segunda-feira, 26 de outubro de 2009

aves de verão


23 anos, parece pouco? Mas já é suficiente pra eu ter sido tomada por sentimentos tão distintos quanto bons cada um em si.
Na verdade, aprendi recentemente que nomear o que sentimos é ineficaz. Afinal, nomear limita, e corre o risco óbvio de tomar o significado que o ouvinte atribui ao termo dito. Eu defino paixão de um jeito provavelmente diferente da maneira como cada leitor aqui define. Por isso, é menos arriscado simplesmente sentir e se abster de classificação.
Pois bem. A paixão às vezes me parece ser só a vontade: de beijar, ter o braço, o abraço forte, o olhar bem de perto, o cheiro da pele quando sai do banho. Faz um bem danado, se sofre quando a pessoa vai embora, a alma mortal da gente só tem calmaria quando perto do apaixonante. É bom e ruim, gostoso e mortificante. Ao mesmo tempo que causa um êxtase tremendo, traz angústia também, curada só quando se abraça, aperta, morde, sente, cheira. A paixão é tão física que irrita, domina, mastiga cada parte da nossa mente fazendo com que a razão não seja nada, seja até mesmo chata quando tenta se fazer presente. Não há racionalidade nenhuma e nem se sente falta dela. Importa o momento de prazer, de ternura, de sentido.
É, paixão é puro sentido. Os corpos se encontram e, mesmo com contendas, com discussão, ao menor sinal de carinho derretem-se os dois e voltam juntos pra casa cantando qualquer música que ordene aos dois que estejam juntos e levem o outro aonde for. Por onde for.

Tem ainda beijos na chuva, com chocolate, as horas infindáveis nos lençóis a explorar cada canto da cama e quebrando copos, se encontrando os olhares em harmonia física que cria em volta uma atmosfera que até engana ser amor, mas não se sabe, nem se quer saber. Tem volta no centro, comidas que se apresenta a ele (ela), violões que tocam juntos qualquer música que remeta ao passado comum dos dois, se há. Vozes que se encontram, se destoam, se afastam e agora afastadas, afastadas.

Amor não. Amor vem depois, vem junto, não vem e, se não vem, tem-se um problema. O amor começa e termina num bolero, como já disse.

Chuva forte de céu cinza num lugar que há em todas as estações e casas o rosto de uma paixão que eu tive e que se foi, como tantas outras às quais eu já disse adeus. E não aprendi ainda, mas tenho que aceitar...

Um comentário:

  1. Eu leio você com meu coração. porque conheço seu jeitinho de falar palavras difíceis, piscar o olho esquerdo quando está falando algo sério, sério e sempre sincero. sua coragem de criar e concluir assuntos que meros mortais jamais se atreveriam. Sonhamos, rimos e choramos como senhoras de setenta, mas minha flor, temos alma de criança e coração inocente, incorrompível. porque eu não vou deixar um mano qualquer roubar a esperaça, nem minha, nem sua.

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