terça-feira, 22 de maio de 2012

à castidade - parte II

não economizo palavras pra dizer que não me sinto parte dessa juventude aí. devo ter uns 80, 82 anos. e adoro ser assim, sem falsa modéstia...
agora eu inicio mais um período daqueles que as pessoas encaram como entre-histórias e eu encaro como simplesmente a continuidade da vida. e nessas horas eu não sinto vontade ALGUMA de ter nada com ninguém, nem affair, nem porra nenhuma. chamo de 'castidade', mas não no mal sentido. é uma castidade de purificação, a mim mesma, que preciso - e não vem de fora, ninguém me disse que é assim nem li em canto algum: meu coração e meu corpo também sentem assim. é como se fosse um período de desintoxicação. enquanto tem alguém ainda no processo de ir-embora do meu sentimento, não traio a mim mesma tentando nada que seja menos do que era antes.
castidade pode parecer um termo forte, carregado de tradição religiosa e de interpretações martirizantes e sacrificantes. não quero dizer nada disso! não tô sofrendo, não vou sofrer, não é um martírio! é que relações vazias nunca me agradaram e não me conferem prazer nenhum, nem uma conversa vazia, nem um beijo vazio nem nada que não tenha um cerne bonito.
conforme o tempo passa, a tendência é que a gente vá aprimorando os critérios e, de certa forma, melhorando nossas escolhas, sobretudo no que diz respeito a relacionamentos. e ficar exigente não é ruim; deve-se escolher, oras! tudo: o que se ouve, o que se vê, o que se come, e por que seria diferente com as pessoas ao nosso redor? sou de poucos amigos, não tenho tempo pra conversê, gosto de fazer valer meu tempo. e, na boa? como eu amo minha companhia! acho a melhor do mundo! tenho total liberdade comigo mesma, posso agir como eu bem entendo e se eventualmente eu errar comigo, peço desculpas a mim e aprendo a lição. e como não guardo rancor, me perdoo logo e sigo seguindo!
não gosto de nada vazio. ainda mais beijo, toque. no meu pensar 'conservador' (fui forçada a usar essa palavra por falta de uma melhor, mas não entendam como 'quadrado' ou 'antiquado'...), são coisas tão, mas tão íntimas, e tão profundas, que só devem existir se há afinidade, verdade, olhares. não estou dizendo que precisa durar TEMPORALMENTE; pode existir por 24 horas, mas tem de ter sido verdadeiro e sobretudo tem de ter tido encanto. não encanto-desejo, encanto-corpo, encanto efêmero: encanto-alma!
sempre estranhei tantos comentários a respeito do quanto é bom ficar solteiro e sair por aí piriguetando e coisas assim. não sei dizer porque, mas eu não sinto desse modo. entre sair pra gandaiar e gastar minha mandíbula com alguém que não represente nada, prefiro sem pestanejar fazer algo de produtivo. estudar é produtivo. rir até cansar com um amigo de verdade é produtivo. assistir LOST é produtivo.
engraçado que talvez por isso eu sempre tenha tido sorte e encontrado ao longo do caminho ótimas pessoas pra se caminhar! dessas que mesmo depois que passa ainda têm grande lugar no coração e serão minha família sempre.
caramba, curar um amor com atos vazios tá longe de ser o que vai me fazer me limpar do que passou. só gasto 10 minutos que seja da minha atenção com algo que valha a pena tanto quanto valia estar do lado de quem eu gostava. menos que isso? putz... como eu gosto de ficar sozinha!
e as pessoas sentem - dá pra notar! - que quando você gosta de ficar sozinho ou passa muito tempo longe dos holofotes, é porque não tem nada pra oferecer e ninguém te gosta. nossa, nada poderia haver de mais errôneo! gostar da solidão é só ter aprendido que tem hora pra tudo debaixo do céu. as relações de hoje são superficiais, então bom mesmo é cultivar aqueles que passaram no teste do tempo e sobretudo cultivar a SUA própria vontade de ficar do seu lado!
nosso tempo de vida é nada menos do que a NOSSA VIDA. gastá-lo significa ir morrendo, ir matando a vida e a capacidade que nos é dada, aqui, de evoluir, de conhecer belezas, aprender, aprimorar, ser feliz, simplesmente! já que finalmente, depois de MUITAS tentativas, finalmente decidi parar de gastar minha vida com quem não me valoriza o suficiente e com gente egoísta em pele de bom-moço, óbvio que não vou perder meu tempo com coisa pouca.

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