quarta-feira, 30 de maio de 2012

do querer

caramba... e não é que passamos a maior parte do dia/da vida QUERENDO alguma coisa?
enquanto andamos na rua, estamos querendo chegar em algum lugar. nunca é uma andança livre. aí chegamos. e todo o caminho ficou pra trás sem que nem olhássemos pra ele tampouco aprendêssemos com ele.
e olha que se trata dum exemplo bobo. em âmbitos maiores, é o mesmo que se dá. o querer nos tira da ação presente e projeta toda a alegria prum momento posterior.

aí tava pensando cá com meus botões. se eu plantar uma macieira, posso estar louca querendo comer uma maçã que pouco importa, a macieira não vai acelerar seu passo pra me agradar. ela vai dar os frutos no tempo dela, no tempo natural. a mesma coisa o sol: por mais que eu queira que o sol nasça logo, a madrugada só vai embora na hora que ela naturalmente vai e cede posto ao dia. e ainda assim o sol pode teimar em não aparecer, pra contrariar minha vontade. se fato é que devemos nos espelhar na natureza e estar em harmonia com ela, ora, então também nada se deve querer especificamente das situações. quando muito se quer, acabamos por não SER, nem VIVER.

o mais louco de tudo é quando se aplica às pessoas. imagina só querermos algo de alguém? querermos que alguém seja de um jeito ou de outro? ó a minha lição aí! na singularidade de cada um, cabe a nós amar, aceitar, sem querer que ele mude, faça isso ou aquilo. deixemos o outro simplesmente ser! sem projetar qualquer estereótipo do que queremos - mesmo porque nós nem sabemos bem o que é e o que não é o correto para nossas vidas. as experiências que temos são as que temos de ter. as pessoas que nos cercam e cruzam nosso caminho só são capazes de nos dar lições e ensinamentos por serem exatamente da maneira como são e assim como nós estarem em constante mudança e aprendizado. me pego às vezes querendo que fulano fosse mais calmo, ciclano fosse mais atencioso... mas, caramba, e eu? será que eu sou exatamente do jeito que cada um dos meus amados quer que eu seja? claro que não... e isso não deve frustrá-los, assim como o fato de eles serem quem são não pode me frustrar.

é difícil se dar conta, é dia após dia, é um vigiar constante. é não querer, é simplesmente respirar e fazer como eu sempre fiz com minha flor de jasmim a caminho de novos cantos do mundo que íamos conhecer: a gente se joga no início de tudo, no arrumar a mala, que é divertido demais, no não-dormir pra sair cedinho, no caminho pra rodoviária que é o passeio mais incrível do mundo, no ônibus de viagem ou no trem com tantas risadas que a gente esquece pra onde está indo.

isso também se dá quando há, pra além de encontro de corpos, encontro de almas, e que eu tenho aprendido, tão sutil, tão belamente com minha paz:

"Permaneça no presente, desfrute o encontro de dois corpos, de duas almas. Fundam-se um no outro, dissolvam-se um no outro, esqueçam-se de que vocês estão indo a algum lugar, permaneçam no momento indo a lugar nenhum, e se fundam."
Osho

Um comentário:

  1. Taí uma coisa que agradeço muito ter aprendido com você! Mais importante do que conquistar um objetivo é o caminho que percorremos até ele, pois é aí que vamos aprender, amadurecer e, sobretudo, viver! Até chegar a ele, podemos ter mudado tanto, que no fim ele pode nem ser mais o mesmo... mas, e daí? O importante é deixar-se descobrir, no mundo e com o mundo, com o que ele tem de mais lindo pra nos oferecer e que só veremos se nos permitirmos. Adorei o texto! =)
    Saudades de vc!

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