sexta-feira, 25 de maio de 2012

da família

hoje é aniversário do meu pai. o da minha irmã foi há 3 semanas e o da minha mãe, há um mês. como pode-se ver, minha família toda (que é pequena assim mesmo) comemora os outonos em datas bem próximas. só eu que tô lá deslocada no inverno - com a graça do Universo, fugi de ser taurina...

bom, nessas datas a gente aproveita pra ressaltar as qualidades, dizer que ama e coisa e tal. mas minha família sempre foi meio afetofóbica, pouco afeita a carinhos e abraços e palavras de amor. claro, como não poderia deixar de ser, eu sou exatamente assim também. não gosto que me encostem, detesto cumprimentar com beijo no rosto cada uma das almas que estão num lugar - sou adepta ao OI geral que você não precisa nem chegar perto de ninguém. às vezes é meio ruim ser assim, mas no geral eu adoro e me aceito sem grandes questões.

bom, voltando à família pra não perder o foco. já tem quase 10 anos que nós não moramos juntos, os 4. nesses 10 anos é que eu realmente me conheci, porque antes eu era só uma reprodução dos meus pais, como é toda criança.
conforme o tempo foi passando, completamente sem querer, eu me pego em atitudes que via neles no passado. hoje eu olho a chuva quando ela cai e entendo a minha mãe, que ficava na varanda do apartamento hooooooooras a fio com sorriso de boba. ela tinha um costume que eu, na minha ridiculice de criança, detestava: saía de casa carregada de sacolas, com livro, revista, blusa, toda sorte de bugiganga, e um guarda-chuva maior que eu (na época). putz, aquilo me dava um desespero, achava feio e chato. aí hoje saio eu, toda esculachada, CHEIA de sacola e com um guarda-chuva que além de ser faraônico ainda é vermelho-tomate. e simplesmente NÃO ESTOU NEM AÍ! e entendo que minha mãe deveria pensar exatamente o que eu penso hoje: "que cada um vá pra puta-que-o-pariu se achar feio". simplesmente não ligo pra estética dos meus passeios.

não tenho certeza, mas suponho, pelas fotos que vejo, que meu pai era bem parecido comigo quando era novo. viajava bastante, se jogava na vida. em algum momento - deve ter sido quando teve filho, faz sentido -, o curso mudou. mas antes parecia ser assim. e se for mesmo, ele aproveitou pouco, porque foi pai com a idade que eu tenho agora e, sinceramente, falta muitooooooo ainda pra eu correr de mundo antes de me responsabilizar por alguém. acho que veio dele essa liberdade toda, essa vontade de andar em estradas novas toda hora - porque, se pudesse, eu certamente agora estaria numa trilha desconhecida.

o importante é deixar claro que, embora não pareça e embora eu nem fale nunca, eu amo cada um deles! claro, amar de longe é fácil, e quem não gosta de coisas simples? pra amar, não precisa estar grudado. aliás, em muitos casos, estar perto é pior. o amor não está nos olhos, afinal...

Nenhum comentário:

Postar um comentário