domingo, 18 de outubro de 2009

fundo-de-quintal

eu chorei, essa noite, com uma música. porque ela me lembrou e me levou de volta pra uma boa época, e eu vi que sinto saudades demais de quando era tudo daquele jeito. eu vivia no livro do bentinho, eu era a capitu, era cigana. eu me sentia menina bem mais do que mulher, eu estava sempre em companhia de amores que eu tinha, eram fotos, palavras, músicas, sons, conversas, risadas. a verdade é que, se eu pudesse voltar atrás, teria tentado apreender aqueles dias leves. mas não tem como deter os dias, e eles passaram pra mim, de modo que hoje eu sou a única que lembra, e é aqui na minha casa que estão todas as marcas, as lembranças-laranjas-controle-remoto-travesseiro-corda-cone-placa-côco-garrafinhas-de-licor-de-brotas. A maioria delas no fundo do quintal.

eu sempre acreditei que, mesmo se uma amizade acaba, esmorece, não deixa de ser eterna e válida dentro daquilo que construiu. mais de uma vez eu perdi amigos, e alguns, confesso, fazem falta até hoje. isso porque o lugar de cada um deles é insubstituível, e fica lá vazio quando a pessoa vai embora. que nem a minha estrada aí, vazia. mania que tenho de fotografar a estrada que vou deixando pra trás. se tivesse como prever, teria ficado até mais tarde acordada tocando violão perto das escadas de bauru, teria tomado aquelas cervejas mesmo quentes, teria pulado na piscina também, teria tomado mais café, teria cantado mais raça negra...

as músicas vão ecoar sempre, sempre e trazer à mente uma estrada longa e chuvosa que levou a um lugar dourado.

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