: você tem de mudar. Aí vem à mente como as coisas eram antes, as lembranças, os sentimentos que não morreram mas que você vai ter de matar. Tem de matar, fazer o quê? Não se tem escolha nesses casos. As mudanças simbólicas já parecem pouco, as imagens todas lembram algo que não existe mais, e você (eu) não entende porque é o único que lembra, o único que remói, que quer de volta e vai querer sozinho... Lembrar sozinho é uma droga mesmo, mas sempre acontece, não sou a primeira-nem-a-última-nem-a-única.

Ter paciência é tão, tão difícil quando se é ansiosa, nervosa, rápida, louca, gritona, escandalosa e cheia de cores explosivas. Dá vontade de pular o tempo, fazê-lo passar logo, acelerar, fechar os olhos... só que não dá, e no fundo eu sei disso. Eu tento respirar, seguir leve e levar a vida assim.

A gente tem na vida tudo que precisa pra continuar sendo feliz. Tudo. Parece banal por ser música de fácil aceitação e regravada pelo Daniel recentemente, mas é verdade: "cada um de nós compõe a sua história e cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz."

Eu espero... e espero...

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